Estamos a horas da manifestação dos “indignados”, que espero conte com uma grande participação. Dado o largo espectro de personalidades a apoiá-la, o real nÃvel de descontentamento entre a população em geral, incluindo os apartidários e não sindicalizados, a gravidade das medidas impostas pelo governo, e a sua incapacidade para resolver os problemas do deficit e dÃvida usados como pretexto para impor medidas de retrocesso civilizacional, a manifestação tem todas as condições para uma grande mobilização e ser um evento marcante no contexto mais alargado da luta dos Portugueses por uma alternativa polÃtica. Não creio que essa alternativa surja do seio desta manifestação ou sua plataforma promotora, dada o seu esquelético manifesto, e o seu espectro ecléctico e desestruturado (que oferece potencial mobilizador, particularmente de pessoas que não participam noutro tipo de manifestações, protestos e lutas, mas dificulta o seu futuro enquanto movimento polÃtico).
Seguem-se outras lutas. A Semana Nacional de Luta pela Cultura, Contra a Austeridade, nos dias 24-28/Setembro. As lutas convocadas pela CGTP para o dia 29. E outras que certamente virão a seguir.
Dado este contexto, e ainda que tenha bem presente as limitações de sondagens, particularmente as feitas por telefone, não deixa de ser decepcionante ver os números da última Eurosondagem, reportada no (excelente) blog Margens de Erro.
PS: 33.7% (+0.7)
PSD: 33.0% (-1.1)
CDS-PP: 10.3% (+0.2)
CDU: 9.3% (+0.5)
BE: 7.0% (+0.4)
Por um lado, o fraco reforço das forças de esquerda (onde não incluo o PS), sendo que reconheço que nestas sondagens os números destas forças são em geral subestimações. Mas sobretudo, o insignificante declÃnio do PSD (que recordo ganho as eleições legislativas de 2011 com 38,6%). Há claramente uma diferença entre a opinião da cidadania e do eleitorado. Os cidadãos queixam-se que os polÃticos e partidos são todos iguais (opinião da qual não partilho, e contra a qual já contra-argumentei noutros textos); o eleitorado parece votar sempre nos mesmos. Não se encontrará alternativa para o paÃs entre o Dupond e Dupont, onde entre incompetência e ignorância, desrespeito pela soberania de Portugal, servilismo à s forças económicas nacionais e europeias,  falta de visão e sinal de discussão polÃtica interna (PolÃtica, não politiquÃce) não se vislumbra ventos de esperança e futuro.
É necessário uma grande e alargada frente alternativa de esquerda. Mas, repito, na minha opinião, esta não irá surgir como fruto do movimento da manifestação de hoje. A coluna vertebral dessa frente terá que contar com os partidos de esquerda, os sindicatos, os movimentos de cidadãos, de utentes, associações em defesa da paz, da cultura, etc. Sendo evidente que no seio dessa frente tem de haver lugar e espaço para as largas camadas de cidadãos “desalinhados” também descontentes com a actual polÃtica e prontos a contribuir para um futuro melhor.
Meu amigo André,a vida é feita de lutas.Não podemos contar , com aqueles que têm medo
de levar a LUTA até ao voto.
A LUTA CONTINUA
Sim, e a há que admitir a possibilidade da verdadeira transformação não vir pelo voto.
André Levy,
“forças de esquerda (onde não incluo o PS)”, tem razão. O PS não é um Partido de esquerda. Nunca foi. Sendo um Partido social-democrata, é um Partido de direita moderada, reformista, com preocupações sociais, mas que não está interessado na modificação da estrutura social (relações sociais de produção e troca…). O PS, de Soares, Jorge Sampaio e outros continuadores, não está nada interessado em mudar de paradigma social e económico. Para eles o ‘slogan’ é: a burguesia sempre no poder.
Cumprimentos
Armando Cerqueira
Deixa-te disso pá. A maioria do pessoal do PCP ou do BE não alinha nessas sondagens. Sondagens por telefone ? tem dó
Aparentemente, a maioria do pessoal do PCP e do BE não só não alinha nessas sondagens como não alinha nessa coisa chamada eleições, porque os resultados obtidos por essas forças polÃticas em todas as eleições são idênticos a estes…
Eu percebo Pedro.
Ontem, ficou com as orelhas a arder.E só lhe saem estas iluminações.
Vá-se habituando.
É dificil acreditar numa Esquerda, quando há uma Bloquista que anda em “viatura com condutor” pago pela Assembleia da Republica. É dificil acreditar num PC que nao defende os Trabalhadores (aqueles que trabalham e produzem riqueza) mas sim os não-trabalhadores (aqueles que recebem subsÃdios e que gastam a riqueza). Em qualquer paÃs comunista seriam obrigados a trabalhar, fosse no que fosse, de modo a tornarem-se úteis. . Que aconteceu com a reforma agraria? O PC abandonou-a pois dava demasiado trabalho lutar a mantê-la. Esta Esquerda é tão podre como a Direita. Valem todos o mesmo. Só em Portugal. Porquê? Porque nesta Republica das Bananas apenas interessa chegar ao poder, para poder explorar tambem
Caro JPB
Quem são aqueles que você diz que “recebem subsÃdios e que gastam a riqueza” e são apoiados pelo PC? Pergunto seriamente, para entender o seu argumento. Não posso estar em crer que esteja a pensar na banca, dadas as posições públicas tomadas pelo PCP. Refere os “não-trabalhadores”. Está a pensar nos desempregados que recebem um subsÃdio de desemprego de miséria?? Está a criticar o PCP por apoiar os trabalhadores que são despedidos, e não conseguem encontrar novo emprego?? Só me fico porque aqui porque custa-me a crer que seja neste grupo que você esteja a pensar.
Então você acha que o processo de reforma agrária após o 25 de Abril terminou porque o PCP se cansou? Acha que de entre todos os actores nesse processo foi o PCP, a força polÃtica que mais apoiou e defendeu esse projecto dos trabalhadores agrÃcolas, o responsável pela sua falência. Não foi a Lei Barreto e o PS, não foram as manipulações e abusos da lei de sucessivos governos da direita que não descansavam quanto não esmagavam as cooperativas, não foi o uso da violência da GNR e institucional, etc. Diga-me que momento simboliza para você o “abandono” do PCP do seu apoio da reforma agrária?
O PCP tem ambições de influenciar o poder polÃtico sim, para poder espoliar as grandes fortunas, por fim à exploração e continuar o sonho que Abril abriu de uma paÃs de justiça social.
Um comentário à altura.E ainda por cima com classe.
Gosto.
Eu provavelmente não teria essa calma.Porque as misturas que JPB avança, escondem geralmente outra coisa.Podre,claro está
JPB,
Tás todo baralhado…trata-te.
Sobre a reforma agraria, fala com o (grande filosofo) Antonio Barreto que ele explica.
Olha em Portimão foi assim: http://marafade.blogspot.pt/
Atina porra
🙂
Conversa da treta. Estou farto de me cruzar com essa bloquista nos transportes públicos (como aliás, já me cruzei várias vezes com Louçã e Bernardino Soares). A tipa foi em serviço e não tem carta.
Já agora estamos como um antigo chefe meu que ficou muito irritado por uma estagiária não ter carta para ir onde ele queria, tendo dado ordem para que daà em diante só aceitassem estagiários curriculares e à borla com carta.
Bem pensado e bem escrito, André!
Barreto?
O criminoso que enviou a GNR para assassinar Caravela e Casquinha que defendiam a Reforma Agrária…