A última morte de Marinetti. Enfim, é a vida…
Ora, eis que surge e se assume aquilo que há muito se desenhava ou anunciava subrepticiamente, eis que toma forma o que já estava mais do que em embrião e prontinho a apresentar-se publicamente, no fundo a razão de ser do manifesto dos “51” economistas ou lá o que é (é também uma espécie de Louçã no seu melhor: num encontro universitário sobre Marx diz uma coisa, no manifesto dos “51” diz o seu contrário…), um pedido de aliança Bloco-PS eis que chega, o rosto da mediocridade e da vida molezinha, a força da debilidade que tudo aceita desde que não seja demasiadamente mau, o elogio do “assim-assim”, o português “vai-se andando” como ideologia polÃtica, o meiozinho “já não é mau de todo”, a calminha e brandura salazarenta: é, no seu esplendor de nada, o manifesto (?) “Talvez não sejamos muitos e muitas …. mas existimos”, comemorando ou fazendo recordar por antÃtese (oh ironia das ironias, oh decadência…) um outro Manifesto, o do Futurismo de Marinetti, publicado em 1909 no Le Figaro – é verdade, faz 100 anos porra!!
Em 100 anos a espécie regrediu muito, em muito e em quase tudo: tornámo-nos pobrezinhos, medÃocres, ou pobres mas honrados – ora bolas, apenas não queremos sofrer lá muito e nada mais, pronto. Agora, em 2009, escreve-se:
Esta choradeira faz Santana Lopes, Rangel ou Manuela Ferreira Leita passarem por espÃritos utópicos, activos revolucionários, rupturantes, vitalistas e energéticos! Gente viva, em suma!! Em 1933, escrevia Cioran (fizeste bem, Nuno em te lembrares de Cioran há uns dias): “Fazer a apologia do espÃrito é uma prova de inconsciência, da mesma maneira que fazer a apologia da vida é uma prova de desequilÃbrio.(…) Mas que será daqueles que já não podem glorificar nem a vida nem o espÃrito?” (Sur les Cimes du Désespoir).
Ah Marinetti, por fim, volta que estás perdoadÃssimo: “Queremos cantar o amor do perigo, o hábito da energia e da temeridade. (…) Cabeça erguida!… Erectos sobre o pináculo do mundo, mais uma vez lançamos o nosso desafio à s estrelas”.
Meu querido Marinetti, adivinhavas que isto iria acabar assim, tudo de cabeça baixinha a votar PS ??
Bom, não adivinhavas pois não, Filippo. De qualquer modo, ninguém vai ler este meu texto! Portanto, agora, toca a dormir que já é tarde, é hora de fazer OÓ …
Marinetti. “Irredentismo”. 1912
Enfim quando o Costa diz, sem ter sido desmentido, que já há meses andava em conversações com o PCP, parece que anda alguem a tentar esconder alguma coisa….
“(escrito por Miguel V. Almeida, não sabendo eu quem isto representa).”
Imagino que “isso” represente, antes e fundamentalmente, Miguel Vale de Almeida.
Depois, todos os que se revejam no texto, onde me posso desde já incluir, se o problema é achar que MVA é caso único…
Ora nem mais e como todos os manifestos e vanguardas, servem apenas para consumo próprio. Não se esperava outra coisa de tanto furor conferencista, mais um erro de trajectória, o preço da originalidade e da diferença, chic . Seguem-se cenas dos próximos capÃtulos, em bom.
Vidal,
O Miguel Vale de Almeida saiu do Bloco há anos. É como responsabilizares o PCP das posições do Vital Moreira.
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Não crei Nuno. O Vital Moreira é hoje um anticomunista puro e duro.
O Miguel Vale de Almeida não saiu bem do Bloco, ele está entre uma coisa e outra (não sei bem quais: parece-me que é o Bloco e o PS).
E mais, há pormenores que desconheço: julgo mesmo que MVA não saiu do Bloco, mas da “Mesa” do Bloco.
E mesmo que tenha saÃdo da “Mesa” e do Bloco, ele está a apelar ao Bloco.
Não há nenhuma relação com Vital Moreira.
Além disso, este post não era (não é) sobre Miguel Vale de Almeida, como se percebe.
Era o mais que faltava, não fora “o poder” o doce atractor do tal pensamento reflexivo em profundidade da malta chic, vidé o puto dos lábios sensuais e etc e tal, à medida que a idade vai passando começam as contas á vida, oh, oh…
donde a pretensa coligação do Cioccolato Svizzero con il Cacao della BolÃvia.