“A produção pode ser sabotada de várias formas: nas Eaux de Vittel, em 1970, várias tinas de água foram cheias de sabão; garrafas de água foram perfuradas e chegaram vazias ao seu destino. Numa outra fábrica, uma tonelada de pasta dos dentes foi espalhada no fundo do processador e perdeuÂ‑se. Material perdido após uma paralisação de trabalho: em Maio de 1971 os trabalhadores de uma das fábricas de SaintÂ‑Frères descontinuavam as operações várias vezes por dia; todos os dias as máquinas paravam, o plástico solidificava e tornavaÂ‑se impróprio para ser utilizado. Na Primavera de 1975, as carrinhas de entrega que transportavam os jornais Parisien libéré foram atacadas e o jornal destruÃdo. Noutros sÃtios, as hospedeiras queimaram deliberadamente as camisas dos passageiros enquanto as passavam a ferroâ€[1].
[1]  Dubois, Sabotage, pp. 28Â‑29 cit por Van der Linden, «Greves» In VARELA, Raquel, NORONHA; Ricardo, PEREIRA, Joana Dias, Greves e Conflitos Sociais no Portugal do Século XX, Lisboa, Colibri, 2012. O roubo de bens afecta obviamente os empresários de uma forma semelhante, ao provocar uma considerável perda de valor.
A questão não é sabotar as empresas. A esmagadora maioria delas já está a ser sabotada pelos bancos que lhes cortam o crédito mesmo com juros agiotas.
A questão é sabotar os bancos, o centrão polÃtico (mais o penduricalho PP), os Media venais e os legisladores a soldo (estejam nos grandes escritórios de advogados, estejam na Assembleia).
Como sabotar estes cancros? Está mais que provado que as manifestações pacÃficas, os cartazes, as palavras de ordem e as cantigas de protesto são completamente inúteis.
Resposta tÃpica de um anti-semita. Desviar o foco da luta de onde realmente os trabalhadores têm poder, podem controlar o processo e onde são explorados para atacar fantasmas.
A questão é simples. A esquerda tem um caminho… o braço armado
Sem dúvida o único caminho para a verdadeira esquerda!
Logo que tenha tomates para isso…encontrar-me-Ã do outro lado da mira!
Epah! Se a situação vier a evoluir por aÃ, leve consigo um cartaz “Eu sou o JgMenos!!” que é para eu poupar uma bala…
Só ao poder é permitido disparar. Eu proponho a inversão do paradigma. Agorinha mesmo!
Absolutamente de acordo, Alfredo Camargo!
Num paÃs em que os polÃticos, legisladores e comentadores mediáticos estão na sua esmagadora maioria a soldo do Grande Dinheiro, só existe uma solução para resolver a «Crise» – a violência cidadã.
Somos 10 milhões contra algumas centenas de sanguessugas…
Caros amigos
Em minha humilde opinião, não é necessária nenhuma revolta popular.
Bastava a eliminação de uns poucos ( cinco a seis ) bem escollhidos, para servir de exemplo aos que cá ficavam.
Estes que sobravam, punham o rabo enre as pernas, e fugiam a ganir como cães aterrorizados.
Alguem será macho o bastante para fazerr o serviço ???
Não se podia ficar aqui em Portugal ………. tinha-se que fugir para o Brasil, e mudar de identidade ( comprando de alguem já falecido – isso é possivvel no Brasil ), e nunca mais voltar ou contactar com ninguemm em Portugal.
Um abraço a todos.
E qual iria ser o resultado de se praticarem sabotagens isolademente na atual conjuntura? Isso nunca levou a nada em parte nenhuma. Primeiro tem que se consciensalizar e mobilizar as massas e depois passar à ação, que até pode ser a luta armada quando existirem condições para tal.
Com esse tipo de raciocionio um especialista em eletricidade põe-se a rebentar torres de transporte de energia de alta tensão, postos de transformação, centrais e subestações. O que vem a seguir com esse tipo de ações isoladas? É dar argumentos às forças dominantes para repremirem ainda mais.
Se está mesmo interessada em avançar com a ideia de fazer sabotagens, faça-o por sua conta e risco. Ingredientes não faltam no mercado para provocar grandes estragos.
Se estiver decidida em ir para esse tipo de luta sozinha eu ensino-lhe como se fazem alguns “brinquedos” desses.
Como historiadora não acha que fazia um melhor serviço se se dedica-se a formar e informar em vez de instigar as pessoas a praticar disparates? Onde foi que esse tipo de ações que propõe triunfaram?
Caro Carlos Carapeto, não há como ler o resto do ensaio de Marcel Van der Linden, bem como os outros textos contidos no livro, para encontrar algumas hipóteses de resposta às suas questões.
Como historiadores, optámos por dar a conhecer a um público tão amplo quanto possÃvel o conjunto de práticas de conflito social e laboral observáveis ao longo da história. O debate estratégico acerca da conveniência desta ou aquela prática pertence a todos os que habitam o presente e se confrontam com situações concretas que nem este nem qualquer outro livro podem antecipar e esgotar.
Uma coisa lhe digo, provocar o maior dano possÃvel a um adversário com o menor dano possÃvel para si próprio sempre foi um dos objectivos de qualquer conflito digno desse nome. E se há coisa que as forças dominantes demonstraram já à evidência é que não precisam de pretextos para reprimir.
Ricardo Noronho não pretendo retirar-lhe o mérito como historiador, mas não é isso que o vai habilitar a julgar-se dono exclusivo da verdade histórica.
Nunca mas mesmo nunca na história da humanidade as ações isoladas conseguiram desencadear mudanças sociais profundas e ainda menos fazer despoletar revoluções.
Lembre-se do fim tragico de Rosa Luxemburgo, conhece o caso daquele Anarquista (muito admiro a sua coragem) que durante vinte anos sabotou linhas de transporte de energia na Catalunha. Qual foi o resultado? Acabou por ser assassinado!
Carlos Marighela! Qual foi o desfecho?
Meu caro a luta tem que ser consertada para ter expressão e alcançar exito.
Como disse aà para trás, primeiro há que consciensalizar as massas, mobiliza-las e depois sim passar à ação.
Pode ser que ainda tenha-mos outra ocasião para voltar-mos a este assunto.
Num paÃs onde a esmagadora maioria das empresas são pequenas e médias, sem relevo nem expressão ao nÃvel do tráfego de influências e negociatas dos grandes grupos económicos, este tipo de acção só iria prejudicar ainda mais os próprios trabalhadores.
A luta tem que ser levada não ao pequeno empresário que luta como qualquer trabalhador com o seu suor para manter o negócio à tona mas sim aqueles que continuamente pairam na sombra, sempre prontos para aparecer “na altura certa com o negócio certo”…
Isto não é o século XIX!!!! É preciso evoluir, há outras formas de luta…
A sabotagem tem origens bem proletárias:
Sabotagem vem do francês “sabotage” que por sua vez tem origem em “sabot”, um calçado de madeira – um tamanco – que era o usado pelo/as operário/as industriais…
Não é que em muitas lutas o/as operário/as costumavam paralisar a produção das fábricas colocando os “sabot” nas engrenagens das máquinas?
Se andamos “de tanga”, não faltará muito para andarmos de “sabots”…
Se a vida te deu “limões”… faz “limonada”.
Sabotagem vem de “sabot”, os tamancos que os artesãos atiravam contra as engrenagens dos teares industriais. A sabotagem foi o último estertor da pequena burguesia medieval contra a formação da classe operária. A sabotagem sempre foi um método literalmente reacionário (pré-industrial) contraditório com o movimento de masssas.
As afirmações peremptórias e universais sobre métodos e tácticas muitas vezes resultam em parvoÃce – tanto do lado tudo a favor como do lado tudo contra.
Sabotagem? Cada caso é um caso.
Destruir alimentos numa altura em que a gente passa fome só poder ser parvoÃce. Por outro lado só por parvoÃce se perde a oportunidade de furar ou esvaziar pneus durante greves que envolvem transportes.
Uma boa avaliação de cada caso passa pelo menos por dois critérios: atingir a classe dominante e simultaneamente alargar a base de apoio junto das massas.
A recente iniciativa sindical de expropriação a grandes superfÃcies na Andaluzia pareceu-me especialmente eficaz nestes dois critérios.