A meu lado, José erguia um ramo de flores. Atrás de mim, o Coro da Achada cantava como se fosse livre de cantar na rua. Por todo o lado, gente de todas as idades, indignada e pacÃfica.
Saibam, senhores, que há gente vê “firmeza†e “serenidade†numa agressão aleatória ao seu próprio povo.
Saibam, senhores, que é essa gente que vos governa.
Saibam, senhores, que o sangue dos vossos iguais ainda ferve nas ruas que hoje pisais.
Nós não fugimos. Com a sorte da cabeça intacta abraçados aos que vertiam sangue. Com a dor da cabeça em sangue abraçados aos que choravam incrédulos. Com as lágrimas dos que choravam abraçados aos que gritavam animais-filhos-da-puta-assassinos-selvagens.
Nós não fugimos. Fomos expulsos, coagidos, ameaçados, agredidos mas nós não fugimos.
Soubemos que do outro lado, noutras ruas, outros como nós eram perseguidos e agredidos um a um – autêntica guerrilha urbana – e não fugimos. Num canto mais calmo, menos numeroso, é certo, mas não fugimos. Vimos raiva nos olhos escondidos pela viseira do capacete, vimos o desespero de alguns polÃcias “vão-se embora daqui, por favorâ€, impotentes, contrariados, possuÃdos por instruções de violência.
Nós, a multidão, não agredimos nenhum polÃcia, tentámos convencer quem o fazia a parar. Eles viram. E agradeceram de um modo muito peculiar.
Nós não fugimos do nosso destino, do nosso futuro, mesmo que – no imediato – o futuro tivesse a forma de um bastão, mesmo com sangue a descer a face, nós não fugimos e havemos de fazer um paÃs.
Não fugimos da dignidade, em nome da menina que chorava sôfrega de pânico. (Ela não fez nada!)
Não fugimos da justiça, em nome do rapaz em sangue que perguntava insistentemente “porquê, porquê?â€. (Ele não fez nada!)
Não fugimos da verdade, por nos terem expulso da nossa própria casa com um aviso mudo de dispersão com cinco minutos de antecedência, que soube pelas TV´s. (Nós não ouvimos nada!)
Não fugimos do compromisso de vos derrotar senhor governo, em nome das duas senhoras de 60 anos derrubadas e pontapeadas sem critério. (Elas não fizeram nada!)
Hoje, as bastonadas continuam: pedradas record de desempregados, pedradas record de impostos, empurrões e pontapés nos custos de saúde, educação…
Amigos autoritários, não tereis alternativa senão a derrota, a queda monumental. Não vamos fugir mas temos um audacioso plano de fuga: vocês saem silenciosamente. Nós ficamos a construir um paÃs.
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Querem meter poesia na violência que vocês provocaram. Realmente vocês utilizam todos os estrajemas para justificarem as vossas acções de terror.
Peço desculpa, mas leu o mesmo texto que eu? Responsáveis pela violência e criação de terror? Esses senhores a que se refere não estavam na rua, nem de um lado, nem do outro. Esses senhores entretêm o povo “jogando-o” uns contra os outros como marionetas. Pergunte-se o que queria realmente quem lançou pedras, pois a grande maioria do povo que ali estava, apenas reivindicava os seus direitos. Poetizar o diabólico? Não, apenas metaforizar. Vergonhoso é ainda justificar a actuação brutal e generalizada das “gentes” contra as gentes”. É também humanizar o que não foi mais do que a acção polÃtica criminosa que não se coÃbe em usar povo para destruir povo que se indigna com a violência, altamente refinada, ou já nem isso, de quem nos (des) governa. Pense nisso Jorge, se lhe fizer sentido…
“Nós não fugimos†???
Então não se queixem. Pois eu já fugi que me lembre pelo menos duas vezes. A última vez foi no Terreiro do Paço, onde apesar de fugir não fui suficientemente rápido e acabei por apanhar umas valestes chibatadas na zona dos rins… foi na cena dos Secos & Molhados.
Aprendi à minha custa que se não quero ficar todo pisado tenho mesmo que acatar as suas ordens.
O que nunca fiz foi ir para a confusão e depois queixar-me. Conheço as regras do jogo: quem vai à guerra dá e leva.
Primeiro parecia um chá dançante – que se espera do inmigo que não o ataque? – feito de indignações. Agora parece um sarau de poesia – obscena estetização. Revoluções de veludo só ao contrário.
Os revolucionários gerados nos ovos deixados por Durão Barroso, Crato, Lopes e um nunca mais acabar de neo-fascistas atingiram os seus objectivos. Jornais, rádios e televisões têm passado horas a falar desses arregimentados ignorando a GRANDE GREVE GERAL.
Quem são os que aparecem de rosto encoberto? Os serviços da Administração Interna sabem quem são,é o função dos polÃcias à paisana que acompanham as manifestações. Essa vossa conversa já é velha, vem do Maio68.
Os descendesntes de DURÃO BARROSO, NUNO CRATO, SANTANA LOPES, JOSÉ MANUEL FERNANDES, FERNANDO ULRICH, RICARDO SALGADO, JOE BERARDO,
ANA GOMES, FERNANDO ROSAS, JOSÉ LAMEGO, VITOR GASPAR, MARCELO REBELO DE SOUSA, JORGE COELHO e muitos, muitos mais, continuam a fazer o mesmo trabalho sujo. Não lhes peço vergonha porque os seus patrões também nunca a tiveram e estão bem instalados na vida.
Pelo teor dos comentários deixados até agora, parece que vocês são bastante lidos pela polÃcia. A perseguição não pára.
Realmente o texto é bonito…mas ridÃculo dada a realidade ontem vivida. Velhos ou novos, ricos ou pobres, quem a dada altura permaneceu em frente ao Parlamento estava a associar-se ao bando de criminosos que se dedicaram durante demasiado tempo a apedrejar e a insultar. Como não me revejo nos mesmos e por ser realmente pacÃfico, abandonei o local a bom. Eu também não fujo…à realidade. A qual para os senhores é algo de paralelo.
Que triste povo o meu! Pelo menos alguns! Viram-se contra os seus iguais… colocam no mesmo saco uma minoria vandalizadora e uma maioria que reivindica os direitos e um futuro que lhes esta a ser roubado. Revoltam-se com os policias a serem apedrejados? Também não concordo e também não concordo num ataque que todos os manifestantes pacificos foram alvos. Não me retirei quando vi pedras a circular? Pois não, mas estava na linha de trás, nada tenho a ver com esses indivÃduos. Tenho a consciência tranquila nao agredi ninguém, por sua vez fui agredida. Tal como tenho sido agredida todos os dias e roubada pelo Estado que nos governa. Apenas luto com pacifismo pelo meu futuro, futuro que me esta a ser roubado.
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