Pode desagradar-me o vazio estratégico.
Ou a táctica errática e de balizas rígidas, em vez de firme e flexível.
Ou o agitar de identidades essencialistas (e, portanto, anti-marxistas), para esconjurar o medo de pensar o que é novo – quanto mais não seja, para perceber em que medida o é.
Ou as retóricas quase «pequeno-burguesas de fachada socialista», para acomodar um defensismo reactivo de “sindicato do povo em geral”.
Ou a limitação (pelo afastamento, ou pelo cansaço e o “para quê?”) da diversidade que é fonte de toda a riqueza. Ajudada por uma lógica oligárquica que deixou de fazer sentido num certo dia de 1974.
Ou a súbita defesa dos regimes e tiranetes de que a malta por lá se ria, já há uns 20 anos atrás.
Podem desagradar-me todas essas coisas que não discutirei em caixas de comentários, pois são demasiado grandes e importantes para tais espaços e para picardias de ocasião.
Mas a história e o património destes 90 anos de Partido Comunista Português são (tal como o respeito e orgulho pelo que de melhor eles têm) tão meus quanto dos seus actuais dirigentes.
E são também de todo um povo, queira-o ele ou não.
Por isso escrevo «Viva o PCP, nos seus 90 anos!»
E por isso vos convido a trautear aquela estrofe adorável e meio anarca do seu hino:
«Messias, deus, chefes supremos
Não precisamos de nenhum.
Sejamos nós quem conquistemos
A terra mãe, livre e comum.»
28 Responses to Viva o PCP, nos seus 90 anos