A questão chave da sociedade portuguesa hoje é e sempre foi o trabalho, o trabalho dos que trabalham e dos desempregados, dos que produzem e dos que existem para baixar os salários daqueles que produzem[1]. Este contingente é hoje o maior de sempre e atinge franjas impressionantes da sociedade. Portugal tem hoje entre trabalhadores empregados e desempregados 5.481 000. Mas destes, estão desempregados 1.350 000[2]. O desemprego jovem (14-25) oficial é de 36, 2%, com destruição de vidas que se prolongam «jovens» até aos 40 anos em dependência da ajuda familiar com efeitos psicológicos e emocionais talvez irreversÃveis. Trabalham por conta de outrem 3. 662 000. Todos os restantes trabalhadores, cerca de 40% do total da força de trabalho, trabalha a contrato com termo (607 000), recibos verdes, entradas e saÃdas no desemprego e sub emprego. Isto significa que estão em situação precária ou desempregada quase metade da força de trabalho. Acrescente-se a isto que 500 000 portugueses ganha o ordenado mÃnimo, 432 euros lÃquidos, o que em muitos casos, nas cidades, tem que ser acompanhado de apoio estatais (rendimentos mÃnimos, distribuição alimentos), porque para quem não tem um pedaço de terra de subsistência o ordenado mÃnimo já não é mÃnimo (segundo cálculos da ONU) mas abaixo do limiar da subsistência[3].
Em 2007, antes das medidas da Troika, «Um quinto dos portugueses vive com menos de 360 euros por mês. E 32% da população activa entre os 16 e os 34 anos seria pobre se dependesse só do seu trabalho». Em 2012, este número tinha subido para 1/3 das famÃlias portuguesas, consideradas no «limiar da pobreza e sem expectativas»[4]. Passou-se, oficialmente, de dois milhões de pessoas a viver abaixo do limiar de pobreza para 3 milhões. Em 2007 a falta de comida já «afectava 97 000 crianças por dia»[5].
[1] Marx conceptualiza os desempregados como super população relativa ou exército industrial de reserva. O desemprego é uma forma de regular os salários porque pressiona os salários dos trabalhadores no activo para baixo.
[2] http://www.movimentosememprego.info/
[3]In Diário Económico, 16/10/2007, http://economico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/edicion_impresa/economia/pt/desarrollo/1046490.html
[4]In Diário de NotÃcias, 28/6/2012http://www.dn.pt/bolsa/interior.aspx?content_id=1605098 e também i online, 1477/2012 http://www.ionline.pt/dinheiro/pobreza-tres-milhoes-vivem-menos-500-eurosmes
[5] In Jornal de NotÃcias, 7/6/2010 http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1587203
“Marx conceptualiza os desempregados como super população relativa ou exército industrial de reserva. O desemprego é uma forma de regular os salários porque pressiona os salários dos trabalhadores no activo para baixo.” A designação não era “lumpen”?
O ordenado minimo sempre foi abaixo do limiar da subsistência.