(Camille Claudel)
Pacheco Pereira (nome que é uma contradição nos termos com “arte”) pareceu-me há pouco incomodado com o facto de Maria Teresa Horta não aceitar receber das mãos de Pedro Passos Coelho (e aqui, logo no nome escrito, de imediato me sobrevém o asco de que falava Kant) o prémio literário D. Dinis.
Note-se que Teresa Horta aceita o prémio (parece-me lógico, o prémio é-lhe atribuÃdo pelos pares, poetas, escritores e a autora tem orgulho no prémio – para ela não faz sentido recusá-lo). Dizia P. Pereira, pareceu-me (eu tinha ruÃdo junto à televisão, um gato descontente com a imagem…), que Passos era o “primeiro-ministro” eleito com legitimidade, goste-se ou não. Agora vai ser interessante acompanhar este caso. Julgo que a autora não receberá o merecido prémio daquelas mãos (quem o receberia???). As mãos de certa personagem não devem nem podem sujar um prémio que custou a ganhar, ou seja, Passos, que não é piegas (pois não?), vai ter de sair de cena. Aqui, como em todos os lugares, o homem que nos ofendeu e convidou a emigrar vai ter de desaparecer. Já.
Ou será que além de transferir milhões do trabalho para o capital também vai querer para ele o Prémio D. Dinis???
Não contes do meu
vestido
que tiro pela cabeça
nem que corro os
cortinados
para uma sombra mais espessa
Deixa que feche o
anel
em redor do teu pescoço
com as minhas longas
pernas
e a sombra do meu poço
Não contes do meu
novelo
nem da roca de fiar
nem o que faço
com eles
a fim de te ouvir gritar
(TERESA HORTA, “Segredo”, de Minha Senhora de Mim, 1971)
Mantém-se igual a si própria, a querida Maria Teresa Horta ! A mesma dignidade. Grande mulher !
Não percebo é a ‘satisfação’ que sente com o juri que lhe atribuiu o prémio onde perfila, adivinhem: Vasco Graça Moura? A sério? Os disparates que essa personagem larga não lhe dão pó? Ok…
Não é premier mas as posições que defende não andam lá muito longe.
Não percebo o que se passa com Graça Moura, camoniano e tradutor de Dante…
Por exemplo, eu (falo por mim) tenho uma admiração superlativa por Agustina (como Teresa Horta também a tem, certamente) e não consta que a romancista seja de esquerda.
Seja como for, mãos sujas são mãos sujas!! Percebido?
Pelo menos é totalmente contra o acordo ortográfico e isso é de louvar. Falo do Sr. Moura como é óbvio.
Não percebi.
Mas sabes que mais, não te dês ao trabalho.
Não me vou dar, lá isso não vou.
(Além disso, VGM traduziu Villon, vagabundo, homem de espada, amante do alcool, poeta maior – coisas da vida: vai um poema do Villon?, ou do VGM??)
esta postura já vem de longe.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Novas_Cartas_Portuguesas
Simplesmente Maria Teresa Horta , mulher de colhões. Coisa que falta cada vez mais aos homens.
Mas se a alma romântica, que não é mais que um estado nostálgico da fé, toma consciência de si própria ao colocar a sua paixão como um absoluto, de maneira que o estado patético se torna nela função de viver, a alma sádica, essa, já só toma consciência de si mesma pelo objecto que exaspera a sua virilidade e a constitui no estado de virilidade exasperada, a qual se torna igualmente uma função paradoxal de viver: ela só se sente viver na exasperação.
Bem, já percebi, mais do mesmo… gostava de saber como é que “V.Exªs” conseguem dormir.
Má frase e mau comentário. Porque a insónia não deixa de ter algo de narcótico, de belo e êxtase. As manhãs são muito difÃceis, mas as insónias são um pouco do que eu disse.
De qualquer modo, tudo é difÃcil até (raramente ou nunca) produzir, escrever, algo que se aproveite.
(E. Cioran)
Cioran e Debord: Cioran pela insónia (e cumes do desespero), Debord pelo alcool das manhãs catastróficas e sublimes.
Eu, carÃssimo Vidal, que já morri de amor umas trinta e seis vezes, sete das quais por Portugal, dizia, jamais louvaria Teresa Horta. E se Passos Coelho concorre para a destruição de Portugal, eu, secundo-o fanaticamente!!
Teresa Horta é uma poeta (ela diz poetisa) de fino recorte erótico. O poema que escolhi (que também foi escolhido por Eugénio de Andrade numa antologia conhecida) é de uma simplicidade e depuração desarmantes. Vale a pena, acho, relê-lo.
O seu statement, caro Justiniano, é retumbante, com algo de deslumbrante: quer dizer, tendo (mais vezes do que deveria?) a subscrever a sua segunda parte.
Às vezes, como dizia, por “iberismo” ou niilismo tendo a ver com prazer isto a afundar-se e a desaparecer, entrando naquele tÃtulo do filósofo de um espectador de um naufrágio, um “naufrágio com espectador”.
Bem haja, de novo,
cv
(Já agora, bom amigo, o post também é um humilde louvor a Camille Claudel.)
Um post belÃssimo caro Carlos Vidal.Pelo poema, pela reprodução da escultura,pela referência à digna e frontal posição de Maria Teresa Horta.
Perante tal quadro remeto-me ao quase-silêncio, nem valendo a pena ouvir ou ler as hienas histéricas carpir pela (não)honra ofendida do serigaito de serviço.
É bom respirar ar fresco.Limpa a alma e encontra-se um fio perdido ou nunca encontrado.
Diz poetisa e diz bem, caro Carlos Vidal.
Isso de uma mulher querer ser poeta é o mesmo que querer ser escritor, médico, juiz e ministro.
Se a lÃngua admite femininos, torna-se peregrina esse empastelamento do género.
E Maria Teresa Horta é demasiado séria para usar a palavra inocentemente.
Ora, carÃssimo Vidal, a grandeza da derrota, belÃssima figura!! E a piada do Blumenberg, que aqui bem aplica, como sempre, reside na figura do conforto distante do observador passivo!! Assistir de camarote!! Mas não!! Eu iria mais longe, com claque, fanfarra, trompetas, ódes e hinos!! A desgraça em tons de festa!!
Fala-me de desgraçar a própria desgraça, desde dentro, protagonizar o torvelinho que nos consome: é um adepto do Villon, está visto (o Villon de que falei atrás a um descuidado comentador).
O mote está dado, desobediência civil.
É o futuro próximo e imediato desta comunidade chamada “Portugal” e não há outro (futuro).
É o nosso imperativo categórico.
Eu julgo que se esta senhora fosse tão conhecida como o Marcelo e lhe dessem o mesmo tempo de antena, que ela não ficaria de braços cruzados a ver o barco passar.
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