Machado de Assis, esse grande zagueiro da literatura brasileira, dizia que se encontra filosofia em tudo, o que é preciso é “um espÃrito repousado” para lhe achar o sentido. “Como deveis saber, há em todas as coisas um sentido filosófico. Carlyle descobriu o dos coletes, ou, mais propriamente, o do vestuário; e ninguém ignora que os números, muito antes da loteria do Ipiranga, formavam o sistema de Pitágoras“. Os puristas desconfiam deste sincretismo, e se calhar com razão: os números de Pitágoras servem para os jogos de azar da sociedade capitalista? ProÃbam-se os números de Pitágoras! De qualquer forma, o esquema pitagórico do meio campo em triângulo foi ultrapassado pelo losango, e as polÃticas promovidas pelos números no poder – sobretudo o 2, o 4 e o 8 – são vergonhosamente de direita. ProÃbam-se os números para podermos dedicar-nos em força à literatura! Ao menos essa não pode ser corrompida pelo baixo instinto da competição: ao contrário dos números, as palavras são todas iguais e dão sempre “o seu melhor em prol do parágrafo“, num espÃrito de abnegação e equipa que faltou a Cristiano Ronaldo. O que é preciso é que o humor não saia de  jogo, porque assim não ganhamos, James!
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Bonito post, Morgada, como sempre.
Quanto à questão, eu explico: Badiou é, sozinho, o duplo pivot (de que muito agora se fala).
Fui claro?
Não. Recordo-lhe que não li Badiou, e a falha é minha, mas eu pensava que o comunismo defendia o fim das classes, e não o fim do jogo, do que é lúdico, e do prazer. E porquê o fim do futebol, que até é um jogo colectivo? A União Soviética não participou, com o beneplácito do dear Stalin, nos Jogos OlÃmpicos de HelsÃnquia em 1952? E que dizer então do DÃnamo de Moscovo? Será que Estaline errou? Não teria sido melhor preservar a pureza revolucionária e dizer não ao futebol e ao desporto de alta competição – “ah, e tal, nós é mais Gulags”? É tudo muito difÃcil para uma leiga como eu, preciso muito de ser educada. Sugiro que comecem uma série de “Communism for dummies” – assim dentro do género do “Sabia que” do João Carvalho, mas em menos chato. Grata.
Morgada
o badiou nem sequer joga. foi expulso. desobediência. o treinador explicou a sua exclusão: os números “descrevem” resultados mas nunca a natureza do jogo. 🙂
Sem ver a repetição do lance não dá para perceber se houve falta.
Eu diria que até 82 o Badiou era um destruidor de jogo. A partir daà começou a ser um número 10 até mais ou menos 2009. Depois reformou-se como jogador e treina uma equipa tão ofensiva que faz a Argentina do Maradona parecer o Paraguay do mundial de 98.
sim, foi golo.
badiou marcou um auto-golo.
de cabeça. intencionalmente. o guarda redes substituto, vidal, nem sequer viu a bola. estava encostado ao poste esquerdo a fazer tricot.
o treinador, Étienne Balibar pediu ajuda a Deleuze que disse isto: eu bem te disse que o badiou era um bluff. deverias ter escolhido o Gerome Rhizome!!
Morgada e ezequiel, o fluxista Deleuze achou que podia ter todas as posições.
Desconhecia certas subtilezas, o Platão pô-lo a trinco. Fez bem, o Parménides apoiou a ideia.
O Badiou, seguiu indicações do Maradona e acabou por marcar um golo que, junto ao do argentino, ficou ex-aequo como o outro golo do século.
Faço-me entender?