A Menina Limão e a Ana Cristina Leonardo decidiram, concomitantemente mas ao que tudo indica sem associação criminosa, lixar-me passar-me uma corrente. Infelizmente para todas as partes envolvidas, é-me impossÃvel responder-lhes com a concisão do Vida Breve. As minhas desculpas. Â
1 – Existe um livro que lerias e relerias várias vezes?
Esta pergunta trai a obsessão anti-releitura que atacou a sociedade actual. Eu e os livros temos uma relação aberta, mas quando nos damos bem, não vemos razão nenhuma para não irmos mais vezes juntos para a cama.
2 – Existe algum livro que começaste a ler, paraste, recomeçaste, tentaste e tentaste e nunca conseguiste ler até ao fim?
O Sexus (nunca consegui ler as partes filosóficas). O Alexandra Alpha. Tudo o que me veio parar às mãos do James Joyce. É melhor pararmos por aqui.
3 – Se escolhesses um livro para ler para o resto da tua vida, qual seria ele?
Sou contra a monogamia literária.
4 – Que livro gostarias de ter lido mas que, por algum motivo, nunca leste?
Quem é que, por algum motivo, faz estas perguntas?
5 – Que livro leste cuja ‘cena final’ jamais conseguiste esquecer? [Quem é que, por algum motivo, escreve ‘cena final’ entre aspas?]
Aquele em ele diz “A carne é fraca” e ela responde “Mas o molho é óptimo” (não percebo porque é que nunca ninguém cita o “Adeus Princesa” nestes inquéritos).
6- Tinhas o hábito de ler quando eras criança? Se lias, qual era o tipo de leitura?
Mal aprendi a juntar as primeiras letras desenvolvi um problema do foro obsessivo-compulsivo que me obrigava a ler sem parar. Sem que nada o justificasse, eu, estando de olhos abertos, lia. Letreiros na rua. O preçário do Zé e do Manuel Natário. Os rótulos dos produtos de limpeza. Um dia a minha mãe apanhou-me a declamar a literatura inclusa de uma benzodiazepina, julgo que Valium, e achou que aquilo era de mais. Como terapia de substituição passou-me os sete tomos da “Recherche”. Perdão, os Sete. Nesses tempos remotos ainda não tinham inventado a Isabel Alçada, por isso tive de me desenrascar com o Miguel Strogoff e o mais que havia na mesma colecção. Também li o Conde de Monte Cristo antes de o Alexandre Dumas ter vendido os direitos para o cinema. Em contrapartida, aos 11 anos achava que o Júlio Dinis era o melhor escritor do universo, e tal como o Rogério Casanova, ainda hoje não admito que digam mal do Konsalik à minha frente.
7. Qual o livro que achaste chato mas ainda assim leste até ao fim? Porquê?
“The God Delusion”. Tinha fé que o Dawkins visse a luz antes de acabarmos.
8. Indica alguns dos teus livros preferidos.
Por amor de Deus.
9. Que livro estás a ler neste momento?
Nenhum. Estava a pensar começar o “Guerra e Pazâ€, mas as lombadas dos três primeiros volumes traduzidos pelo Filipe e pela Nina Guerra (de quem não tenho razão de queixa até agora) fazem-me lembrar os manuais de Direito Internacional Privado. Quem nunca teve DIP que atire a primeira pedra.
10. Indica dez amigos para o Meme Literário.
E se ouvÃssemos antes uma musiquinha?
Melhor resposta à pergunta 6, so far.
Resposta à pergunta 9: ehehehehehehehehehehe /ehehehehe/ é que é mesmo.
Olha que giro o teu nome em russo:
девушка Лимон
Olha que giro o teu nome em grego:
ΚληÏονόμος του V.
Encantador, este inquérito, carÃssima Morgada!! Eu, gostei muito da perguntinha 3!! Acho-a encantadora, naquele nobre sentido da busca pela perfeição perene!! É sempre muito agradável crer que há algo na literatura, nas artes, na sociedade, na vida que nos pode preencher para sempre, mesmo sendo que sempre nem sempre é muito tempo!
Cordiais saudações, Justiniano
A mnina Limão e a mnina Ana lêem russo, mnina Morgada V ?
(…e o resto dos curiosos?!)
Eu também não escrevo russo, краÑный пират, mas basta traduzir o advérbio que se quer russificar para inglês, com o que se obtém um advérbio inglês, e o advérbio inglês para russo. Ao contrário também dá.
ах … Ñто нетрудно, Ð´Ð¾Ñ€Ð¾Ð³Ð°Ñ Mоргада из Ð’.
Затем они могут читать вам легко, Девушка Ðна и девушка Лимон и некоторые даже Ñкажут, что руÑÑкий Ñзык трудный …
que mau feitio!
добрый вечер
É realmente muito трудный desrussificar, краÑный пират, mas acho que a девушка Лимон e a Ðна perceberam (“девушка Лимон” é muito bonito).
добрый вечер para si tb.
Mоргада из B.
мы редкий …
вÑего хорошего!
ÑпаÑибо!
o manel natário já foi inclusivamente referido num livro do jorge amado. belas bolas, as do natário.
a musiquinha não é das mais fáceis de dançar mas as respostas são perfeitas. Quanto ao Guerra e Paz, há sempre a possibilidade de o ler em francês
http://www.flickr.com/photos/aorloff/5447154629/in/photostream/
Fiz um investimento avultado no DIP I, DIP II e DIP III (o DIP IV estava esgotado quando a minha irmã o procurou), vou ter de vencer a fobia às capas.
A mim ninguém nunca me perguntou nada – estou condenado a ver as perguntas feitas aos outros e as interessantes respostas que dão. É uma grande injustiça, mas seja: sou mais bonito, mais inteligente e mais modesto do que a maioria e nem por isso tenho compaixão pelos feios, os burros e os gabarolas. Agora, lá que gostava de ver aparecer nestas coisas a Menina e Moça, ou a Mensagem, para quem for literato, ou Jared Diamond, para quem não for – gostava. Suspiro (de inveja).
Por mim, acorrento-o já! (e se o problema é não ter blogue, responda aqui).
Também quero brincar, posso?
Pelos altos poderes que me foram etc, revogo expressamente o decreto número 10, que passa a ter a formulação seguinte:
“Todos os que, por motivos nobres ou simples мазохизм, quiserem responder a este inquérito”
Execute-se.