“As almas filantrópicas poderiam então facilmente julgar que existe uma maneira artificial de desarmar e derrotar o adversário sem verter demasiado sangue, e que é para isso que tende a verdadeira arte da guerra. Por mais desejável que isso pareça, é um erro que é preciso eliminar. Num assunto tão perigoso como é a guerra, os erros quanto à bondade da alma são precisamente a pior das coisas. Como o uso da força fÃsica na sua integralidade não exclui de modo nenhum a inteligência, aquele que se utiliza sem piedade desta força e não recua perante nenhuma efusão de sangue ganhará vantagem sobre o seu adversário (…).
“Repetimos pois a nossa afirmação: a guerra é um acto de violência e não há nenhum limite para a manifestação desta violência. Cada um dos adversários executa a lei do outro, donde resulta uma acção recÃproca, que, enquanto conceito, deve ir aos extremos.”
                                                                   Carl Von Clausewitz, Vom Kriege (I, 3)
Para ler, reler. E pensarmos.
Desconfio que Carlos Vidal seja um ironista.
Sou um ironista, sim, sim, na exacta medida em que Vitor Gaspar é uma pessoa muito séria.
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A tenacidade e a determinação, carÃssimo Vidal! A violencia desalmada, desconstrangida e inescrupulosa como teste último à perseverança da vontade e ao sentido de justiça e de verdade!! Esta é uma verdade que nunca se deve assumir como verdade!!
Se bem o entendo, terá provavelmente razão.
Estamos em guerra, é um facto.
E aà não se deve abrir mão publicitando “estratégias”.
É isso, meu caro?
E um pouco mais, carÃssimo Vidal! É o teste à determinação! Até onde estarão dispostos a ir para salvaguardar as verdades que vos animam! Esta é, creio eu, a questão do texto e a questão maior pela qual é, ainda hoje, mui glosado o Clausewitz!!
Um bem haja para si,
“no one starts a war-or rather, no one in his senses ought to do so-without first being clear in his mind what he intends to achieve by that war and how he intends to conduct it.”
Então, estamos numa guerra e já sabemos o seu desfecho? Nesse caso, o que é e para que serve uma guerra?
Não era bem isto que querias dizer, eu sei.
Imaginemos uma revolução, uma sublevação. Também nada sabemos do seu desfecho: o processo abre uma sequência imprevisÃvel (o 25 de Abril, para mim, é o PREC, que apoio, sempre apoiei e o vi como o verdadeiro 25 de Abril).
No fundo, creio que devemos envolver-nos agora em eventos pouco claros. Até porque nenhuma transformação transporta consigo clareza e previsibilidade.
Ora meu caro miguel dias, essa, lá está, ao contrário da outra, é uma não verdade que se deve(devia) assumir como verdade!! Por toda a conveniencia da racionalidade!! Mas, como bem sabemos, os conflitos, pelejas, guerras começam antes de acontecerem e apenas nos resta, nesse momento, aferir da determinação em dobrá-los, aos outros e tudo o mais!!
Exactamente, uma não verdade que deve ser simulada como verdadeira.
Uma espécie de retrato da farsa das nossas vidas.
Por isso – e se virássemos tudo ao contrário: assumindo a verdade verdadeira e dela fazer cavalo de batalha?
Abraço, carÃssimos.
não tem nada a ver…mas fica bem mais esta: “Architects and painters know precisely what they are about as long as they deal with material phenomena. … But when they come to the aesthetics of their work, when they aim at a particular effect on the mind or on the senses, the rules dissolve into nothing but vague ideas.”
E claro, um grande abraço a ambos…
CarÃssimo arquitecto,
Ando agora, por acaso, a escrever umas coisas sobre diferença entre “tema” e “conteúdo” que acho apropriadas ao teu comentário:
É isto – os artistas que merecem esse nome (“artistas”) têm uma acesa e profunda consciência do conteúdo (que é indizÃvel e indecidÃvel), por isso eles não têm de falar, porque a obra tem uma realidade ela mesma, intrafilosófica se quiseres.
Já o tema é diferente: é dizÃvel, mas o artista ao pronunciá-lo enclausura a sua obra, esgota-a.
Ou seja, quem conhece o conteúdo não conhece o tema.