Papandreu e o PASOK nunca quiseram consultar o povo sobre as medidas de austeridade. A defesa do referendo, elementar face à actual crispação e divisão da sociedade helénica, jamais poderia vir daqueles que mais responsabilidades têm no actual contexto polÃtico grego e contra tudo e contra todos estão decididos a continuar.
Com a Grécia mergulhada na revolta social, Papandreu e o PASOK, o PS lá do sÃtio, orquestraram uma estratégia para forçar um governo de unidade nacional para aplicar aquilo que sozinhos não tinham conseguido. À sua direita a incongruência é igual. Não estavam dispostos a permitir que as medidas de austeridade fossem aplicadas apenas por Papandreu e pelo PASOK, mas uma vez garantido o direito a um lugar ao sol na praia do casino financeiro, as mesmas medidas são consideradas úteis, justas e necessárias. Lá como cá não foi muito diferente e quando a farsa eleitoral deixa de ser suficiente para que tudo continue na mesma a solução será sempre a suspensão integral da democracia.
Posto isto duas coisas ficam claras:
em primeiro lugar percebemos que a gestão da crise é, para quem manda, um bom negócio; em segundo, que aos gregos sobra apenas o caminho da luta polÃtica que terá que subir de nÃvel face à cegueira e à gula dos seus governantes.
Na Grécia como no resto do mundo, a indignação tem que passar à revolta. Da consternação, inevitavelmente passiva, os activistas devem partir para a radicalização do movimento de massas e neste contexto o caminho terá que ser a criação de estruturas e de acções que construam o maior número de situações de duplo poder. Não nos podemos resumir a acampamentos que não são capazes de travar nada do ponto de vista legislativo. Assistir à degradação radical das nossas vidas, ainda que a partir de uma tenda, em São Bento ou em Wall Street, é tratar a austeridade como um pôr-do-sol que se contempla, um crepúsculo que se aguarda.
A greve geral, ou seja, a paralização do saque, é o caminho que sobra e que é preciso percorrer. Paralelamente à s greves e aos bloqueios, todos legÃtimos e necessários, as acções terão que ser repensadas em função de objectivos mais ambiciosos, e inevitavelmente na direcção da tomada do poder. Limitado à ocupação das praças públicas o movimento está condenado à derrota e à desmoralização.
Das discussões processuais sobre a utopia da democracia verdadeira no marco do capitalismo o movimento tem que partir para a ocupação das fábricas, das escolas, dos meios de produção e de comunicação, transformando em acção o pensamento. Do espontaneÃsmo anarquizante e inconsequente devemos passar à organização militante, combativa e com uma agenda revolucionária. A defesa das propostas parciais sobre o sistema democrático ou os mercados financeiros mais não farão do que prolongar a agonia.
Está mesmo na hora de fazer a luta toda e a resposta não está no amor, nos beijinhos ou nos abraços. O tempo é de responder ao ferro com fogo.
“Das discussões processuais sobre a utopia da democracia verdadeira no marco do capitalismo o movimento tem que partir para a ocupação das fábricas, das escolas, dos meios de produção e de comunicação, transformando em acção o pensamento”
– Não há vontade, nem tropas, nem nenhum “Lenine” português: é impossÃvel, hoje, a acção directa dos indignados. O problema é tão grave que provoca receio, diria medo, muito medo, infelizmente
ps: atenção ao populismo de direita// o CDS cresce todos os dias.
Acho que não o entendi José Manuel Faria. É impossÃvel a acção directa e ainda assim isso provoca medo?
Quanto aos Lenines pouco a dizer, a não ser que eles fazem uma falta do caraças.
Pior ainda, é que a escumalha, é daquelas que diz aos outros para fazer… Mas ela própria não o faz.
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