O caso da Diana é o mais recente exemplo de acção de guerrilha viral e, por mais que me esforce, não consigo compreender a indignação. Mais. Acho que a campanha é brilhante não só do ponto de vista do marketing como do ponto do ponto de vista da sua capacidade em expor as fragilidades do jornalismo que se pratica nos dias que correm. Os que expressam o seu desagrado relativamente à campanha “à procura de Diana“, expressam sobretudo uma desilusão pessoal sendo que a crÃtica, a coberto da raiva contra a “publicidade enganosa” – como se alguma fosse verdadeira – mais não esconde do que uma profunda frustração juvenil. Num tempo onde o romance tem cada vez menos lugar, onde as relações sociais se mecanizam e a sedução poucas vezes ganha vida além dos chats das redes sociais, a campanha está a enfurecer sobretudo as pessoas que sucumbiram a essa plasticidade. Só foi ultrajado pela “Diana” quem nunca viveu, nem está disposto a viver, uma história de amor com pelo menos aquela intensidade. Há sempre quem prefira a catatonia à inteligência, a repetição entediante de uma mensagem gasta, à capacidade que esta campanha teve em confrontar os consumidores com o vazio em que se estão a transformar.
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Então estes roubaram a ideia ao Faustino e não lhe pagaram direitos! Ou pagaram? Faustino, estás a ouvir?
Não sei, tenho algumas dúvidas. O “Pedro procura Inês” é uma ideia parecida, mas acho que o paralelo faz lembrar mais a pub da Nokia:
http://www.youtube.com/watch?v=x3rNxKaHJMg
Renato, este boi não é um mupi. Quando muito um múúú-pi.
Não devias insultar os múúúú dessa forma gratuita e pouco abonatória.
Chapeau !!!
😉
Pingback: Ao tolinho da “Diana”, e à puta da media(na) |
Desculpe Renato, pessoalmente tenho vivido uma vida romântica e social bastante saudável, sem ser de todo pautada pela plasticidade de que se refere (recuso-me por exemplo a fazer parte de redes sociais como facebook e etc). E como cheguei a este assunto sem nunca ter visto a campanha, ou seja não penso que tenha sido confrontado com o vazio em que me estou a transformar, não deixo por isso de achar toda esta abordagem uma grande javardice. Admito claramente que foi genial, quer dizer, quem é que ainda se lembrava da Cacharel? Eu não. E agora tá na boca e na cabeça de toda a gente. Mas a javardice está mesmo aÃ, não? Ocupar o espaço mediático em volta duma manifestação, sÃmbolo do descontentamento da população e nalguns casos do desespero, e colonizá-lo com um logótipo. Isto é oportunismo parasitário e mostra a merda que vai na cabeça daquela gente, e sim tem razão, na dos jornalistas também. A apreciação sociológica que se pode fazer do fenómeno pode ser muito interessante, porque até acredito que tenha razão nesse aspecto, mas isso não devia de impedir o sentimento de asco e indignação em relação ao à -vontade que estas marcas têm para se apropriarem destes espaços de reivindicação. Desta forma sinto que o repúdio público em volta desta campanha não vem tanto duma desilusão com a possibilidade real duma história de amor tão intensa como esta, mas sim do sentido de oportunidade que a marca mostrou, que para todos os efeitos foi genial, mas acima de tudo perverso e desrespeitoso. Noutra altura qualquer esta história passaria ao lado.
Para as empresas a publicidade é parte da sua estratégia de comunicação, oportunidade para mediarem, eu diria massajarem, a sua relação com o consumidor. Mas é totalmente unilateral, o consumidor não tem oportunidade para dialogar com a marca a essa dimensão. Talvez seja por isso que as marcas se sintam à vontade para investir desta forma. Mas é também por isso que quando o fazem, então teremos que dar o troco.
Para finalizar, nem mupis, nem 8×3, nem inserções de página inteira nos jornais e revistas, não prefiro nenhuma. A publicidade deveria ser altamente regulada.
Compreendo o seu ponto de vista, embora não perceba bem o que quer dizer com a colonização da manifestação. Isso, a ser verdade, não me parece que seja menos verdade para a menina que se abraçou ao Robotcop, para as várias organizações que distribuÃram propaganda, ou para quem lá foi para vender umas cervejas e umas águas frescas. Ninguém se indigna por isto ter sido numa manifestação. A história pegaria fogo se o rapaz a tivesse visto à saÃda do trabalho ou entre as linhas do metro. O que frustra, parece-me claro, é a incapacidade das pessoas fazerem as suas próprias histórias e de dependerem, cada vez mais, das fantasia que bebem nas novelas, nos muppies ou nos chats.
Camarada Paço…
A minha primeira vontade foi deitar-lhes à cara um perfume muito especial: “ácido sulfúrico nº5″… Mas depois lembrei-me que, todo o idiota tem o direito a ir à procura duma gaja qualquer, mesmo que seja pra vender perfumes baratos…
De resto, em relação à musa que inspirou “Pedro procura Inês” – que nem Inês se chamava… – sempre soube onde morava, nº de tlm, endereço electrónico e nº de segurança social… E o que fiz, com as minhas limitações, foi uma Instalação Poética e dar gratuitamente [como se alguém pagasse €€€ para os ler… 😉 ] os meus maus versos à leitura.
Por fim… Esta tanga até veio em boa hora – precisamente no momento em que um poeta de maus versos se emancipava dos velhos mitos monárquicos (Pedro & Inês, Páris e Helena, Diana e Carlos…) pra tentar criar (espera-se!) uma mitologia mais próxima dos tempos em que vivemos e das pessoas que na rua lutam connosco.
Subscrevo-me com afecto,
F.
Quem é vivo sempre aparece… hehe
O que esta campanha reafirma é, precisamente, aquilo que uma larga maioria (muitos julgando-se altamente esclarecidos e imunizados pela esquerda) se recusa a concluir: a colonização da Totalidade do espaço social, e também dos afectos, pelas estratégias , dinâmicas e relações sociais capitalistas que os invertem, manipulam e aniquilam; e a ausência quase completa de mecanismos humanos (emocionais, biológicos, polÃticos, etc) intactos – isto é, que não estejam eles próprios colonizados pela lógica da mercadoria – para resistência e oposição à mercantilização de tudo.
As pessoas indignam-se porque a sua fragilidade posta a nu e a verdade são insuportáveis – e julgam reconfortante e redentor clamar aqui d`el rei publicidade enganosa e sem escrúpulos -, e porque a tarefa de descolonização necessária é gigantesca e, principalmente, porque a consciência da profundidade e extensão da colonização capitalista da Vida está subvalorizada (porque constantemente definida como estritamente económica). Se assim não fosse, o que o Renato Teixeira escreve – “O que frustra, parece-me claro, é a incapacidade das pessoas fazerem as suas próprias histórias e de dependerem, cada vez mais, das fantasia que bebem nas novelas, nos muppies ou nos chats.” – seria apenas um caso de psicologia clÃnica. Não é.
É preciso continuar a empurrar o deserto.
Não dei pela campanha, a não ser agora, e não tenho tendência a entrar nas grandes movimentações sentimentais colectivas, mas dizer que quem entrou tem uma vida assim a modos que parada, parece assim um comentário à António Borges, Renato Teixeira. Cada um comove-se com aquilo com que pode.
Olhe que as movimentações sentimentais colectivas também dizem muito pouco ao António Borgues.
mas não são as mesmas.
Primeiro, só hoje soube da Diana. Na verdade, até pensava que a rapariga se chamava Adriana. Fiz confusão. Digo isto, para que a minha opinião não seja lida como a opinião de uma romântica desiludida pela artificialidade da história, ou de uma desamada incapaz de perceber a força do amor! Acrescento apenas que A Sociedade do Espectáculo não é um livro infantil e que há quem consiga vender a mãe dando a volta ao texto. Renato, V. é muito à frente. Continue assim, ainda chega a ministro. A “plasticidade” há-de servir para qq coisa.
O problema é que quase tudo, neste campo, tem mais espectáculo do que a Diana e quase todas, além do problema da vista, ainda tratam de gastar rios de dinheiro.
A Diana tem um problema na vista?!!! Estou confusa.