Enviado pela minha colega e amiga Maria Augusta Tavares, que participou no livro Quem Paga o Estado Social em Portugal? e que, entre outras coisas, lembra neste que os imigrantes são contribuintes lÃquidos para a segurança social portuguesa. Uma resposta decente à s inaceitáveis declarações do bastonário da ordem dos advogados.
«Ao afirmar que a imigração brasileira em Portugal é constituÃda maioritariamente por prostitutas o advogado revela preconceito e ignorância, caracterÃsticas que não fazem jus ao povo civilizado de Portugal. O objectivo deste senso comum é manter a desconfiança da classe trabalhadora portuguesa face à classe trabalhadora imigrante e assim legitimar a  ilegalização pelo Estado («sem papéis») de um sector da força de trabalho – migrantes – que por isso passam a receber menos e assim a ser uma pressão para diminuição salarial de todos os trabalhadores  Aconselho o senhor advogado a consultar a literatura portuguesa acerca das imigrações, uma vez que esta oferece inúmeras investigações qualificadas. Dentre as publicações mais recentes, recomendo ler Sónia Pereira. (2 010). Trabalhadores de origem Africana em Portugal: impacto das novas vagas de imigração. Lisboa, Colibri. Segundo essa investigadora portuguesa, os trabalhadores brasileiros, no mercado de trabalho português, podem ser encontrados, principalmente na construção civil, no trabalho domestico, nas limpezas, na restauração e no comércio».
Maria Augusta Tavares, Professora universitária (Brasil), ex pós doutoranda do Grupo de Estudos do Trabalho do IHC- FCSH/UNL.
Ao afirmar que o advogado afirmou que a imigração brasileira em Portugal é constituÃda maioritariamente por prostitutas, a professora revela dificuldade de compreensão da LÃngua Portuguesa, caracterÃstica que não faz jus ao seu perfil académico.
É desonesto alterar as palavras para deturpar o significado das que são utilizadas, qualquer que seja o interlocutor e, neste caso, além dessa má acção demonstra-se preconceito e falta de clareza intelectual pela forma como reagiu.
O zuruspa tem cera nos ouvidos, ou e mais um racista como o Marinho?
O homem diz:
‘Uma das coisas que o Brasil mais tem exportado para Portugal são prostitutas, entre outras coisas…’
A doutorada traduz: «Ao afirmar que a imigração brasileira em Portugal é constituÃda maioritariamente por prostitutas…»
A Raquel repassa para a História: «O Brasil o que mais exporta…é prostitutas»
E pena ter de o confirmar, mas muitas (não digo todas ) as brasileiras que têm vindo para Portugal, se não são de facto prostitutas… imitam muito bem! Que o digam, tantas e tantas mulheres portuguesas que, embora já não sendo novas, em termos de idade, viram o seu casamento completamento destruÃdo por jovens brasileiras, que “trabalhavam” em casas de alterne. Esses homens já de idade madura, deixaram-se “enfeitiçar” e pediram divórcio. Algumas brasileiras tinham menos idade do que as filhas destes homens. Infelizmente, conheço vários casos, deste tipo.Claro que estes “homens” só caÃram nisso porque o quiseram, mas eles foram atrás da sua juventude e alguma coisa mais, e elas, atrás do dinheiro deles. Nos casos de que tenho conhecimento, nenhum dos homens vivia com dificuldades…Foi um modo de ganhar a vida, mas nunca deviam destruÃr casamentos de mais de 30 anos. Eles, homens, não estão inocentes, mas elas…procurar homens que já tinham idade para serem seus pais!!!Há bastantes casos assim. O Dr. Marinho Pinto não fala em vão! Desculpem as outras que se portaram com dignidade….
Este Senhor está totalmente equivocado. Em primeiro lugar, o que é crime no Brasil é a exploração da prostituição. Em segundo, a notÃcia que ele leu é mentirosa: não há processo algum contra a garota.
parece-me justa a publicação da resposta de marinho pinto:
Importação de prostitutas
Há três semanas, comentei no programa “Justiça Cega”, da RTP Informação, o caso de uma jovem brasileira que vendera a sua virgindade a um empresário japonês. Insurgi-me contra a sordidez do caso e, particularmente, contra a hipocrisia do Ministério Público brasileiro que instaurou à jovem um processo por prostituição, ignorando o comprador e quem intermediou o negócio. Disse, então, que estranhava o processo, pois achava que a prostituição não fosse crime no Brasil e frisei que algumas das coisas que este paÃs mais exporta para Portugal são prostitutas. Tanto bastou para que, passados alguns dias, se formassem nas redes sociais matilhas de justiceiros, para me pôr na linha. Desde simples cidadãos cheios de certezas sobre mim, até algumas organizações cultoras do politicamente correto, todos me julgaram e condenaram sumariamente. Algumas dessas sentinelas esticaram-se em acusações pessoais tais como xenófobo, chauvinista, racista, insensato, mal-educado, preconceituoso, desrespeitador da mulher brasileira, misógino, etc.. Ao carnaval juntou–se também o embaixador do Brasil, que, 15 dias depois do programa, assustado com a ferocidade das matilhas, me invetivou também.
Se eu tivesse dito que o Brasil exportava bombas atómicas para Portugal ninguém se importaria, pois, apesar de a afirmação ser muito mais grave, ninguém acreditaria nisso. Mas como eu denunciei um facto que todos sabem que é verdadeiro, então caÃram o Carmo e a Trindade dos fariseus.
Não foi por acaso ou por lapso que eu falei em exportação. Não se trata da imigração de mulheres brasileiras que decidiram por sua conta e risco ser prostitutas em Portugal. Trata-se de mulheres que são exportadas por empresários brasileiros – que são importadas por empresários portugueses – como mercadorias, como objetos de prazer, como carne sexual para saciar os apetites de todos aqueles que fazem prosperar o sórdido negócio do sexo. São centenas ou milhares de mulheres, a maioria jovens na casa dos vinte anos, que são exploradas por empresários do ramo (proxenetas organizados empresarialmente e com poderosas influências nos dois paÃses), algumas das quais trazidas com promessas de trabalho decente, mas que acabam por aceitar a prostituição porque tudo foi meticulosamente organizado para acabar dessa maneira. Tudo isso, com a passividade vergonhosa das autoridades dos dois paÃses e com o silêncio de todos os fundamentalistas que agora se arranham de indignação.
Não há, em Portugal, vila ou cidade, desde as mais prósperas à s mais atrasadas, de norte a sul, do litoral ao interior, onde não exista uma bolsa dessa gigantesca rede de exploração de prostitutas brasileiras. Na orla das estradas, em bordéis improvisados, em lupanares bem dissimulados no negócio da noite, nas centrais de acompanhantes de luxo, anunciando ou não o aluguer do seu corpo na Imprensa, lá está o negócio, bem visÃvel, chamando a atenção, dando nas vistas. Os industriais do sexo são realmente muito poderosos em Portugal e no Brasil. Atente-se que não está em causa a prostituição como «profissão liberal» (não são criminosas as mulheres que decidem prostituir-se por sua conta), mas sim a sua exploração pela indústria do sexo.
Sublinhe-se que, há alguns anos, quando um grupo de jogadores da seleção nacional de futebol fez uma orgia com prostitutas brasileiras, espancando algumas delas, muitos negaram os factos dizendo que elas não tinham credibilidade por serem prostitutas. Na altura, insurgi-me (e a SIC também) contra essa postura e, numa carta ao então diretor da estação, defendi, contra ventos e marés, a dignidade e credibilidade das vÃtimas.
O que eu afirmei agora, na RTP, só é chocante porque é verdade. Bem mais chocante do que as minhas palavras é a realidade que elas exprimem e que muita gente quer esconder para continuar a fingir que a desconhece. Em vez de atuarem para mudar essa negra realidade, atacam quem a mostra. É a velha história de quem, apontando para um mal, vê os oportunistas e os idiotas úteis a olhar para o seu dedo, berrando em unÃssono que tem a unha roÃda. Quando a mensagem não agrada, agride-se o mensageiro.
in JN