Conhecem aquela do Bruce Springsteen “57 channels and there’s nothing on”? Como é evidente, refere-se à experiência de percorrer todos os canais disponíveis num televisor e não encontrar nada que desperte o nosso interesse.
Já vejo pouca televisão. Às vezes, a minha ideia de um serão bem passado é procurar coisas na web (nos primeiros tempos da world wide web eu e os meus fascinados amigos decidimos chamar-lhe uó-uai-ué, mas a designação nunca se expandiu para lá de uma dúzia de pessoas — ismael para e-mail teve um pouco mais de sucesso), imprimir textos mais longos, ver vídeos curtos, ir aos blogues. E o curioso está no seguinte: à vezes desisto e digo para mim “não está a dar nada de jeito na internet”. Isto coloca uma questão interessante acerca da realidade quantidade de informação e saciedade intelectual. Pergunto: “não está nada a dar” por causa de uma tendência humana para a homogeneidade? porque deixamos de nos surpreender? por pura incapacidade de acompanhar? enquanto era só TV, podíamos dizer que a culpa era do meio; e agora, é do emissor ou do receptor?
Como disse na semana passada o meu amigo Helder A., “a crescente complexidade do real requer uma redução drástica da nossa disponibilidade mental; em duas palavras, é preciso apreender menos para perceber melhor (no further comments, j’en peux rien pour vous, quem ainda não percebeu que meta explicador)”.
Helder A, és um clone do meu amigo Figueira, tentando traduzir as pérolas numa linguagem do povinho ignaro?
“De um Conhecimento Prudente para uma Vida Decente”
BSS