Três economistas marxistas, três visões sobre a crise. Para Anwar Shaikh e François Chesnais a crise é sobretudo uma crise financeira decorrente da polÃtica de crédito desde a décade de 70; para José Martins é uma crise de desvalorização do capital na produção que se manifesta financeiramente. A polémica é discutida aqui em duas grandes entrevistas a Shaikh e Martins, seguidas de um imperdÃvel artigo de François Chesnais.
Em comum, estes três economistas têm a denúncia da dÃvida como um mecanismo de transferência de recursos públicos para o sector privado e a prova de que os trabalhadores pagam mais para o Estado do que recebem.
Entrevistámos Sebastien Abbet, 27 anos, carteiro há 11 anos, militante do Movimento para o Socialismo SuÃço, partido que organiza todos os anos O Outro Davos, na SuÃça. Simpático, afável e radical fala-nos do «paÃs refúgio» da burguesia europeia, que tem uma população activa de 2 milhões e meio de trabalhadores, exactamente o mesmo número de trabalhadores fora do paÃs que trabalham em multinacionais suiças.
Para o marxismo existe «democracia real» sem conteúdo de classe?/ Um artigo de fundo do historiador Felipe Demier.
Crianças sem espaço para a imprevisibilidade e a aventura nas cidades modernas.  A rua deve voltar a ser um local de encontro, e não de passagem. / Um artigo da psicóloga Filipa Lopes.
Do jazz à música contemporânea ou pós-modernista, diversas são as influências da obra de Debussy. Um artigo do músico Tiago Sousa.
Os imigrantes portugueses no Brasil estavam longe da imagem de passivos, «amarelos» menos conscientes e organizados que deles deu alguma literatura anarco-sindicalista. Um artigo do historiador Paulo Cruz Terra.
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Nem preciso de ler a entrevista de Anwar Shaikh (de que tenho curiosidade) para concluir que não tem o menor fundamento a afirmação de que “a crise é sobretudo uma crise financeira decorrente da polÃtica de crédito desde a década de 70”.
Quem conheça minimamente a sua obra, sabe que para este autor a crise se deve ao declÃnio da taxa geral de lucro (ajustada para uma capacidade de utilização normal), à recorrência em ciclos longos de depressões económicas, cujo perÃodo e forma de manifestação podem ser alterados por factores conjunturais, mas sem ver negadas as leis intrÃnsecas do seu movimento.
Mesmo os factores estritamente financeiros, como por exemplo o abaixamento generalizado das taxas de juro a partir dos primeiros anos da década de 80, são por ele fundamentalmente explicados pela dinâmica objectiva da acumulação capitalista (no caso das taxas de juro, com o nÃvel dos preços e não com a alteração deste nÃvel, como na teoria convencional) e não, ou apenas desprezavelmente, por quaisquer “polÃticas de crédito”.
Das duas uma, ou a entrevista está muito mal traduzida ou a Raquel não percebeu nada. É com toda a segurança que o afirmo, mesmo antes de a ler. É difÃcil deturpar-se mais o pensamente de um autor.
Estimado RuiB,
Se lesse a entrevista evitava comentários indelicados. Porque uma coisa é o que Shaikh pensa da crise estruturalmente outra coisa é o que pensa da crise de 2008, que claro estão relacionadas mas para este autor o que rebentou em 2008 foi o crédito enquanto que para José Martins o que provocou a crise em 2008 foi a queda da produção norte-americana, nomeadamente no sector automóvel.
Raquel V (Varela)