Manuela Ferreira Leite sempre conseguiu infundir terror nos corações dos seus correligionários/adversários apenas por… ficar quieta e muda. Até a criatura mais sedenta de poder e holofotes — o menino chorão de Gaia — congelava temeroso à espera que ela arrancasse para uma qualquer corrida ao poleiro.
Não que seja certo que a sua catadura de poucos amigos ganhe eleições nacionais: o estilo mestre–escola severo é capaz de já estar fora de moda, num mundo rendido aos tecnocratas de ar decidido e sapiente como o nosso Primeiro. Isto sem falar das más recordações, que envolvem património do Estado vendido à laia de “pechisbeque” para retocar o Orçamento e a sua perene indisponibilidade para arriscar nisto da política a sério, longe da asa protectora do amigo Aníbal.
Mas nem a sua postura de política calculista e pouco corajosa assusta um partido viciado em figuras providenciais, desembarcadas em congressos meio por acaso. E lá estão os laranjinhas outra vez à míngua de salvador, dependurados de tabus e vagas de fundo em mar chão. Sem nada aprender depois de tantas desilusões com outros candidatos a D. Sebastião, como Santana ou António Borges, que se revelaram mais da mesma fancaria.
Mas Ferreira Leite é o líder certo para este PSD despido de ideologia, em que as ideias se resumem à fome de poder, em que Santana continua a ser levado a sério, em que uma má sondagem soa sempre a toque de finados, em que um chefe só o é se “sair bem” nos jornais, em que as facções apenas se distinguem pelos nomes que as animam. (E nem me parece que o mal seja geral: por cómicos que sejam os arroubos de Alegre, entre outras mansas dissidências, é impossível não encontrar ecos de diferendos ideológicos no PS.)
O estilo Manuela Ferreira Leite corporiza a liderança ideal para este novo grau zero da política. Afinal, trata-se da baronesa que ainda há pouco se viu beatificada por ovações frenéticas quando proclamou que o PSD só deveria apoiar medidas — certas ou erradas — que não dessem a ideia de que o PS tinha razão fosse no que fosse. Garantindo que o PSD “não deve servir de lebre ao PS” no tema da regionalização, que ao “pedir isso (a redução de impostos) estávamos a dizer ao PS que fizeram tudo bem, seria avalizar a política do PS”. Que não valia a pena ao PSD defender um referendo ao Tratado de Lisboa pois tal implicaria “uma campanha em que andará de braço dado com o PS”. A politicazinha paroquial no seu pior: interessa é fazer e falar diferente do outro e que se lixem pormenores como ter uma estratégia para o país, uma sombra de ideologia ou sequer um pouco de seriedade.
Menezes feneceu por andar por aí às voltas em busca de bandeiras, como um dervixe amalucado. Pobre “homem da carne assada”: esfalfou-se a correr atrás de mensagens, ideias, propostas (mesmo que esquisitas), quando afinal era tão fácil. Bastava fazer de conta que tudo é um jogo. Agora, a sua sucessora vai fazer uma excelente carreira com a mais simples das tácticas: dizer sempre o contrário do Governo, no matter what, jogar à política como quem conquista ruas no Monopólio.
novo cinco dias
acesso ao novo 5dias.net.- COLA O TEU CARTAZ, ACTIVISTA! 1. Imprime o cartaz. 2. Cola-o no local de trabalho, na escola, na mercearia, no café, na rua, onde te apetecer. 3. Fotografa-te, com os vizinhos, os amigos, o teu cão, junto do teu cartaz. 4. Envia-nos a foto para a página do Manifesto em Defesa da Cultura no Facebook e será publicada.
-
Comentários
- Raquel Varela em Bloco de Esquerda, os cães e as crianças
- Raquel Varela em O Cão de Hitler
- coronel tata em O Cão de Hitler
- Raquel Varela em O Cão de Hitler
Autores
- André Levy
- António Figueira
- António Mira
- António Paço
- bicyclemark
- Bruno Carvalho
- Bruno Peixe
- Carlos Guedes
- Carlos Vidal
- Cláudia Silva
- Eugénio Rosa
- o engenheiro
- Francisco Furtado
- Helena Borges
- João Labrincha
- Jorge Mateus
- José Borges Reis
- João Torgal
- João Valente de Aguiar
- Joana Manuel
- Manuel Gusmão
- Margarida Santos
- Miguel Carranca
- Morgada de V.
- Nuno Ramos de Almeida
- Paulo Granjo
- Paulo Jorge Vieira
- Pedro Ferreira
- Pedro Penilo
- Rafael Fortes
- Raquel Freire
- Raquel Varela
- Renato Teixeira
- Ricardo Santos Pinto
- Sérgio Vitorino
- Tiago Mota Saraiva
- zenuno
tags
15O 19M bloco de esquerda Blogues CGTP Constituição da República Portuguesa cultura democracia desemprego educação eleições Esquerda EUA Europa FMI greek riot greve geral grécia Guerra-ao-terrorismo humor i intifada mundial irão israel jornalismo liberdade Lisboa luta dos trabalhadores media música NATO new kid in the blog... Palestina parque escolar pcp Portugal presidenciais 2010 presidenciais 2011 PS psd repressão policial Revolução Magrebina Sócrates Vídeo youtubearquivo
- Julho 2013
- Janeiro 2013
- Dezembro 2012
- Novembro 2012
- Outubro 2012
- Setembro 2012
- Agosto 2012
- Julho 2012
- Junho 2012
- Maio 2012
- Abril 2012
- Março 2012
- Fevereiro 2012
- Janeiro 2012
- Dezembro 2011
- Novembro 2011
- Outubro 2011
- Setembro 2011
- Agosto 2011
- Julho 2011
- Junho 2011
- Maio 2011
- Abril 2011
- Março 2011
- Fevereiro 2011
- Janeiro 2011
- Dezembro 2010
- Novembro 2010
- Outubro 2010
- Setembro 2010
- Agosto 2010
- Julho 2010
- Junho 2010
- Maio 2010
- Abril 2010
- Março 2010
- Fevereiro 2010
- Janeiro 2010
- Dezembro 2009
- Novembro 2009
- Outubro 2009
- Setembro 2009
- Agosto 2009
- Julho 2009
- Junho 2009
- Maio 2009
- Abril 2009
- Março 2009
- Fevereiro 2009
- Janeiro 2009
- Dezembro 2008
- Novembro 2008
- Outubro 2008
- Setembro 2008
- Agosto 2008
- Julho 2008
- Junho 2008
- Maio 2008
- Abril 2008
- Março 2008
- Fevereiro 2008
- Janeiro 2008
- Dezembro 2007
- Novembro 2007
- Outubro 2007
- Setembro 2007
- Agosto 2007
- Julho 2007
- Junho 2007
- Maio 2007
- Abril 2007
- Março 2007
- Fevereiro 2007
- Janeiro 2007
- Dezembro 2006
- Novembro 2006
- Outubro 2006
- Setembro 2006
Pingback: cinco dias » Horse race politics à portuguesa
Pingback: O fim do PSD? « CODFISH WATERS