Há um ano começou a nascer o movimento que levou para a rua um dos mais significativos protestos desde o 25 de Abril, na manifestação do dia 12 de Março. Também por essa altura o Comité contra o Pagamento da Dívida e as Jornadas Anti-Capitalistas se experimentavam. Eram os primeiros sinais do que estava a acontecer por esse mundo fora e a resposta chegou para derrotar Sócrates, definitivamente. Seguiram-se meses intensos, com muitas discussões, erros e derrotas, mas a dimensão dos acertos rasgaram os horizontes e superaram todas as expectativas. Não tivemos medo. Veio a ocupação do Rossio e das escadarias do Parlamento, ganharam raízes as Assembleias Populares e as ruas finalmente se encheram em dia da Greve Geral. Não sei se o movimento vai ser capaz de se superar ou de pelo menos se equivaler, em combatividade e envergadura, agravado por uma situação política com mais precariedade, desemprego e em cada vez mais casos, miséria. Não sei se os novos caminhos se vão traduzir na chegada a novos destinos, nem sei se esses destinos estão capazes de voltar a gerar novas partidas. O desafio é enorme, mas sei que em apenas um ano cavalgamos várias décadas de resistência e que as condições para se repetirem os sucessos são melhores hoje do que eram há um ano atrás. Assim não se perca o ânimo, a imaginação, a camaradagem e sobretudo a aprendizagem que entre muitas guerras se consolidou. A força que cresceu entre os dentes passou a músculo em todas as partes do corpo. Aprendemos a andar mas temos menos tempo para percorrer a distância que falta. Agora, sem perder a solidez da passada, é importante começar a correr. Isto continua a ser só o início, mas a austeridade que nos estão a impor está a substituir a paciência pela pressa.
* Título Adaptado e cartaz da Gui.
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