O já Dr. Relvas entrevista-se ainda na qualidade de candidato a Ministro.
Não há um único exame - nem qualquer outro elemento de avaliação - na ode ao Dr. Relvas lavrada pelo Professor Doutor António Fernando Santos Neves e pelo Professor Doutor José Fialho Feliciano, alegadamente escrito a 6 de Outubro de 2006. No parecer que serviu de base à atribuição das equivalências não se consegue sequer perceber a que disciplinas o Dr. Relvas obteve equivalências.
O texto que se segue, em princÃpio da autoria de quem o assinou, é o canto do cisne da Universidade Lusófona, que sacrifica uma mão cheia de bons professores e alunos para salvar a pele a um ministro que já não tem por onde ser salvo e vai ajudar a que o governo continue em carne viva.
Conheça na integra o parecer cientifico que foi escrito com a indulgência de um auto-retrato e o pertinente recorte histórico recuperado pelo João José Cardoso, em “Miguel Relvas: retalhos da vida de um aldrabão”.
“No contexto do pedido de reconhecimento e creditação de competências profissionais apresentado à Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias por Miguel Fernando Cassola de Miranda Relvas lavra-se neste documento o parecer de apreciação de informação curricular apresentada e discutida em entrevista pelo candidato. A informação constante do currÃculo do candidato denota uma elevada experiência profissional que se reparte por três domÃnios centrais de actividade: o exercÃcio de cargos públicos, o exercÃcio de funções polÃticas e o desempenho de funções em domÃnios empresariais, ou de intervenção social e cultural.
A experiência do candidato estende-se ao longo de mais de duas décadas de actividades essencialmente focadas no domÃnio da polÃtica nacional e local, com especial incidência em diferentes aspectos da actividade da administração local e central, mas também da gestão de organizações polÃticas e empresariais. O currÃculo do candidato no domÃnio polÃtico destaca-se pela sua actuação no sector das organizações partidárias de juventude, onde a experiência acumulada lhe permite desde muito jovem uma participação activa nos mais relevantes palcos do debate e da discussão polÃtica nacional, nomeadamente enquanto deputado à Assembleia da República, o que lhe garantiu a aquisição de competências relevantes na área de estudo a que se candidata, Ciência PolÃtica e Relações Internacionais, nomeadamente aquelas que dizem respeito à compreensão dos quadros institucionais da actuação polÃtica e partidária em Portugal, no que diz respeito ao funcionamento dos sistemas eleitorais, funcionamento e articulação institucional de organizações polÃtico-partidárias no Portugal democrático, métodos e técnicas de análise polÃtica e domÃnios associados de avaliação e compreensão da função e consequências sociais do fenómeno polÃtico.
O enquadramento de actuação das organizações de juventude partidária em Portugal, e o peso relevante que as mesmas adquiriram no contexto da transição para a democracia e a integração de Portugal na Comunidade Europeia está reflectido na informação curricular apresentada, onde fica patente a ligação entre o fenómeno da politização da sociedade e a vida quotidiana, bem como a dimensão sociológica do fenómeno. O profundo envolvimento nessa realidade demonstrado pelo currÃculo submetido promove a aquisição de competências transversais de compreensão do papel de diferentes classes sociais e elites na modelação da sociedade onde essas organizações actuam e se desenvolvem. A experiência enunciada contribui ainda para a aquisição de competências em outra área essencial para o domÃnio cientÃfico a que o candidato concorre, a do marketing polÃtico.
O património de experiência profissional acumulado neste primeiro domÃnio cobre perÃodos relevantes da história de Portugal contemporâneo, onde a democratização da sociedade assinala também a emancipação epistemológica do campo dos estudos em ciência polÃtica. A discussão curricular não permite, no entanto, afirmar que o candidato possua competências no que concerne ao conhecimento mais profundo da teoria do Estado e sua relação com fenómenos de democratização ou revolução. Há, no entanto, na experiência acumulada no domÃnio polÃtico uma pertinente, porque temporalmente simultânea, sintonia com perÃodos de exercÃcio onde a evolução da sociedade implicou a materialização de princÃpios teóricos relevantes no campo das ideias polÃticas e que no Portugal contemporâneo muito contribuÃram no perÃodo para a evolução da sociedade. A experiência acumulada neste intervalo envolve aspectos que não remetem para o exercÃcio profissional, mas sim em exclusivo para a actividade partidária, pelo que embora muito extensa, parte dessa experiência deverá ser creditada em menor grau.
No domÃnio do exercÃcio de cargos públicos a experiência profissional enunciada estende-se também ao longo de um perÃodo muito longo e envolve o desempenho de cargos governativos a nÃvel nacional e local. A totalidade destes cargos foram desempenhados já no perÃodo após a adesão de Portugal à Comunidade Europeia, o que permitiu ao candidato adquirir competências em domÃnios aplicados do direito e da socio-economia da União Europeia, mas também a nÃveis básicos da geo-estratégia e da organização de instituições internacionais, nomeadamente por via da experiência enunciada de participação em organismos internacionais como a NATO.
No entanto, o carácter menos longo desta experiência internacional exige o reforço da formação no domÃnio de pelo menos uma unidade curricular associada à geo-estratégia internacional. No desempenho de cargos a nÃvel nacional, nomeadamente governativos, o candidato detém experiência em cargos ao mais alto nÃvel, nomeadamente como secretário de Estado numa legislatura, o que implicou profundo relacionamento com matérias do foro legal, administrativo e de análise polÃtica.
O desempenho de cargos públicos em alguns organismos de poder local releva da compreensão e capacidade de integração na gestão da administração regional e local, mas também da aquisição de competências em matérias relacionadas com o desenvolvimento de polÃticas, desenvolvimento de finanças locais, nomeadamente porque é precisamente no perÃodo em que o candidato exerce essas funções que o paÃs beneficia de um conjunto significativo de polÃticas e financiamentos comunitários que em muito transformaram as realidades locais e regionais do paÃs.
O desempenho de cargos públicos integra ainda a ligação a organismos de coordenação regional e diferentes actividades dispersas.
O terceiro domÃnio de experiência profissional declarada concerne essencialmente ao exercÃcio de funções no domÃnio empresarial, embora também integre alguma experiência de intervenção cultural e no domÃnio dos socio-media. Para além das competências básicas ao nÃvel da compreensão das organizações, e fenómenos associados que esta experiência acarretou, ela envolveu componentes de internacionalização, nomeadamente no espaço lusófono, bem como a evidente aquisição de competências transversais em domÃnios distintos como os da negociação, manejo linguÃstico, técnicas de apresentação, ou estudos de mercado e análise de dados económicos e sociais.
A experiência profissional enunciada não lida em particular com o exercÃcio de cargos de liderança, mas ao envolver funções, conforme declarado, de consultoria em organizações de domÃnios de actuação distintos permite contactar com realidades empresariais em mutação e percepcionar o entrecruzamento, hoje inevitável, entre esferas sociais no passado distintas ou incompatÃveis, como era o caso da esfera empresarial e da esfera polÃtico-partidária. Neste ponto o currÃculo submetido reflecte um percurso profissional que, ao não se limitar ao exercÃcio polÃtico, aponta para uma desejável diversificação de competências e aprendizagens.
Face ao exposto considera-se que o currÃculo submetido tem mais valias claras e aspectos salientes muito positivos que levam a que sejam considerados relevantes para efeitos de creditação de competências profissionais uma parte significativa dos elementos aà constantes.
Três aspectos merecem particular relevância: a longevidade das funções desempenhadas, a natureza das mesmas, maioritariamente de liderança ou grande responsabilidade institucional, e a sua variedade. Estes dois aspectos enunciam um currÃculo rico em elementos que enquadram um parecer de valorização do mesmo em 160 ECTS, que deverão ser feitos equivaler a diferentes unidades curriculares, preferencialmente em linha com os diferentes pontos enunciados neste parecer.
Considerando, em face da juventude da legislação que os regula, o carácter embrionário deste tipo de processos, recomenda-se que em uma eventual ponderação ou cálculo de avaliações se considere que esta creditação deve ser complementada com avaliações aferidas por eventuais classificações pós-secundárias, ou então que se proceda à aplicação de escalas qualitativas.
Lisboa 6 de Outubro de 2006,
Os relatores
Assinatura de António Fernando Santos Neves e de José Fialho Feliciano”
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Off Topic
Os serviços de saude deste paÃs estão parados dois dias devido a greve dos médicos como forma de protesto contra a politica de destruição do SNS deste governo e nem uma palavra sobre isso neste blogue?!!!
K
kirk, repare que um blogue não é uma agência de notÃcias. Se alguém tiver algo a acrescentar acrescentará, caso contrário não faz grande sentido republicar o que já foi publicado, não lhe parece?