A greve dos estivadores contÃnua a não furar o bloqueio da comunicação social porque a solidariedade com ela (ainda) é pouca. É uma greve exemplar para todos os que em Portugal vivem do salário: são trabalhadores com direitos que lutam para não perder os seus direitos e evitar a precariedade, deles e dos outros; são abertos à participação conjunta com os movimentos sociais e os protestos de precários e desempregados e, num espÃrito realmente unitário, juntam-se a todos os protestos; fazem não só reivindicações económicas (seus direitos) mas polÃticas (exigem a queda do Governo e o fim da Troika); são radicais e inovadores nas formas de luta; são um pau na engrenagem na estratégia da Troika de destruir o consumo interno e tornar Portugal um paÃs atrasado centrado nas exportações.
Uma inverdade tantas vezes repetida é a de que historicamente o neoliberalismo está associado à queda da URSS. Ora o neoliberalismo, caracterizado pelo modelo just in time – não pode haver stocks de mercadorias e força de trabalho –  nasceu no final da década de 70 e ao longo da década de 80, antes da queda da URSS. E só foi possÃvel, esta é uma hipótese em aberto que tenho tentado testar com outros colegas, por dois factores. A derrota de categorias simbólicas e centrais para o movimento operário: mineiros na Inglaterra, controladores aéreos nos EUA, operários navais em Portugal; e aceitação, por parte dos sindicatos, na sua esmagadora maioria, de negociações que implicaram conservar direitos para os que ficavam (conservar direitos, dar reformas antecipadas que recaem sobre a segurança social, etc) em troca de tirar os direitos aos que entravam (sub contratados, precários). Ou seja, a existência de um modelo de coexistência pacÃfica entre ocidente e a URSS, que levava os sindicatos, afectos aos PCs ligados à URSS e à social democracia no norte da Europa, a confiar no Pacto Social – exploração sim mas com direitos adquiridos. Não lograram compreender, sindicatos e sectores médios, no auge dos anos 80, que a nossa precariedade seria também a sua precariedade e que, a médio prazo, estariam em frente a uma crise do próprio sindicalismo, desacreditado aos olhos daqueles, os mais jovens, que nada conseguiram. A primeira grande crise económica depois do fim da URSS pode lentamente abrir portas a um sindicalismo mais combativo,  mais radical, que não se limita só à s reivindicações económicas mas que tem na luta polÃtica estratégica a possibilidade de ganhar no terreno económico.
A única greve nacional parcialmente bem sucedida desde que entrou o programa da Troika foi a dos médicos. Percebemos, naquela greve, que querendo, os médicos conseguem o que querem porque o regime de acumulação não aguenta uma greve nacional de médicos. Mas, enquanto os médicos faziam greve pelos salários deles, contra a subcontratação e salvando assim o SNS, nós louvávamos os mineiros que chegavam a Madrid. Fomos mais solidários com Madrid do que com os médicos ao nosso lado.
Quantas vezes na vida as nossas oportunidades estão à nossa frente e não as vemos. Bem hajam estivadores, pelos vosso direitos – todos – e pelos nossos.
Eu,de jornaleiros,nutro um grande desprezo por essa casta disssimadora da MENTIRA,órgão de doutrinação da ignomÃnia,da pulhice,da vulgaridade.A minha solidariedade abaixo de zero para esses ‘padres’.PQP!!!!!!
P.S.:Salvo honrosas exceções que se contam pelos dedos das mãos….
raquel eu que até a admiro fiquei estupefato com a sua analise em relaçao ao que diz ser o abandono dos sindicatos aos trabalhadores precarios em nome de um pacto social que que vingaria com uma suposta paz na guerra fria o que nao é verdade,os sindicatos da cgtp nunca trocaram os direitos dos mais jovens pela estabilidade dos mais velhos,,estes sao resultados de uma democracia burguesa cujas populaçoes nao criaram ainda condiçoes para destruir