Depois da rendição do Japão a maioria dos 200 mil japoneses residentes no Brasil não aceitaram a capitulação. Para eles, o Império do Sol Nascente não tinha sido derrotado e as notÃcias, nesse sentido, não passavam de propaganda norte-americana. Durante mais de dois anos mataram e atacaram japoneses que reconheciam que o Japão tinha perdido a guerra. Mais de 120 mil imigrantes nipónicos integravam a principal organização, a Shindo Renmei, que organizou os actos que resultaram em 23 assassinatos e 150 feridos. Foi preciso uma repressão brutal para acabar com os irredentistas. A polÃcia brasileira prendeu mais de 30 mil japoneses para quebrar esta revolta contra a realidade. Durante muito tempo, circularam na comunidade japonesa no Brasil, jornais, comunicados e até emissões de rádio pirata que descreviam uma outra guerra: um conflito em que o Japão tinha triunfado, Truman fugido para o Canadá, MacArthur suicidado, Churchill a monte na Itália e o exército vermelho soviético desarmado.
A história desta epopeia é um livro fantástico do jornalista brasileiro Fernando Morais. “Os corações sujosâ€, o nome que os membros da Shindo Renmei davam aos japoneses “traidoresâ€, fornece um retrato vivo de uma comunidade imigrante que durante a Segunda Guerra Mundial sofre uma feroz repressão que consolida uma identidade quase total. Esta reacção, que a repressão agrava, produz uma ideologia que constrói uma realidade diferente do real histórico. É a força ideológica do nacionalismo, como ilusão total, que molda a percepção colectiva das centenas de milhares de japoneses que vivem no Brasil .
Quando a sede da Shindo Renmei de São Paulo é tomada pela polÃcia, são encontradas edições falsas da revista Life que reportam as vitórias do Japão, selos japoneses falsos comemorativos da vitória na Segunda Guerra Mundial. O mais fantástico é que os próprios falsificadores se manifestavam convencidos da veracidade da sua falsificação. A mentira era usada como uma arma de revelar uma verdade mais profunda: a suposta invencibilidade do Império do Sol Nascente.
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Bem fixe. Já tinha lido isto no “Já”?
Acho que não, o livro é recente.
Mais ou menos: tem 8 anitos…
Aguçaste-me o apetite, Nuno.
Devo ter uma edição recente, mas o que é isso para ti: um cabelo na tua marcação geológica digna de Matusalém ….e, para aquilo que interessa, o Já não existia há oito anos.
Nuno, isso é irrelevante. Certo é que já tinha lido um excelente artigo teu sobre o tema.
LuÃs,
É a primeira vez que escrevo sobre este assunto. Podes confiar, tenho poupado no LSD
Então, eu é que ando carente de ácidos. Ia jurar que li um artigo conexo no “Já”.
eheheh
O Livro é novo, o assunto sim, é velho, mas vale a pena ler para aqueles que querem entender melhor a saga dos japoneses no Brasil. O Shindô Remmei influenciou diretamente a história do meu Mestre, hoje com 79 anos,Budista, Sensei de Jujutsu e Kenjutsu.
Tadeu Sensei,
Fantástico, gostava imenso de conhecer a história do seu mestre. Não quer escrever sobre isso?
Com toda a consideração,
Nuno