1. Não, não encetaria agora nenhuma tentativa de balanço da direcção e programação de João Bénard da Costa, director da Cinemateca desde 1991 (poderia apenas acrescentar que gostaria de por lá ter visto mais experiências “não convencionais” de cinema – ciclos como os de Andy Warhol e Kenneth Anger, foram experiências demasiadamente pontuais).
2. A sua produção e edição de livros-catálogos é absolutamente imbatÃvel e inultrapassável, em termos de qualidade.
3. Um último apontamento, digamos, pessoal (se o leitor me permite): coincido na TOTALIDADE com a visão de Bénard da Costa quanto ao cinema português. Isto é, os cineastas que ele mais defendeu, tendo mesmo participado em filmes de alguns deles – Manoel de Oliveira, João César Monteiro e Pedro Costa – são os cineastas que interessam grandemente à história do cinema português e mundial. Por outro lado, os cineastas que ele ignorou, ou, por vezes, chegou mesmo a hostilizar – António Pedro Vasconcelos, Joaquim Leitão ou Leonel Vieira – são cineastas que nem à história do cinema português vão interessar muito. Eu estou certo disto (desculpem-me a franqueza).
“os cineastas que ele mais defendeu, tendo mesmo participado em Manoel de Oliveira, João César Monteiro e Pedro Costa – são os cineastas que interessam grandemente à história do cinema português e mundial. Por outro lado, os cineastas que ele ignorou, ou, por vezes, chegou mesmo a hostilizar – António Pedro Vasconcelos, Joaquim Leitão ou Leonel Vieira – são cineastas que nem à história do cinema português vão interessar muito.”
Devagar, devagarinho, tendo a dar-lhe razão, Carlos.
O efectivo contributo artÃstico português no cinema não andará fora desses nomes. E Manoel de Oliveira de que, com outra distância, tenho revisto alguns filmes, é mesmo figura maior do cinema mundial. O velho é foda.
Caro Carlos Vidal,
JBC é uma figura respeitável na luta contra o salazarismo e o obscurantismo que nos foi imposto durante muitos anos. Oriundo da boa e confortável burguesia de nome sonante, soube dizer “não” quando isso era perigoso, e ser diferente quando todos gostavam comodamente do cinzento.
À parte da sua intervenção polÃtica e como director da cinemateca (criticável certamente), tenho que relevar que, nomeadamente para as gerações mais modernas, como o senhor e outra rapaziada aqui do “5”, o seu trabalho como escritor de artigos sobre filmes, mais evidente no defunto jornal “O Independente”.
Tais peças eram pautadas por uma naturalidade, uma familiaridade e um carinho desassombrados, pautados por desabafos de carácter Ãntimo e familiar, que os tornava além de geniais, de uma comoção Ãmpar. Ver um filme através de JBC era gostar dele de imediato.
com o JB éramos cinéfilos sem termos sido obrigados a ler os extensos manuais dos teóricos.
Lamento profundamente a sua morte. Morreu um Amigo.
Digo eu…