Nos últimos tempos tem vindo a ser repetida a afirmação que a Europa nunca viveu tanto tempo em paz. A conta é feita a partir do fim da II Guerra Mundial e só resulta se ignorarmos uns quantos conflitos do pós-Guerra Fria. Contudo serve de aviso e reflete as tensões existentes. Se é certo que o futebol não é, nem pode ser, alheio à realidade polÃtica, as atitudes de dirigentes da UEFA e adeptos na primeira semana do Euro-2012 deve ser objecto de apreciação polÃtica. Em primeiro lugar é arrepiante ver a materialização do ódio nacionalista. Uma coluna de adeptos russos foi atacada por hooligans polacos, no que desencadeou um dia de violência recÃproca nas ruas de Varsóvia. Por outro lado, no decorrer dos jogos, tem-se repetido o mais vergonhoso insulto racista que compara com macacos jogadores excepcionais como Balotelli ou Nani. Estes momentos devem-nos envergonhar a todos – ainda para mais quando são ouvidos em Portugal num reflexo desmiolado de gente que parece esquecer Ãdolos nacionais de hoje e de outrora. Michel Platini, o lÃder da UEFA, afirmou que teriam sido dadas indicações aos árbitros para suspenderem a partida caso soassem cânticos racistas nas bancadas – orientação aparentemente ignorada. Mas na mesma declaração também ameaçou que não toleraria acções de protesto de jogadores contra os insultos racistas. A multa a que a federação germânica foi condenada por mau comportamento dos adeptos – manifestado pelo arremesso de “projécteis de papel†e ignorando os cânticos racistas contra Nani – e o zelo com que a UEFA tem procurado limitar qualquer expressão crÃtica da situação polÃtica que se vive na Europa revelam opções polÃticas. Numa coisa estou de acordo com Platini, o futebol é um espelho da sociedade – tal como os seus dirigentes, acrescento.
Hoje no i
Concordo com a afirmação, o futebol é um espelho da sociedade. Temos as transferências milionárias e os salários pornográficos, numa cada vez mais pequena elite de clubes europeus, o capitalismo associado ao futebol. Os clubes e as selecções continuam a ser um dos sÃmbolos de nacionalismos bacocos!
Se as claques contra a Alemanha gritarem: Que os Hérulos, bárbaros germânicos, desapareçam de vez”, deverá o árbitro interromper o jogo?