(Publicado em jeito de auto-crÃtica pela não referência, mas esclarecendo que esta não referência está longe de significar discordância polÃtica ou desvalorização da luta dos médicos)
Ninguém duvida que a luta dos mineiros espanhois é importante, principalemente para o futuro do povo espanhol; mas para o futuro a curto ou médio prazo do povo português a sua importância é duvidosa.
Porém iniciou-se ontem uma greve, de dois dias, dos médicos com o objectivo declarado logo no primeiro ponto do pré-aviso de defesa do Serviço Nacional de Saúde, uma das conquistas mais importantes de Abril e que a reacção instalada em S. Bento teima em querer destruir. Isto é que é importante para o nosso povo. Para alem do mais esta greve é mais determinante para a derrota da agressão neo-liberal que o nosso paÃs sofre que a luta dos mineiros espanhois.
A greve foi decretada pela FNAM (sindicato inscrito na CGTP) e palo SIM (sindicato sem fliação em qq das centrais sindicais). Teve, além disso, o apoio da Ordem dos Médicos e em particular o seu Bastonário.
Reparei que a luta dos mineiros espanhois, cuja, repito, é importante, mas mais para o povo espenhol que para o português, teve direito a diversos posts.
Reparei que uma greve decretada por um grupo profissional português, que colheu a adesao de cerca de 90% dos profissionais médicos, que paralisou os serviços de saúde de tal maneira que não houve lugar ás conhecidas mentiras dos malfeitores do governo sobre a representatividade daquela luta e que teve como ponto alto uma concentração/manifestação em frente ao ministerio da saude, onde se calcula terem estado presentes cerca de 2500 médicos, não teve direito a qualquer referencia neste blogue de esquerda, ao contrario do que aconteceu noutros.
E dizem-me os camaradas que não sao sectários? Não, não sao nada sectários; como é uma greve de médicos mesmo que feita para defender Abril não merece a justiça de divulgação e discussão.
Podem crer que o ministro Paulo Macedo gostaria que a greve tivesse passado despercebida de todo. Aqui no blogue, ao ignorarem a greve e a dimensão que atingiu só lhe fizeram o jeito. Ele agradece. Tenho a certeza que o povo português lamenta.
É de facto importante mencionar a greve dos médicos do SNS e em defesa deste.
Porém, também não deixa de ser verdade que no caso desta greve a cobertura noticiosa foi certamente suficiente não apenas para mostrar a dimensão como também o apoio da população – o que em tantas outras greves é manipulado, como os habituais “utentes descontentes” profusamente teledifundidos aquando das greves nos transportes, por exemplo.
Ou, já agora, como no caso dos mineiros espanhóis, em que se dá mais destaque à s escaramuças com a PolÃcia (e seria interessante perceber porque ocorrem, uma vez que dão tanto jeito…) do que à dimensão e justeza da luta.
“Podem crer que o ministro Paulo Macedo gostaria que a greve tivesse passado despercebida de todo. Aqui no blogue, ao ignorarem a greve e a dimensão que atingiu só lhe fizeram o jeito. Ele agradece. Tenho a certeza que o povo português lamenta.”
Tem razão. Desta vez os media não conseguiram esconder que a população está mesmo solidária com a luta dos profissionais da saúde em defesa do nosso SNS que é uma conquista de todos os portugueses. E isto é muito importante. Isto é mesmo muito importante.
Perfeitamente de acordo.
E louvo a “auto-crÃtica” do Tiago e a chamada de atenção de Kirk
Tiago, eu sei que a falta nao significou discordancia politica; mas achei que pelo facto de ser uma greve de médicos, logo de um grupo profissional da classe médica mas rapidamente a caminho da proletarzização (é dificil acreditar,não?) até porque a breve trecho vai haver desemprego entre os médicos, achei, dizia eu, que os camaradas não lhe estavam a dar a devida relevancia. Por um lado eu compreendo. Os médicos são uma classe conservadora na generalidade e mais dados a consensos que a confrontos, mesmo quando esses consensos revertem frequentemente em favor do poder instalado.
Porém, do caderno reivindicativo a apresentar ao ministro e que constou do pré-aviso de greve, as questões meramente economicas que sempre existem nestas lutas estão em grande minoria. A maioria das questoes prende-se com a qualidade do SNS, a discordancia dos médicos com o proposito do ministro de vender 2.500.000 de horas de consultas a empresas privadas de perstação de serviço como constituindo um passo tremendo na destruição do SNS, com o acesso dos utentes aos serviços publicos e com a formação dos jovens médicos, essencial a uma medicina de qualidade.
O SNS é reconhecidamente uma dos bons serviços publicos da Europa e o ensino da medicina em Portugal, a formação de médicos, é reconhecidamente também das melhores da Europa. E afirmo isto não por patrioteirismo mas porque é verdade.
Felizmente, desta vez, houve consonancia de objectivos de diversas forças mesmo com alinhamentos politicos diferentes, mas que mostram que é possivel criar pontes entre sectores, grupos, organizaçoes. Doutra forma a luta dos médicos não teria o rebate, inclusivé além-fronteiras, que teve.
Aliás, a greve terminou ontem e hoje os sindicatos médicos já tiveram o convite do ministro para conversaçoes a ter lugar esta tarde, sinal de que ao contrário do que dizem, os ministros negoceiam sob a ameaça de greve. Precisamos é de criar consensos entre nós para os encostar á parede.
K
Muito bem.
Subscrevo