Como o Renato relatou em baixo, na nossa conversa telefónica feita com muito barulho, do meio da manifestação, este foi um dia cheio em Madrid. Os números falam em 400 mil pessoas, meio milhão, no centro da capital. Não sei dizê-lo, mas começámos a subir a manifestação perto do Museu do Prado e chegámos a Cibeles 2 horas depois: são 300 metros, 100 de largura, o que dá ideia da quantidade de gente, compactada, com 30 e muitos graus, que ali estava. Foi uma manifestação de protesto, de raiva contra banqueiros e Rajoy e muito centrada na defesa dos serviços públicos – centenas de pessoas levavam uma T-shirt verde a dizer «Escola Pública, de todos, para todos». Mas não foi uma manifestação de alternativas claras – a CGT levava cartazes a pedir uma greve geral, mas a maioria das exigências são contra a austeridade mas sem propor saÃdas ou alternativas. A força anti capitalista destes protestos parece ser tão grande quanto a incapacidade de afirmar o socialismo como projecto estratégico, o que significa que a maioria destas manifestações não são realmente anti capitalistas mas ainda procuram impor uma relação de forças para voltar a vigorar o pacto social entre Trabalho e Capital.
Assim, à vista, pareceu-nos um protesto muito pouco homogéneo: havia milhares de gente com bandeiras dos sindicatos (de várias confederações distintas) e milhares com outro tipo de panfletos, cartazes: «A tua festa é a minha crise», «Esta dÃvida não a pagamos», «Mãos ao ar, isto é um assalto», «Até aos 67 a trabalhar e tu, desempregado, a olhar». Muitas famÃlias, jovens, trabalhadores dos serviços públicos, muitas crianças.  Claro, não pudemos deixar de notar a presença dos bombeiros, fardados, e dos polÃcias, que não iam fardados, mas levavam uma t-shirt a dizer «PolÃcia». Não foi hoje que a polÃcia tentou derrubar as grades que protegem o congresso, foi há dois dias, mas o aparato policial em Neptuno, a proteger as ruas de acesso ao congresso, era impressionante – a “casa do povo” tem medo do povo! De Gijón ligaram-me a dizer que teve hoje lugar nas Asturias a «maior manifestação que há memória» desde o fim do franquismo.
“Aunque fuera por algunas horas, atrás quedaron también las retitencias entre los diferentes colectivos y sindicatos de izquierda. De manera inédita, aseguran fuentes sindicales, los logos de los principales sindicatos de clase lucieron en la cabecera de la marcha de Madrid junto a organizaciones sectoriales como el Sindicato Unificado de PolicÃa (SUP), la Unión Federal de PolicÃa (UFP), la Asociación Unificada de Guardias Civiles (AUGC) o la Unión de Actores. La anarcosindicalista Confederación General del Trabajo (CGT) decidió finalmente retirar su emblema de la cabecera de la marcha de Madrid al no estar de acuerdo “por definición” con algunas de las organizaciones que estaban detrás de la lona.” de http://www.publico.es/espana/439839/respuesta-masiva-y-unitaria-en-la-calle-a-los-recortes-de-rajoy .
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