A televisão, no tempo em que ela era monogâmica, alimentava metade das conversas do dia seguinte, unindo a nação no cimento comum da cultura popular. Éramos todos portugueses porque sabÃamos todos a última rábula do Herman (ou pelo menos a tese era essa), e por isso houve quem temesse que o advento dos novos canais (televisões e internet) viesse comprometer a coesão nacional. Quero garantir-vos que a união está salva. Eu não tenho televisão, não tenho Facebook, uso o Youtube com moderação (para ouvir o JP Simões ou a onça do Creature Comforts – ultimamente também clássicos da música country dos anos 70), quase não recebo emails “Fw: Fw: Fw: Fw”, e saà de Portugal há tempo suficiente para ir perdendo as grandes referências que franqueiam o acesso à “appartenance” nacional. Mas depois vou de férias e estrago tudo. Desta vez vim de lá a saber em que circunstâncias de tempo e lugar se pode usar a frase “e eu dei-lhe o grito: ‘nããããããoooo!‘”, e apesar de ignorar, tal como os restantes 10 milhões de portugueses mais os cinco que andam cá fora a fazer pela vida, quem é o pai da criança, sou capaz de trautear, quase três meses depois, o refrão inteiro da canção. Perante isto, quaisquer juÃzos estéticos são inúteis: é indiferente se gosto ou não de música pimba, se me rio com os apanhados ou os acho boçais, e se as notÃcias que me chegam diariamente da pátria me fazem corar de vergonha: eu SEI. Não há volta a dar-lhe, sou uma de vós.
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Ei, eu que quase nunca saio daqui, vivo na provÃncia e sou provinciano, à s vezes ultramontano, não conheço a frase. Vem uma estrangeirada e prova-me que nem sequer sei ser aquilo que sou – isto é uma humilhação. Não quer dizer a frase, Morgada? Não por mim – deve haver outros que, apreciando o texto como eu, coçaram meditativamente a cabeça.
JMG, estais vivo! Muito me alegro em ver-vos, mas o pudor impede-me de revelar o vÃdeo no youtube a que se chega googlando “apanhados da RTP” + grito que esclareceria as vossas dúvidas semióticas. Peço muita desculpa.
Ok, obrigado. Mas não é um apanhado, é um clássico.
Sereis sempre parte de nós.
Também ignoro ao que a Morgada se refere. E também não consumo feicebuque.
But who can he be?
But who can he be?
The father of the child
I don’t know, don’t know
I don’t know, don’t know
(não é The National, João Lisboa, é nacional)
se o youtube não vai ao maomé, vai o maomé ao youtube.
aqui pelo minuto 2:20,
Obrigada, LAM. Pelos vistos ainda subsistem assimetrias no acesso ao conhecimento em algumas provÃncias do paÃs.
Engraçado…
Só posso partilar convosco a minha própria experiência de expatriação.
Andei que tempos lá por fora e nunca tive muitas saudades de casa, enquanto lá estive.
Calhando, porque afinal a convicção que eu tinha de era mais um ‘viajante’ que um ‘turista’ (ver a distinção, obra deste senhor no seu próprio livro, ou então logo no princÃpio deste filme) afinal era mais “verniz” que convicção profunda, i.e. sempre soube que iria voltar, só não sabia bem era quando, bilhete de regresso com a data em open.
Estrangeirado que seja, I belong here, não tenho como o evitar, é uma compulsão…
🙂
Obrigado. Sinto que me tornei uma pessoa mais informada e mais culta. Uma pessoa melhor, enfim. Obrigado.
CarÃssima Morgada,
Gosto sempre muitÃssimo das suas extraordinárias observações!! Extraordinárias pois que retiram o extraordinário de tudo o que simplesmente não parece, aos mais desatentos, extraordinário!!
Gostei da ideia do post e revela alguma nostalgia por um Portugal que já não é este Portugal! Onde está ou para onde foi o Portugal pimba genuÃno e inocente! Onde está o Portugal, simplesmente, de acordo com as estações do ano, com as marés, com os astros, com pessegos apenas no verão e cerejas no inverno!! O das festas e romarias! Das moças casadoiras!! Da celebração da colheita!! E tudo mais!!
O problema, Justiniano, é que Portugal continua a ser Portugal: saudades só do futuro (outra frase pimba que não saiu de moda desde Teixeira de Pascoaes).
O problema, carÃssima Morgada, é mesmo a incontornável noção de pertença!! Por vezes por osmose, outras por exclusão!! Sempre angustiante para quem está longe algum tempo! Saudavelmente angustiante!! Forçosamente longe! Saudade de um tempo, lugar, gentes!! Por fim lá se verá que Portugal continua a ser Portugal, felizmente Portugal!! Mas, talvez, um outro Portugal!!
Ora, carÃssima Morgada, o Teixeira de Pascoaes sempre mentiu muito mal!! E este Portugal já não é aqueloutro Portugal, o que já nem me lembro, mas do que penso uma renascença, sem saber ao certo de quê!! É assim com saudade, sem pés nem cabeça e tudo!!!
Um saudoso bem haja para si,
De reaPortuguesamento? O teu “self” anterior foi o quê? Brit, quiçá? Ou será mais wanna-be? Os Portugueses não gostam do que são. Tanta, tanta merda na cabeça. São patéticos. Fingem ser tudo: são francófilos, anglófilos, germanófilos, americanófilos. Não gostar do que se é, fingir não saber o que se é. Isto faz algum sentido?
Ser português tem graus, como a febre e os terramotos. Há dias em que o abalo é maior que noutros.
“Vim ao mundo por acaso em Portugal
Não tenho pátria, sou sozinho e sou da cama dos meus pais” (SG Filtro)
Faz.
Desde o tipo da casa de Aviz, o das sete-partidas, e do ‘É fartar , vilanagem !’, (e ele perdeu a vida, “not just talk”).
Muitos de nós quando voltam dão-se mal, outros não.
Serendipitoso…
😉
Um terramoto de 4 não é um terramoto.
Os graus do terramoto afectam-lhe a (identidade)
Variações da mesmÃssima coisa.
Uma coisinha de um velho amigo da ESBAL, explica tudo.
🙂
Sou só eu a achar que a Lynn Anderson passou ao lado de uma carreira a fazer de Sarah Palin versão loura platinada?
António,
o zé n bate bem da bola.
eu ainda estou sano.
no flying. can not, will not
Acho que te enganaste no post, Zeke. But nice to see you.