O Rossio é uma falsificação, alegam. Acusam a esquerda organizada, dos partidos aos sindicatos, dos grupos de afinidade aos blogues e revistas, de participarem com as suas ideias nas Assembleias Populares e na Acampada. À cabeça de um sector que não compreende a necessidade de organização, hostis a todos quantos não reduzam a sua actividade à sua esfera individual, alimentam praticamente ao minuto uma campanha contra tudo e contra todos os que não pensem como eles. É pena. São, os que conheço, activistas esforçados, pelo que a trincheira em que se colocam não ajuda a que se debatam as diferenças e porventura convençam outros das suas ideias. Passo a passo foram dando voz a bordéis de qualidade duvidosa, incapazes de perceber que o pior veneno vem daqueles que nos tentam dividir com rótulos, numa táctica espúria de não discutir a política. Acusam que “alguém” desviou o movimento do seu caminho natural, que só se fala do FMI sem no entanto terem vontade ou capacidade de acrescentar outras temáticas, tudo temperado com a permanente instigação da desconfiança sobre todos os que se reúnam por ideais acima de três cabeças e de meia dúzia de pernas. Se não é partido, podia ser. Se não é sindicato, parece. Sem querer questionar a boa vontade das suas intenções podiam pelo menos ser frontais na crítica, mais do que andar repetidamente a citar blogues tão cobardes como anónimos, pouco hábil na crítica e com falta de destreza na hora da polémica. O que quer que se escreva sobre a Acampada ou sobre as Assembleias está a revelar a sua agenda escondida e no seu entender tudo está condenado por espúrias teorias da conspiração. A culpa foi dos do 12 de Março, dos do 25 de Abril, dos do 1º de Maio, dos do 25 de Novembro. Onde é que eu já ouvi isto, pá? A culpa é do PCP, do BE, do MRPP, do POUS, da PO, da Rubra, ou de qualquer outro colectivo ideológico. O isolamento a que o movimento se jogou há-de ser seguramente culpa de todos em geral, mas este discurso em particular não convence, não esclarece e não mobiliza. O movimento social é o que é e querer moldar a realidade com a forma dos nossos sonhos não costuma dar bom resultado. O caminho da divisão tem resultados conhecidos e nesta trincheira é bem-vindo quem vier por bem, ou seja, toda a gente e todas as organizações que se puserem de acordo sobre o essencial e afinarem bem a pontaria. É pena que estes e outros companheiros andem a perder tanto tempo com delírios tão ultrapassados como a patranha democrática que nos querem impor, incapazes de ver além da espuma do que lhes sopram, de cara tapada, aos ouvidos. Que o manifesto que nos unificou não troque o plural pelo singular. Uma frente comum num frete dos suspeitos do costume. Todos somos poucos para que a luta sobreviva ao desastre que aguarda a outra esquerda do consenso, no próximo Domingo.
novo cinco dias
acesso ao novo 5dias.net.- COLA O TEU CARTAZ, ACTIVISTA! 1. Imprime o cartaz. 2. Cola-o no local de trabalho, na escola, na mercearia, no café, na rua, onde te apetecer. 3. Fotografa-te, com os vizinhos, os amigos, o teu cão, junto do teu cartaz. 4. Envia-nos a foto para a página do Manifesto em Defesa da Cultura no Facebook e será publicada.
-
Comentários
- Raquel Varela em Bloco de Esquerda, os cães e as crianças
- Raquel Varela em O Cão de Hitler
- coronel tata em O Cão de Hitler
- Raquel Varela em O Cão de Hitler
Autores
- André Levy
- António Figueira
- António Mira
- António Paço
- bicyclemark
- Bruno Carvalho
- Bruno Peixe
- Carlos Guedes
- Carlos Vidal
- Cláudia Silva
- Eugénio Rosa
- o engenheiro
- Francisco Furtado
- Helena Borges
- João Labrincha
- Jorge Mateus
- José Borges Reis
- João Torgal
- João Valente de Aguiar
- Joana Manuel
- Manuel Gusmão
- Margarida Santos
- Miguel Carranca
- Morgada de V.
- Nuno Ramos de Almeida
- Paulo Granjo
- Paulo Jorge Vieira
- Pedro Ferreira
- Pedro Penilo
- Rafael Fortes
- Raquel Freire
- Raquel Varela
- Renato Teixeira
- Ricardo Santos Pinto
- Sérgio Vitorino
- Tiago Mota Saraiva
- zenuno
tags
15O 19M bloco de esquerda Blogues CGTP Constituição da República Portuguesa cultura democracia desemprego educação eleições Esquerda EUA Europa FMI greek riot greve geral grécia Guerra-ao-terrorismo humor i intifada mundial irão israel jornalismo liberdade Lisboa luta dos trabalhadores media música NATO new kid in the blog... Palestina parque escolar pcp Portugal presidenciais 2010 presidenciais 2011 PS psd repressão policial Revolução Magrebina Sócrates Vídeo youtubearquivo
- Julho 2013
- Janeiro 2013
- Dezembro 2012
- Novembro 2012
- Outubro 2012
- Setembro 2012
- Agosto 2012
- Julho 2012
- Junho 2012
- Maio 2012
- Abril 2012
- Março 2012
- Fevereiro 2012
- Janeiro 2012
- Dezembro 2011
- Novembro 2011
- Outubro 2011
- Setembro 2011
- Agosto 2011
- Julho 2011
- Junho 2011
- Maio 2011
- Abril 2011
- Março 2011
- Fevereiro 2011
- Janeiro 2011
- Dezembro 2010
- Novembro 2010
- Outubro 2010
- Setembro 2010
- Agosto 2010
- Julho 2010
- Junho 2010
- Maio 2010
- Abril 2010
- Março 2010
- Fevereiro 2010
- Janeiro 2010
- Dezembro 2009
- Novembro 2009
- Outubro 2009
- Setembro 2009
- Agosto 2009
- Julho 2009
- Junho 2009
- Maio 2009
- Abril 2009
- Março 2009
- Fevereiro 2009
- Janeiro 2009
- Dezembro 2008
- Novembro 2008
- Outubro 2008
- Setembro 2008
- Agosto 2008
- Julho 2008
- Junho 2008
- Maio 2008
- Abril 2008
- Março 2008
- Fevereiro 2008
- Janeiro 2008
- Dezembro 2007
- Novembro 2007
- Outubro 2007
- Setembro 2007
- Agosto 2007
- Julho 2007
- Junho 2007
- Maio 2007
- Abril 2007
- Março 2007
- Fevereiro 2007
- Janeiro 2007
- Dezembro 2006
- Novembro 2006
- Outubro 2006
- Setembro 2006
Pingback: INDIGNADOS NA ENCRUZILHADA – A ideia de deixar a ideia ficar em casa não é uma ideologia perigosa? O que quer trazer para a rua quem quer deixar a ideologia em casa? | cinco dias