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Pedro Penilo says:
7 de Maio de 2011 at 13:17 (Edit)
Muito bem, maradona, vamos por partes que há para aí muita coisa para discutir.
Legitimidade do governo: não, este governo não tem legitimidade, é um governo de gestão. Não tem legitimidade para tomar decisões que não são correntes. Não a tem para tomar decisões que condicionam fortemente as políticas futuras (esta é particularmente grave, a um mês das eleições). E nem a teria, como governo em plenas funções, já que há questões que são claramente da competência da Assembleia da República (Orçamento do Estado, leis laborais, sistema autárquico… é um rol de ilegalidades este “acordo”). E mais, maradona, não se vota no governo! Bem sei que com a deturpação do sistema democrático vigente até o maradona acredite que o governo é eleito, mas não, maradona, não é, não tem… “percentagem de legitimidade”.
Legitimidade da Assembleia da República: não existe neste momento, maradona. A Assembleia da república foi dissolvida. Já não há nem 80%, nem 40%, nem nada por cento. O país espera eleições, e só depois delas é que saberemos quem deterá a tal “legitimidade em percentagem”.
Legitimidade constitucional e institucional: Mas há outra legitimidade que não se mede em percentagem. Nós temos uma Constituição a que todo o poder político está obrigado. Essa Constituição determina os poderes e contra-poderes e as áreas de acção de cada orgão de soberania. E há uma coisa que podemos garantir: a Constituição não prevê que três gajos representantes de siglas pomposas (sejam elas FMI ou SLB) se instalem no Ministério das Finanças e desatem a dar ordens, coisa que realmente está a acontecer. Somos além disso, ainda, um país soberano. Com dificuldades, mas somos. Isto quer dizer que a fonte de legitimidade e de soberania está, não lá fora, mas nos que cá estão, nos que cá vivem e viverão.
Legitimidade da rua: é histórica e conhecida. Fundou o nosso regime actual. Nem que o maradona desse três pinotes isso mudava. A Constituição até reconhece instâncias que são próprias à rua (direito de manifestação, de indignação, de desobediência, de insurreição contra a prepotência, etc). Como respeito a sua inteligência, parece-me inútil explicar que essa legitimidade não depende de percentagens, nem de quantidades de gente. Podia ser um único cidadão à porta do Ministério da Finanças, carregado de legitimidade. Aquela pequena multidão que se encontrou para protestar contra a ingerência externa sentiu-se portadora dessa legitimidade: legitimidade para protestar; legitimidade para recusar; legitimidade para considerar aquele grupo e o seu papel em Portugal “ilegítimos”.
A avaliação das vantagens do processo político que antecedeu o 25 de Novembro varia de pessoa para pessoa. Naturalmente a revolução fez-se contra um estado de coisas e contra as pessoas e forças que o sustentavam. A revolução acarretou o prejuízo desses poderosos (infelizmente, não tanto como seria desejável). Por isso, admito que o maradona seja daqueles casos a quem as coisas não correram tão bem, ou que, tal como os filhos do Silva Pais, tenha os seus esqueletos a defender.
Ainda uma coisa, maradona. Neste momento histórico, por muito surpreendente que isto lhe possa parecer, o único garante da sobrevivência da democracia burguesa são as forças do socialismo: O PCP, os Verdes e o BE, e muitos democratas de todas as áreas políticas (o Partido “Socialista” nada tem que ver com isto). Os outros partidos estão já há muito tempo a trabalhar em formas mais eficazes de dar cabo disto tudo. Como agora se vê.
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Comentários desenvolvidos a propósito do meu post sobre a acção de protesto da CDU contra a ingerência externa do FMI/CE/BCE.
maradona says:
7 de Maio de 2011 at 2:26 (Edit)
diz o bernardino soares que este governo (45% dos votos ou lá o que foi), e a Assembleia que por varias vezes não o derrubou, não têm “legitimidade” para pedir ajuda ao FMI. calculo que não se considere que as 300 pessoas – assistencia de um jogo de hoquei patins – para quem ele fala têm, eles sim, “legitimidade” para pôr em causa ou recusar que o império nos esmague com o seu braço financeiro, pelo que só posso deduzir que o que falta para “legitimar” a ingerência externa do capital transnacional será uma proximidade maior com um processo eleitoral; nesse caso, se a 5 de junho, como tudo indica, o “arco da governação” (esses ladrões que não merecem viver e que destruiram o lindo portugal que se estava a formar até ao 25 de novembro, e cujos herdeiros representativos floresceram noutros sitios do globo, como em, e no, e na) obtiver 80 por cento dos votos das pessoas que se dão ao aborrecimento ontologicamnte anti-proletário de colocar uma cruz num pedaço de papel, será então possivel à esquerda do 5 Dias começar a lutar com outra retórica que não a da “legitimidade” da intervenção do FMI e da União Europeia? não ponho em causa a “legitimidade” obliquamente paralela da rua (embora, por um lado, a deteste, e, por outro, não acredite que remotamente represente quem mais sofre ou mais ignora as circunstacias que lhes impendem a dignidade), nem sequer defendo cegamente o pedido de ajuda (ao contrário de toda a gente, não percebo nada dessas merdas), mas por deus, não façamos de conta que a democracia burguesa não fala por ninguém que também mereça respirar e viver, que não seja um bando de facinoras insensiveis com o sofrimento alheio, que não pensa noutra coisa que não seja aproveitar os meios de produção para acumular poder que utiliza para moldar os signos por forma a perpetuar a justficação para a sua posição na piramide das relações economicas etc etc etc. tenho umas pernas espectaculares.
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