Tal como no ano passado, só nos finais de Janeiro, inícios de Fevereiro concluo o meu balanço musical do ano transacto. Pode ser tardio, mas julgo que faz mais sentido do que fazê-lo em Novembro ou inícios de Dezembro do próprio ano, ignorando 1 ou 2 meses de produção musical. Em termos discográficos, eis o meu top20 e uma lista extra de 20 menções honrosas:
20 – National – High Violet
Com uma produção grandiloquente e com a excelente colaboração de Sufjan Stevens no melhor tema, a melancolia de Berninger e companhia voltou a marcar pontos.
19 – Wild Nothing – Gemini
Com muito revivalismo 80’s e toques folky lo-fi na linha dos Woods, mas com mais sensibilidade pop, o projecto de Jack Tatum foi uma das surpresas do ano
18 – Cocorosie – Grey Oceans
Mantendo a experimentação vocal característica, mas com incursões por áreas como o jazz, a ópera ou o trip-hop, as irmãs Cassady transcenderam-se e, três discos depois, voltaram a lançar um óptimo trabalho.
17 – Arcade Fire – The Suburbs
Num disco mais arrojado, pela duração e pela aposta nos sintetizadores, era fácil que o resultado fosse catastrófico. Em linha inversa, The Suburbs foi mais uma excelente proposta dos Arcade Fire.
16 – Charlotte Gainsbourg & Beck – IRM
Entre a garra e a fragilidade, entre a candura e o negrume, Charlotte Gainsbourg aproveitou o génio de Beck para, em conjunto, elaborarem um óptimo álbum.
15 – Jacky Molard Quartet & Founé Diarra Trio – N’Diale
Uma das grandes fusões culturais do ano. Seja na linguagem tradicional bretã, quer no lado mais maliano, o resultado é sempre notável e indiciador de uma cumplicidade musical incrível.
14 – Vampire Weekend – Contra
Apesar de menos imediato do que o homónimo e do lado electrónico que inicialmente causa estranheza, o difícil segundo disco dos Vampire Weekend acaba por nos voltar a deixar inebriados com mais alguns hinos à cadência e ao ritmo
13 – Ali Farka Toure & Toumani Diabaté – Ali & Toumani
Resultado complementar das gravações da obra-prima In the Heart of the Moon, o disco póstumo da colaboração entre os dois grandes instrumentistas do Mali volta a ser fabuloso.
12 – Broken Social Scene – Forgiveness Rock Record
Com produção de McEntire dos Tortoise e pontuando a fabulosa predominância épica e eufórica com breves momentos de candura, eis o ponto alto da carreira da super-banda canadiana.
11 – Foals – Total Life Forever
Depois de um primeiro disco irregular, o excelente segundo disco da banda britânica traz melancolia lindíssima, alguns toques de Fleet Foxes e melodias pop brutais.
10 – Galandum Galundaina – Senhor Galandum
Fieís aos seus caminhos da tradição de Terras de Miranda, os Galandum Galundaina foram mais longe neste seu terceiro disco. Acrescentaram o contributo de óptimos convidados e elementos sonoros mais arrojados, rumo à modernidade
9 – Deerhunter – Halcyon Digest
Com todo a carga de experimentação do universo de Bradford Cox, mas com temas pop cada vez mais soberbos, mais um grande álbum dos Deerhunter.
8 – Beach House – Teen Dream
Depois de um início de carreira algo insosso, Teen Dream é, com menos dormência, alguma aproximação ao shoegaze e óptimas composições pop, o disco da rendição ao trabalho da banda de Victoria Legrand.
7 – LCD Soundsystem – This is Happening
Aí vão três discos brilhantes da banda de James Murphy. Pode não ter uma “All my Friends” ou uma “Yeah”, mas This is Happening é tão bom ou melhor que o homónimo ou que Sound of Silver
6 – Ariel Pink’s Haunted Graffiti – Before Today
Este revisionismo rendilhado de muita da pop (mesmo a duvidosa) dos 80’s podia resultar facilmente em kitch. Mas há qualquer coisa que, ao invés, o transporta para a dimensão dos discos irresistivelmente bons.
5 – Caribou – Swim
Um fabuloso disco de electrónica, mesmo para quem tem alguns anti-corpos no género. Muito menos pop e muito mais negro do que “Andorra”, mas tão bom ou melhor.
4 – Ry Cooder & The Chieftains – San Patricio
Levando os sopros celtas ao mariachi ou genericamente as tradições musicais da Irlanda até ao México, Ry Cooder voltou a ser mentor de mais uma obra-prima.
3 – Laurie Anderson – Homeland
O retrato negro da América do século XXI de Laurie Anderson está para 2010 como os discos de Portishead e de Flaming Lips estiveram para 2008 e 2009: com tanto de difícil como de brilhante.
2 – Afrocubism – Afrocubism
Reunindo a nata da música do Mali a um Elíades Ochoa inspiradíssimo e a demais talentosos músicos cubanos, Afrocubism confirmou ser o que se esperava: uma obra-prima.
1 – Massive Attack – Heligoland
Há melancolia, há poder claustrofóbico, há trip-hop das origens, há candura electrónica, há convidados como Hope Sandoval, Damon Albarn ou Tunde Adepimpe… No fundo é um verdadeiro best-of de carreira dos Massive Attack, só que através de um álbum de originais.
As 20 menções honrosas (por ordem alfabética):
Amparo Sanchez – Tucson Habana;
Beat Connection – Surf Noir EP;
Black Mountain – Wilderness Heart
Black Keys – Brothers
Chemical Brothers – Further
Delorean – Subiza
Deolinda – A Problemática Colocação de Mastro
Drums – The Drums
Ef – Mourning Golden Morning
Four Tet – There is Love in You
God is an Astronaur – Age of the Fifth Sun
Noiserv – A Day in the Day of the Days
Sharon Jones & The Dap Kings – I Learned the Hard Way
Sufjan Stevens – The Age of Adz
Surfer Blood – Astro Coast
Tame Impala – Innerspeaker
Twin Shadow – Forget
Walkmen – Lisbon
Wimme – Mun
Wolf Parade – Expo 86
Nota: Para terminar o balanço, falta ainda uma listagem de concertos, desilusões, surpresas, confirmações e óptimos discos de 2009 só ouvidos devidamente em 2010.
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