João Miranda é por certo o maior economista amador residente nos domÃnios da cristandade. E alcançou essa posição invejável seguindo a mais singela e banal das receitas: simplificar, simplificar, simplificar. Para ele, o mercado é tudo, a mão invisÃvel a única autoridade incontestada dos assuntos humanos.
Até aqui, tudo bem/mal. Notável é que ele não sonha este desÃgnio como um horizonte desejável e ao nosso alcance. Não; para o João Miranda, a economia actual do mundo em que vivemos já se regula apenas em função da pura e lÃmpida afirmação de um mercado involuntária e inevitavelmente dedicado ao bem comum. Para ele, qualquer facto, depois de devidamente digerido, é prova qb da sua mundivisão: se os aumentos dos combustÃveis em Portugal se quedaram abaixo da média europeia, está indiciado “que não existe cartel nenhum”. Se as condições do mercado andam instáveis ou se os consumidores querem poupar, idem. Isto logo depois de proclamar solenemente que “não existe†nada remotamente parecido com “formação de preçosâ€, declarando nula toda a produção académica e empresarial em sentido oposto. Que pelo meio das teorias cristalinas existam uns agentes impuros e confusos chamados “seres humanosâ€, eis algo 100% despiciendo neste universo alternativo. Aqui não há cartelização, nem concorrência desleal, nem pecado original.
Ele merece, no entanto, a nossa admiração. Não se trata de mais um sandeu armado de megafone, perorando doutrina que logo depois esquece. Ele dedica-se, com o zelo de um cruzado, à defesa do seu estranho mundo. Argumentando, retorquindo, inventando axiomas, aniquilando a realidade se preciso for. Nem o Jerónimo de Sousa consegue ser tão intenso e focado.
tags
15O 19M bloco de esquerda Blogues CGTP Constituição da República Portuguesa cultura democracia desemprego educação eleições Esquerda EUA Europa FMI greek riot greve geral grécia Guerra-ao-terrorismo humor i intifada mundial irão israel jornalismo liberdade Lisboa luta dos trabalhadores media música NATO new kid in the blog... Palestina parque escolar pcp Portugal presidenciais 2010 presidenciais 2011 PS psd repressão policial Revolução Magrebina Sócrates VÃdeo youtubearquivo
- Julho 2013
- Janeiro 2013
- Dezembro 2012
- Novembro 2012
- Outubro 2012
- Setembro 2012
- Agosto 2012
- Julho 2012
- Junho 2012
- Maio 2012
- Abril 2012
- Março 2012
- Fevereiro 2012
- Janeiro 2012
- Dezembro 2011
- Novembro 2011
- Outubro 2011
- Setembro 2011
- Agosto 2011
- Julho 2011
- Junho 2011
- Maio 2011
- Abril 2011
- Março 2011
- Fevereiro 2011
- Janeiro 2011
- Dezembro 2010
- Novembro 2010
- Outubro 2010
- Setembro 2010
- Agosto 2010
- Julho 2010
- Junho 2010
- Maio 2010
- Abril 2010
- Março 2010
- Fevereiro 2010
- Janeiro 2010
- Dezembro 2009
- Novembro 2009
- Outubro 2009
- Setembro 2009
- Agosto 2009
- Julho 2009
- Junho 2009
- Maio 2009
- Abril 2009
- Março 2009
- Fevereiro 2009
- Janeiro 2009
- Dezembro 2008
- Novembro 2008
- Outubro 2008
- Setembro 2008
- Agosto 2008
- Julho 2008
- Junho 2008
- Maio 2008
- Abril 2008
- Março 2008
- Fevereiro 2008
- Janeiro 2008
- Dezembro 2007
- Novembro 2007
- Outubro 2007
- Setembro 2007
- Agosto 2007
- Julho 2007
- Junho 2007
- Maio 2007
- Abril 2007
- Março 2007
- Fevereiro 2007
- Janeiro 2007
- Dezembro 2006
- Novembro 2006
- Outubro 2006
- Setembro 2006
RAF,
Ninguém por aqui escreveu que algo “está a falhar”. Apenas que é um absurdo não reconhecer que existe “formação de preços”. Neste e noutros mercados. Quando ao que agora se passa, lamento, mas não vou especular. E você sabe tão bem quanto eu, se não melhor, que o que vemos não são apenas os reflexos do mercado em operação.
Caro LR,
“RAF,
Ninguém por aqui escreveu que algo “está a falhar”. Apenas que é um absurdo não reconhecer que existe “formação de preços”. Neste e noutros mercados. Quando ao que agora se passa, lamento, mas não vou especular. E você sabe tão bem quanto eu, se não melhor, que o que vemos não são apenas os reflexos do mercado em operação.”
Insisto, é óbvio que o preço se forma no mercado. A questão é: na sua opinião, como “deveria ser a formação dos preços dos combustÃveis (…) face ao actual mercado petrolÃferoâ€.
É que, tanto quanto me tenho apercebido, só vejo reflexos do mercado na operação. Acontece que o mercado nem sempre nos dá os preços que nós gostamos.
Vejamos:
Se eu tivesse uma frota de barcos, nesta fase, também cobrava mais pelo transporte, já que há falta de meios de transporte. Se eu tivesse uma refinaria, faria o mesmo. Se eu tivesse uma indústria que depende para funcionar da energia e de combustÃveis, e não tivesse capacidade de armazenamento, era capaz de me assegurar no mercado de futuros para que não me faltasse matéria-prima. A especulação tem uma razão de ser, é um fenómeno próprio dos mercados, assente na incerteza/escassez: quem investe tem a espectativa de ver alguém pagar um preço superior. Experimentem especular com areia do deserto.
Hmmm… portanto não anda por ai especulação com os futuros. E nada de estranho se passa com os preços de refinação do operador dominante. E não lhe parece que de tantos choques sofrer, este mercado ainda se desintegra?
Eu, por mim, até já mudei para uma casa com transportes públicos à porta 🙂
Mas isto é besides the point. Sendo este que o JM perorou em termos genéricos sobre a inexistência de formação de preços. O que nem sequer a todas as commodities se pode aplicar.
Caro LR,
Claro que há especulação com os futuros, porque há quem acredite que, daqui por uns tempos, vai conseguir vender as suas posições a ganhar dinheiro com isso. Há especulação porque alguém está disposto a pagar, hoje, para receber no futuro. Se vai ganhar ou perder, só o tempo o dirá. O mesmo se passa com a refinação, que face à necessidade de trasnformar o petróleo em combustÃvel para cobrir a procura, se tornou altamente rentável (na China, são cisntruÃdas duas refinarias do tamanho de Sines por semana).
O ponto é que ninguém é capaz de influenciar o preço futuro em seu benefÃcio, seja nos mercados de derivados, seja na refinação, ninguém tem uma posição dominante. O mercado petrolÃfero, tal como funciona hoje, excluindo o Cartel da OPEP, na produção, vê o seu preço formado por milhões de inputs diários, ninguém tem capacidade de manipular os preços. O que há, sim, são tendências que se acentuam, e que contribuem para a situação actual: dificuldades na distribuição, na refinação, na armazenagem, riscos geopolÃticos, factores que, no seu conjunto, acarretam incerteza e risco, pressionando os preços.
O que eu pergunto é: como é que o LR actuaria? Obrigava a GALP a refinar a um preço mais baixo do que é praticado no resto do mundo? Nacionalizava a GALP, agora que ela se tornou numa galinha dos ovos de ouro, para a privatizar novamente, quando tudo regressar ao “normal”? Apreendia os barcos que andam por aÃ, quando aparcassem nos nossos portos, para passarem a ir buscar petróleo para as nossas refinarias? Proibiam que houvesse gente que aposta nos futuros, com intuitos puramente financeiros, ou apenas para garantir matérias primas no médio prazo, aumentando ainda mais o risco (e, consequentemente, o preço)?
O que eu ainda não percebi, além da mudança de casa, é o que acha o LR que se deve fazer.
Agradecido,
RAF