Está previsto para 2013 o despedimento de 40 a 50 mil funcionários públicos a contracto a prazo. Pausa… Será que ouvi e li bem? Relvas já veio confirmar dizendo que talvez não sejam tantos, serão então 30.000?
A ir avante isto significará mergulhar ainda mais a sociedade na crise e no desespero, são dezenas de milhar de pessoas que vão para o desemprego, são as suas famílias e parentes que irão também sofrer multiplicando o efeito recessivo… será uma quebra no consumo e no comércio. Será um esforço adicional sobre a segurança social. Será a disrupção de inúmeros serviços públicos, que ao contrário de uma certa mitologia propagada pelas elites e seus lacaios intelectuais, actualmente já está com falta de pessoal e meios em vários sectores… Não tenho dúvidas, o FMI que já se enganou, está também redondamente enganado nestas previsões, para os próximos 5-10 anos nem recuperação tíbia existirá, a continuar esta marcha o caminho é a contínua destruição económica e social do país e do povo…
As próximas jornadas de luta revestem-se de uma importância fulcral. A marcha do desemprego da CGTP, o concerto dia 13, o cerco ao parlamento a 15O e a Greve Geral. Um dos objectivos imediatos é travar mais loucuras desesperadas por parte do actual governo, só o povo na rua e em luta pode travar a marcha rumo ao abismo. Ainda há alguma gente com a conversinha do “greves não resolvem… o pais está em crise não é altura de parar… temos de trabalhar…” Estamos a brincar ou quê? Trabalhar para quê? Para continuar a alimentar a oligarquia, para irmos mais depressa rumo ao precipício. Esta é daquelas alturas em que não dá. É preciso travar, é preciso parar e mudar de rumo.
É preciso também não esquecer nem perdoar! Relvas não é um palhaço ridículo, antes fosse, Relvas é o dono político deste governo, é um dos principais agentes da destruição da sociedade portuguesa… Se o povo não o derrubar (e ao restante governo) será ele a destruir o país e o seu poder só aumentará… Também convém não esquecer nem perdoar a figuras sinistras como esta, o despedimento massivo que se pretende é o seu sonho molhado e ele foi um dos muitos cães de fila intelectuais do regime que defendeu esta medida.
Um dos “comentários elementares” do meu último post, tem exactamente a ver com a questão do Euro e da União Europeia como elementos chave de opressão e exploração do povo. É até o comentário que desenvolvo mais. Para a discussão acrescento esta referência, mas sobretudo esta, que cito abaixo… muito em sintonia com o que disse…
Boa malha!
Sempre gostava de saber o que os sectários que combateram as manifs anti-relvas com o inacreditável e idiota argumento de “relvas no governo desgasta mais o governo”… têm agora a dizer…
Texto a aplaudir.
Só não iria ao ponto de colocar o miserável (é uma expressão correcta de um colega de página) Camilo Lourenço como pertencendo a uma esfera “intelectual”, seja lá o que isso quer dizer. É um sabujo de espinha vergada a todas as migalhas que venham com ele ter.
O resto, certo.
cv
(Já agora: enganei-me na colocação do comentário – que não é resposta a nenhum outro, apesar de estar alinhado como tal. E gosto muito da bandeira da UE a ocultar a suástica.)
O post é delirante, tipo “leu Lenine a mais e pirou”.
Vocês estão mesmo convencidos que vão organizar uma insurreição com ataque ao Palácio de Inverno, ou isto aqui é um jogo colectivo e ficcional, uma espécie de culto de política rectro, para se divertirem?
“A foz dos Rios: No dia em que a planície entre estes dois rios for inundada e as águas se juntarem numa mesma foz, a rua tornará ingovernável o país. É raro, vem pouco nos manuais, apenas nos melhores, mas está cada vez mais perto de acontecer.” JPP.
É a Cassandra do regime quem o diz… e tal como com Cassandra as suas profecias não serão escutadas e Tróia será consumida pelo fogo até aos seus alicerces!!! Que tal esta tirada? Delirante!
Delírio é achar que a status quo actual se irá manter, delírio é achar que as PPPs não irão ser tocadas, delírio é achar que os actuais partidos sairão incólumes desta crise, delírio é achar que as instituições Europeias e os tratados existentes não serão todos reformulados (para não dizer enterrados?), delírio é pensar que com a Troika às costas à solução para a crise…
Sobre tomadas de palácio de inverno, pode ser que cheguemos lá, mas tem calma, não será já já…
É importante que a queda do governo (que neste momento é uma questão de tempo) se deva à “Rua” e que haja essa percepção. É importante que seja bem claro que a “Rua” é que foi responsável pela queda do governo e não um qualquer golpe palaciano. Mesmo que ocorra uma jogada palaciana é fundamental, no mínimo, que seja na sequência directa da luta na “Rua”. Porque se assim for, muito maior será a influência da “Rua” sobre o próximo governo e as sua políticas, muito maior será a influência daqueles que estão com e apoiam a “Rua”. Para a “Rua” derrubar o governo os protestos, tal como no dia 21, têm de ser o mais possível directos com o regime. Em locias onde eles estão, em espaços e momentos onde se estejam a tomar decisões. Onde a acção de massas possa influenciar concrectamente e não apenas simbólicamente as decisões, que mais não seja pelo incómodo causado, sendo que se deve caminhar para o bloqueio directo do processo de tomada de decisão…
Isto sim é para já, depois pode até ser que se chegue à tomada do tal palácio… vermos o que estes tempos delirantes nos irão trazer.
Ah, trata-se portanto de ficção. Imaginemos então que o v/ colectivo, navega a onda da rua e numa conjugação perfeita de circunstâncias, até ganha com maioria as eleições seguintes ao colapso do regime (as circunstâncias perfeitas incluem, portanto, que vocês conseguem passar a perna aos nossos syrisas…). O próximo ministro das finanças será o nosso camarada Bernardino, um homem com qualificações para isso, atenta a sua precoce maturidade que lhe permite com propriedade definir a linha correcta sobre qualquer assunto. Claro que nessa altura já se percebeu que não conseguimos nem mais um euro de empréstimos internacionais, independentemente de, para alivio da Alemanha, já termos sido corridos do euro. O défice actual do Estado é de 6%. Como é que o Bernardino paga no mês seguinte os ordenados dos trabalhadores da função pública, dos professores do ensino público, dos maquinistas da CP, do SNS, etc, etc,etc?
Como isto é tudo a brincar, eu penso que o Bernardino não vai pagar no primeiro mês, mas no segundo sim, porque começaram a chegar as caixas de papel remetidas pela Imprensa nacional Casa da Moeda (não me refiro ao REGRESSO A KANT ÉTICA, ESTÉTICA, FILOSOFIA POLÍTICA) que valem 50% de um euro, enquanto a nossa dívida contraída em euros deve passar para 250% do PIB. Nessa altura o controleiro do v/ colectivo já vos terá segregado com muita reserva que, face à nova situação política, a continuação da desordem nas ruas tinha que dialéticamente ser abafada, sob pena do Bernardino ser defenestrado em directo no próximo telejornal. Ora os meus caros camaradas não são de alinhar nessa deformação burocrática e provavelmente alguns iriam continuar a publicar post inconvenientes, etc. Vocês que sabem tudo sobre insurreição, já estão a ver onde eu quero chegar…. aos marinheiros de Cronstadt, claro!
Como isto é um jogo ficcional colectivo, como acham que o sript prossegue?
Vindo de quem desdenha delírios, o acima exposto surpreende… O comentador entra num transe delirante que supera os oráculos da Grécia clássica! Fica assim exposta a lógica hipócrita das críticas feitas ao post. A crítica apontava para um delírio, mas agora sim vemos quem atinge o auge do delírio, qual feiticeiro zandinga expert na arte da adivinhação.O caríssimo, utiliza os truques de retórica falaciosos típicos dos fariseus.
O cenário acima exposto foi o que disseram que aconteceria caso a Islândia não pagasse a sua dívida… Hoje até o FMI lhe faz elogios… Essas fantasias são também de forma rotineira esgrimidas no pasquim da burguesia anglo-saxónica (economist) contra a Argentina… o que é facto é que o não pagamento da dívida e a desvalorização do peso foram componentes fundamentais para a recuperação que ocorreu desde que o FMI e seus compinchas foram escorraçados das pampas…
Sobre sacrifícios recomendo-lhe o final deste meu post. Ou este aqui.
Mas numa coisa o discurso dos vende-pátrias e da direita é verdade. Vai ser preciso fazer sacrifícios. Isso é algo que a Esquerda ainda não assumiu muito bem. De uma maneira ou de outra a população vai ter de fazer sacrifícios, a questão é, para quê? por quem? de que maneira? e de como serão distribuídos. Só depois de assumir isso, pode a Esquerda simultâneamente ter liberdade estratégica para propor reais soluções (sim, porque obviamente sair do Euro ou da União também terá os seus custos…) e ganhar alguma credibilidade (sim, porque quem é que acha que as coisas como estão irão durar?). Mais, a própria luta exigirá sacrifícios… do último verso da canção…
“For slavery fled, O glorious dead, When you fell in the foggy dew.”
Os problemas da esquerda portuguesa são tão ideológicos como psicológicos. No centro destes problemas está a União Europeia.
Somos europeus. Idealizamos esta identidade. Somos demasiado “avançados” para sofrermos a mesma sorte de latino-americanos, árabes e africanos.
Somos portugueses. Idealizamos também esta identidade. Somos demasiado importantes para sofrermos a mesma sorte das colónias africanas que até à poucas décadas subjugávamos.
Esta é a base ideológica de uma versão mistificada de “internacionalismo” e da oposição teórica a uma chamada “via nacional” de luta anti-capitalista.
Daí não querermos encarar a realidade de estarmos a ser vítimas de colonialismo que só se resolve com um processo de auto-determinação.
A social-democracia e seus discípulos reformistas utilizam confusamente a defesa de formas de luta à escala europeia para mascarar a adesão ao federalismo europeu que não é mais do que uma máscara para o colonialismo. A justificação teórica mistificadora para esta assimilação pelo colonialismo é uma falsa ideia de internacionalismo absolutamente desligada do exercício da soberania dos povos (da sua realidade) e da necessária auto-determinação.
Estas confusões, mistificações e traumas euro-cêntricos de antigos impérios contagiam uma parte significativa das forças marxistas e próximas do marxismo. A intelectualidade marxista é a principal afectada neste campo.
Voltam a Marx, esquecendo os ensinamentos de Lenine e de outros revolucionários do Século XX. Voltam a Marx sim, mas aos erros de Marx, à pre-adolescência do marxismo, incapaz de identificar o colonialismo e o imperialismo como alvos fundamentais da luta de classes. Erros corrigidos por Lenine e outros.
Tal como Marx desprezou Simon Bolivar, incapaz de entender a importância da luta anti-imperialista e anti-colonial pela autoderminação. Tal como no tempo de Lenine, alguns seus companheiros soviéticos criticavam estupidamente a guerra de libertação nacional da Irlanda (chefiada por grandes vultos do marxismo) e eram repreendidos por Lenine.
Enquanto as forças de esquerda não se posicionarem sobre este tema com a clareza que se posiciona o Partido Comunista Grego – não ao Euro, não à UE e não à NATO, saída imediata e exigência da dissolução de todas estas entidades – o trauma não estará resolvido.
Precisamos de encarar a realidade: somos portugueses e somos europeus, dentro de um esquema moderno e sofisticado (é certo) do mais velho colonialismo. Os antigos impérios e antigos colonizadores não estão imunes a estas coisas. E para um problema desta magnitude a solução passa sempre pela auto-determinação e por esta solução passará seja ela controlada por trabalhadores revolucionários marxistas ou por burgueses à procura de salvar os seus lucros.
Muito bom Rocha, sobretudo no desmonte dos internacionalistas de pacotilha dos anarcó-reformistas ou social democratas pró IV Reich.
Só é pena que fales do KKE, um triste grupúsculo sectário que não interessa nem ao menino Jesus… Mas sobre isso já discutimos em posts anteriores.
Independentemente de qual seja a tua opinião sobre o KKE, aquela posição é deles e merece ser discutida – eu até gostaria de citar outros partidos com esta mesma posição mas infelizmente são poucos e de dimensão inferior ao KKE. No meu entender não há posição mais correcta do que aquela.
Não basta ter a posição academicamente “correcta”, o correcto em política tem também haver com a capacidade de mobilização e de fazer engrossar, radicalizar e politizar o movimento. Certas palavras de ordem lançadas antes do tempo não passam do ridículo. Para mim faz sentido que o BE e o PCP não tenham agora a plavra de ordem “Fim do Capitalismo”, como não têm “Portugal fora do Euro”. Aliás sobre isso aconselho-te este texto: http://www.isj.org.uk/index.php4?id=854&issue=136
O não à Nato é aliás partilhado pela maior parte da Esquerda à Esquerda da social democracia. Quanto à UE e euro, acho que não são as palavras de ordem prioritárias, os partidos/movimentos devem ter bem claro aquilo que essas instituições são. Mas para já em termos de slogans/palavras de ordem a posição do PCP parece-me ser a que faz mais sentido “é preciso discutir”, a moção B do bloco também coloca bem a questão: “manter no euro se: x, y e z acontecer”… e já se sabe que o mais provável é x, y e z não acontecer… Assim se vai preparando o terreno para o inevitável.
Ou seja, parece-me que os partidos/movimentos devem ter a noção que o fim da opressão/exploração requer o não ao Euro, UE e Nato, mas a política de alianças e as palavras de ordem a lançar devem ser as adequadas a cada momento, ao avançar da luta e ao aumento da consciência das massas que se faz mais na luta do que em qualquer sessão de propaganda (embora isso tb seja necessário)
É curioso que a tua linha de argumentação sobre não serem palavras de ordem prioritárias é me muito familiar nas discussões entre camaradas do PCP, sobretudo em dirigentes que desejam ter debates mornos e análises extremamente lentas para se actualizarem.
Acontece que não são apenas palavras de ordem. São também temas que estão demasiado ausentes do próprio debate interno de partidos comunistas, marxistas e de esquerda – da esquerda em geral. E estão ausentes porque são um tabu.
O problema de tentar pôr paninhos quentes nas palavras de ordem, porque supostamente “o povo não está preparado” para entendê-las, é que isso não atrasa só a consciencialização do povo mas também dos próprios militantes e quadros da esquerda anti-capitalista.
Além disso a questão do euro-UE é uma questão urgente e inadiável, é necessário falar com toda a clareza sobre ela, porque o povo evidentemente exige respostas e alternativas. O momento é agora.
Pelo momento ser agora é que já ando de à muito para cá a bater esta tecla, se fores veres os meus posts constatarás de que este é um dos assuntos sobre o qual mais falo. Também verificarás que na última convenção do BE, o tema que escolhi para minha intervenção foi este. Percebo a tua preocupação, nomeadamente quando dizes é que isso não atrasa só a consciencialização do povo mas também dos próprios militantes e quadros da esquerda anti-capitalista.. Estava apenas a argumentar o seguinte:
– Percebo muito bem que essa não seja a palavra de ordem central. Mas, como disse no post anterior a Esquerda não deve atar ainda mais o nó à volta do pescoço, logo não deve contribuir para o discurso “a saída do Euro é o Apocalipse”. Deve questionar a participação no Euro, deve explicitar as desvantagens de lá estar e as vantagens de sair. Mas essa não é a reivindicação nº1, será uma consequência de atingir os objectivos principais…
– Não me parece que a política de Alianças, nesta fase, deve ser feita a partir de quem está contra ou a favor do Euro. Neste momento a linha divisória é a Troika e não o Euro.
– Deve se ir fazendo pedagogia dentro do movimento tendo em vista: a consciencialização do povo mas também dos próprios militantes e quadros da esquerda anti-capitalista… Estes posts têm exactamente esse objectivo.
Gsotei bastante do post e da discussão gerada (o “transe delirante e hipócrita” de alguém não conta).
Não que concorde com tudo o que foi dito. Mas pela honestidade e frontalidade das questões abordadas, com um objectivo comum:encontrar as ideias e juntar forças, para derrubar o governo e construir um outro caminho radicalemnte diferente do seguido até aqui.
( ah, e essa da Cassandra do regime…. Chapeau!)