Ler o diário da Sonae é uma surpresa permanente. Hoje temos direito a saber que o advogado das “vítimas” suecas de Assange garante que elas não têm motivação política. O estranho é que temos o desmentido sem nunca termos tido acesso ao facto que se nega. Nunca o jornal explicou, nas suas páginas, que uma das mulheres que acusa o fundador da Wikileaks é tida como sendo ligada à CIA e que as acusações que reiteradamente o diário garante serem de “violação”, afinal não o são. Não há muita surpresa nisso. Quem manda no internacional é a Teresa de Sousa que nos explica ontem, pela milésima vez, que os jornalistas devem ser os principais defensores do segredo de Estado. A apoiante dos jornalismo almofadinha ministerial recupera uma frase de Miterrand e a guerra fria para as suas teses. Para a santa senhora antigamente os mísseis estavam no império do mal e a contestação estava no mundo livre. Hoje, segundo a estadista disfarçada, “A transparência está a Oeste, o segredo a Leste”. Não vou discutir a estupidez da frase de Miterrand que durante a sua vida fez várias burrice, nomeadamente ter sido colaboracionista dos nazis na sua juventude. Dificilmente alguém obtuso como a Teresa de Sousa conseguiria perceber que não havia mísseis soviéticos junto à fronteira dos Estados Unidos e que a colocação de mísseis na Europa Ocidental, a poucos minutos de Moscovo, aumentava o perigo de guerra e punha em causa o equilíbrio nuclear que garantia uma paz precária. Isto é uma discussão histórica com pouca importância. Agora, o que é completamente imbecil, no argumento da editora do Público, é a comparação. A senhora não percebe que a superioridade da democracia reside nas opiniões públicas poderem ser informadas dos crimes dos Estados e estes não permanecerem em segredo. Mais importante do que a suposta ilegalidade dos métodos da Wikileaks é o conteúdos da informação revelada. A função dos jornalistas não é, ao contrário do que defende a direcção editorial deste diário, manter os vícios privados para garantir as públicas virtudes, mas revelar factos de interesse público. Da informação dada a conhecer pela Wikileaks, muitos factos revelam actuações criminosas de estados. Como, por exemplo, conspirações para acabar com processos contra assassinatos de jornalistas e tortura de cidadão europeus, negociação de transportes ilegais de pessoas raptadas, etc… Cabe aos jornalistas investigar e noticiar estes factos. A linha editorial do principal diário de referência português pretende, pelo contrário, que os jornalistas se tornem cúmplices do segredo de Estado e guardiões dos seus crimes. Não percebem que a defesa do jornalismo amestrado condena a democracia. Caso o Público fosse o Washington Post, nunca se teria conhecido o Watergate, pela simples razão que a democracia estava nos Estados Unidos da América e que a ditadura e a opacidade campeava em outros sítios.
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