As férias estão a acabar. Enquanto andei pelo País Basco, a região mantém a animação do costume. A polícia procura alegremente três ou quatro comandos da ETA. A morte de um jogador do Sevilha provocou uma comoção nacional. Durante dez dias, no Estado espanhol, morreram assassinadas três mulheres por antigos namorados: uma romena, uma brasileira e uma espanhola. Todas anavalhadas. Finalmente, em Hondarribia, onde me encontro, todos os anos desfilam, nas festas da terra, grupos de pessoas a tocar tambor. Tradicionalmente só os homens da terra descem à rua. Há uns anos, a organização permitiu os turistas do sexo masculino tocarem tambor. O problema foi quando um grupo misto, Jaizkibel, inscreveu-se no desfile. A reacção dos tradicionalistas foi muito dura. ‘Turistas ainda vá que não vá, mulheres com tambores nunca’. Privatizaram as festas para impedir o ultraje à tradição, mas os jovens da companhia mista não desistiram. Nos últimos anos, tem legalizado o seu desfile, no governo civil, como uma manifestação. Apesar disso, as coisas não têm sido pacíficas, a Jaizkibel só desfila com protecção policial e os tradicionalistas colocam plásticos negros ao longo do desfile para não verem as mulheres que ousam desfilar. O ambiente é soturno, uma multidão enfurecida que cobre a rua de negro para mostrar desprezo e insultam os marchantes por detrás dos plásticos. Ontem, a porta-voz do grupo, Garoa Lekuona, pediu às autoridades que impedissem os desacatos e não permitissem os plásticos negros. A reacção da câmara não se fez esperar acusou os marchantes de “serem uma minoria e de não poderem pretender calar a maioria, em democracia”.
Do ponto de vista político, a proibição das mulheres desfilarem tem um largo consenso democrático: PNV, PSOE e PP são contra a subversão. Só os comunistas e o ilegalizado Herri Batasuna são a favor das mulheres poderem tocar pífaro, tambor e o que lhes dê na bolha, pelas ruas. Uma coligação mais eficiente do que o pacto anti-terrorista, só, mesmo, a santa unidade dos que não gostam de ver as mulheres a tocar tambor…
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- Raquel Varela em Bloco de Esquerda, os cães e as crianças
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Só uma correcção. A espanhola, se é o caso recente que penso que é de uma mulher assassinada a navalhada em Madrid por um vizinho, não está claro que fosse namorado. Aparentemente o que ocorreu foi que um cão da senhora mordeu, ou o que seja ao homem, e o tarado não esteve com meias medidas… Já agora há um outro caso no mesmo período, creio que nas Canárias, em que um alemão foi morto pela companheira espanhola, acho que também a facada. Como vês tudo é mais complexo do que parece até uma “bobagem” dessas.
bela história, nuno. mas não percebi a conclusão. afinal quem é que é contra e quem é que é a favor?
Coloquem lá o bobagem entre aspas no final do comentário. Coisas (infelizes) do directo.
Rui Fernandes,
Os jornais têm a tua versão. A notícia de hoje falava de um “ex-novio”.
F,
PNV, PSOE e PP são contra que as mulheres desfilem. Comunistas e “terroristas” a favor. Capici
Neste caso deveria corrigir. Algumas coisas são tão simples como parecem.
Acho piada ao “terroristas”. Quer se queira quer não há uma tomada de posição política nessas aspas… Imagino que para ti os mullahs que apoiam, adoutrinam, propagandean, participam da organização, angariam fundos, etc, para Al Quaeda são também “terroristas”.
Rui Fernandes:
Importa-se de explicar melhor esse caso, pois essa história parece fantástica demais.
Nós conhecemos apenas os casos noticiados pelo Nuno. Há ainda uma coisa que me faz confusão, nessas histórias de faca e de alguidar nunca se fala de amor.
Rui Fernandes:
Nós temos outra versão da história passada nas Canárias. Quer contar a sua melhor? Nas histórias de faca e de alguidar nunca se fala de amor, é muito triste!
Rui Fernandes,
Eu chamo terroristas a pessoas que fazem actos terroristas, não a partidos políticos que são acusados de um delito de opinião. E mesmo no primeiro caso, por exemplo, o livro de estilo da BBC defende que nunca se use a designação de terrorista, coisa que por vezes eu, infelizmente, já não cumpro. Embora se fosse justo deveria noticiar coisas do tipo: “o exército terrorista israelita matou hoje mais cinco crianças palestinianas” e “um terrorista do Hamas faz-se explodir num autocarro matando sete civis…”
Eslarecido?
Esclarecido. Dizer que o HB apenas comete delito de opinião é esclarecimento suficiente….
ai as cinco crianças palestinianas… muito triste de facto, apenas não tenho certo de que a culpa seja toda nem na sua maior parte do “exército terrorista israelita”… suponho que como pessoa informada sabes a que me refiro, e não estou a falar de geopolítica….
Suponho também que te referes a posições dos partidos a nível local. Não estarás a tentar por omissão extrapolar conclusões sobre os mesmos a nível regional ou nacional? É este post uma declaração de simpatia por alguns partidos em oposição a outros? Dadas as tuas aspas e correspondentes justificações das mesmas fica a dúvida.
Quanto a pergunta sobre o alemão assasinado. Revi os detalhes. Aparentemente a mulher espanhola sofria de problemas mentais e o senhor alemão a deixava “dormir em sua casa”. Daí provavelmente se ter usado inicialmente o termo companheira como aproximação… caberia sempre a hipótese de uma história mais complicada, ou não.
Vejo que és do BE, eu acreditava que semelhantes doideiras de simpatias com a ETA já era coisa só PCP… me enganei. Ah, dizes que HB não é ETA? Está bem abelha.
Que bom, F.Câncio, que alegria, que emoção, sabermos que por Espanha, ou pelo Euzkadi, o povo se diverte com festas, tambores, e até há a excitação de uns contra outros por causa de mulheres que podem e querem mas não deviam tocar tambores, mas mesmo assim tocam, com pedidos no Governo Civil e escolta de polícia e tudo.
Pois, traga-nos disso. Assim ao jeito da Iola (nome pq é conhecida em Portugal uma resvista espanhola chamada Olá com ponto de exclamação de pernas para o ar no início).
Só não nos diga que por lá a gasolina é mais barata 35cts que por cá, só não nos diga que por lá os impostos baixaram, só não nos diga que por lá o desemprego está a diminuir, só não nos diga que por lá o país cresce a 4% ao ano, enquanto que por cá dizem que vai crescer 1.5 (o que é mentira, já sabemos; já estamos treinados a que o Governo minta, até já nem ligamos assim muito).
Em todo o caso fez bem em pôr as navalhadas no final, não fosse o pessoal, depois de ouvir falar em festas e tambores e mulheres, tudo coisas boas, continuasse por aí adiante e começasse também a pensar em preços da gasolina mais baixos, impostos e desemprego a diminuirem. Não é bom que esta gentinha peteta e maldizente caísse na tentação de continuar a comparação e perguntar PORQUÊ É QUE OS OUTROS TODOS ANDAM PARA A FRENTE, E NÓS FICAMOS SEMPRE PARA TRÁS?
Não, essas coisas, não. Se nos vem falar de Espanha, fale-nos antes de festa e navalhada. Isso sim.
Aliás, sem desprimor para o seu contributo para o divertimento e descontração dos objetos de sondagens, ontem aconteceu algo importante: o Benfica ficou apurado para continuar numa taça europeia, não sei bem qual, mas o pessoal sabe. Antes assim, o pão é pouco, mas pelo menos durante as próximas semanas o Governo não tem de se preocupar com manobras de diversão circence para distrair 6 milhões de trouxas.
Eu acho que deviam fazer uma lei que obrigasse os homens a deixarem as mulheres tocarem o tambor.
Lá está, uma oportunidade legislativa que não está a ser devidamente aproveitada.
Rui Fernandes,
Com todo o respeito que tenho por si, que vem ler o cinco dias e se dá ao trabalho de comentar, acho que você não percebeu a legislação espanhola. Para um tipo ser condenado a 7 anos de prisão, não é preciso que se prove que ele está ligado à ETA (arranjando dinheiro, recrutando, fazendo espionagem), isso dá muito mais anos; basta que se “prove” que faz apologia do terrorismo. Como se percebe essa figura jurídica é muito ampla e serve para processar muita gente.
Segunda coisa que você não percebeu, eu não apoio os actos terroristas da ETA, apenas não sou favorável que um Estado democrático se defenda ilegalizando partidos, nem organizando grupos anti-terroristas ou promovendo tortura.
Sobre o Hamas e Israel apenas lhe tentei explicar que a designação “terrorista” tem que ter regras. E para mim, essa regra é apenas se uma força aplica o terrorismo, seja um grupo ou um Estado, deve ser condenado.
P.Porto,
Bem-regressado. Gosto muito dos seus comentários (são sempre inteligentes, argutos embora eu discorde quase sempre) e agradeço o elogio (de me ter chamado Fernanda Câncio), agora o quê que tem o desenvolvimento da Espanha que ver com a parvoice do machismo? Desde quando o PNB branqueia qualquer disparate?
Eu tb viveria mt bem na Guipuzkoa que é a terceira região mais desenvolvida da Europa, segundo um jornal local, mas isso não me faz aceitar tudo o que aqui acontece…
Não te maçarei mais com os meus comentários já que percebi na tua “ironia” que estás um pouco irritado.
Caro Rui Fernandes,
Não me maças com os teus comentários, apenas me incomoda (moderadamente) que não te consiga fazer entender o meu ponto de vista. De resto, a piada dos blogs é poder dialogar com pessoas com ideias muito diferentes das nossas. Isso ajuda muitas vezes a pensar e a perceber que há outras formas de ver a mesma realidade.
a N.R.Almeida
As minhas desculpas pela troca, a si e à F.Câncio.
Eu disse “um pouco” 🙂
E quanto a fazer entender o teu ponto de vista… Eu acho humildemente que entendo (e o problema é em boa parte esse).
Mas o que eu estava buscando é que tivesses a coragem de o contar com todas as letras. Fico com a impressão pelo post e pelos comentários que não tens. E o digo sem ânimos de ofender.
ó nuno, tens de desculpar o p.porto. viu um post sobre uma coisa relacionada com mulheres, e com posições antagónicas sobre o que é ou não permitido às mulheres, e zás, como ultimamente a marta e a joana não têm andado por aqui, sobrava a câncio. nem o teu nome, ali, nem vivinho da silva, serviu de desengodo (sim, inventei agora). deixa-te mas é de feminismos senão ainda te obrigam a usar decote.
Caro Rui Fernandes,
Longe de mim ofendê-lo com a comparação, mas a sua posição tem a complexidade e a inteligência da de Bush: Se alguém acha que se os iraquianos querem ser independentes deveriam poder sê-lo e que a invasão, a guerra, as torturas e os esquadrões da morte são inqualificáveis e vão dar mau resultado…você espuma e diz, como a luminária de Washington, “você apoia o terrorismo, não tem é coragem de dizer…”.
Acho que ao contrário do outro, você tem neurónios suficientes para perceber que há mais cores no mundo para além do branco e do preto…
Mas é sempre um prazer ter a sua atenção.
Nuno, e ofensas a parte, agora és tu que estás extrapolando. O estado espanhol que é democrático não utiliza invasão, guerra, torturas ou esquadrões da morte… As acusações actuais sobre torutra por nacionalistas bascos radicais são muito pouco credíveis e os GAL foram um crime. Comparações um pouco absurdas, e que além do mais ignoram que os actos que descreves estão mais próximos da ETA que do estado espanhol. Transformar o HB e os comunistas bascos como nas correntes progressistas da sociedade basca isso sim é absurdo que é o que sugeres neste post. O HB e os comunistas bascos possuem uma representação miníma na sociedade basca. O PNV ainda não tem claro a dia de hoje internamente o que deseja para o futuro do país basco com duas correntes claramente uma independentista e outra nem tanto. Espanha é um país democrático em que todos vão a votos, fundado em uma constituição mas correspondentes estatutos referendada e aprovada em todo o território. O HB aceita-defende-promove o terrorismo desde uma posição minoritária de votos. Isto não tem nada de progressista. Os assassinados são dos outros (menos o PNV) que tu com a tua complexidade e inteligência, desculpa mas tinha de ser, rotulas de machistas.
Um coisa, eu nunca espumei… como te havia apenas me apercebi do que querias dizer de forma algo sutil, ao contrário imagino da maior parte dos teus leitores. O facto que considere grave o que tenhas dito e considere que no tema do terrorismo em sociedades democráticas se exige mais seriedade que a que demonstrastes é apenas a minha humilde opinião e sinceramente o facto de que enveredes tão rapidamente para a agressão rasca não te enaltece.
Mas lhe asseguro que não comentarei nenhum post seu de agora em diante.
Um abraço.
a F.Câncio
Fez-me rir, sem ironia, fez. Mas não seja assim, não tenho nada contra mulheres, bem pelo contrário. E também acho que sim, que as mulheres podem tocar os tambores que os homens tocam, no Euskadi ou onde muito bem quiserem.
O meu erro foi ter lido antes um comentário seu, dái a troca de nomes. Como se não bastasse, o texto tinha mais a ver csg do que com o NRA. E para vcs verem que quem lê os vossos posts vos associa a um estilo de escrita, nada como fazerem testes cegos sobre ‘quem escreveu o quê’ não assinando os comentários. Quem sabe as surpresas que vos estão reservadas. Este seria um caso, acho.
Bom, vale que certamente vcs não levaram a mal e eu estou desculpado.
As coisas que se fazem por debaixo da capa da tradição, Nuno, bolas.
Jorge e Filomena, antes que eu comece para aqui a disparar, o que quer dizer exactamente “Há ainda uma coisa que me faz confusão, nessas histórias de faca e de alguidar nunca se fala de amor”? É que tenho alguma dificuldade em associar faca e alguidar com amor, lamento.
Caro Rui Fernandes,
Estive 2 dias sem net e só agora vi o seu comentário. Lamento que se tenha ofendido. Não era minha intenção melindra-lo.
Volto a esclarecer que o facto de um Estado ser democrático, não o isenta de críticas. Muito pelo contrário, é preciso ser mais exigente com ele. É por isso, que muita gente condenou os antigos governos espanhois de criarem esquadrões da morte para combater o terrorismo (GAL) e a organizações de direitos humanos denunciam repetidamente o uso de tortura pelas autoriades do país vizinho.
A minha posição sobre o país basco e a ETA é muito simples: condeno qualquer acto terrorista e acho que a população que vive no país basco, tem direito a ser independente se assim o quiser.
Como sabe, resquício do franquismo, a Constituição Espanhola impede o direito à auto-determinação e faz o exército o garante da unidade de Espanha. É por isso, que apesar da Espanha ser uma democracia, vejo com preocupação as declarações do governo que pretendem impedir a feitura de um referendo, convocado pelo parlamento local. Na minha opinião, o referendo é um instrumento que tem funcionado muito bem em outras situações, como por exemplo no Quebeque…