Recebi há pouco a brutal notÃcia de que o meu amigo Jaime Zucula morreu num acidente de viação.
Noivo no meu livro sobre o “Lobolo em Maputo”, conheci-o como extrovertido operário da Mozal e depressa nos tornámos amigos daqueles bem próximos, de boas e más horas.
Neto do último régulo do Xipamanine, mandado como operário de ferrovias para a ex-RDA, foi desenrascando a vida como podia ao longo de muito tempo, até conseguir um trabalho estável e razoavelmente bem pago nos últimos anos.
Uma vida cheia, cuja narrativa há muito adiada não poderei, agora, deixar de apressar.
Mas também absurdamente curta, e obscenamente terminada quando, por fim, conseguia ir a pouco e pouco construindo com orgulho a sua casa na Machava-Socimol, dar melhores condições de vida à famÃlia.
Este tem sido um ano terrÃvel, cheio de morte e perda.
Hoje, de novo, sinto vontade de não ser ateu, para poder ter um deus com quem reclamar.
Mesmo não o conhecendo, suplico a Deus que tenha misericórdia da sua alma, e que nos seus últimos momentos o Tenha Reconhecido como Deus e Salvador. Quanto a si, ainda é tempo de se chegar a Deus, e Ele restaurará a sua vida. Um bem aja.
Quanto ao Jaime, era um homem moderadamente religioso. E anglicano praticante.
Quanto a mim, agradeço as palavras e a preocupação, mas não foi uma opção tomada (há mais de três décadas) de forma leve em termos racionais ou emocionais. Contudo, repito, bem haja.
Obrigado. O facto de termos identidades diferentes não nos deve impedir de podermos partilhar os nossos sentimentos, sem radicalismo. Mais uma vez um bem haja.