Imagem roubada aqui e inspirada pelo melhor reverse-mode das comemorações do 5 de Outubro.
A quantidade de protestos contra um governo é inédita porventura desde o tempo dos governos provisórios. Até 14 de Novembro, data da greve-geral, há praticamente manifestações a cada dia, para qualquer gosto e feitio, um pouco por todos sector de trabalho e em cada cerimónia pública. Onde as forças de segurança travarem a fúria ou a coragem, sobrará sempre Passos Coelho ou alguém da sua Corte.
O tempo é de gáudio para qualquer declinação da carbonária. De Norte a Sul, dos Açores à Madeira, os membros do governo passaram de vez à clandestinidade. A Assembleia da República está sistematicamente entrincheirada. Passos Coelho ultrapassou, bem longe da última curva, Santana Lopes, Durão Barroso e José Sócrates como o mais patético primeiro-ministro da República. Paulo Portas e o senhor Presidente, na altura como agora, continuam iguais a si próprios.
Apressa-se assim o fim da inevitabilidade da dÃvida, do desemprego, do assalto fiscal, do desmantelamento do estado social, da destruição da segurança social, o colonialismo da troika, para passar a ser inevitável a queda do governo e a convocação de eleições antecipadas. O reinado nunca foi uma questão de anos e rapidamente passou a ser uma questão de messes. Com tudo o que ocorreu no enterro do feriado do 5 de Outubro, o problema pode ter deixado de ser de semanas para se vir a resumir em poucos dias.
A qualquer momento Cavaco Silva fará de Jorge Sampaio.