Será que um ateu, que abomina o catolicismo e os seus hediondos crimes ao longo da História da Humanidade, devia ser obrigado a dar uma Aula de Substituição de Educação Moral e Religiosa Católica?
Mais uma vez, aconteceu hoje. E era suposto eu dizer o quê durante a aula? Que abomino tudo aquilo que é o tema da disciplina? Que não acredito em nada do que o professor deles lhes disse ao longo do ano lectivo? Que aquela disciplina não faz qualquer sentido na Escola Pública de um Estado laico? Que estar ali é a mesma coisa que obrigar um médico a eutanasiar alguém ou a praticar um aborto contra a sua vontade? Que me recuso a dizer seja o que for por motivos de objecção de consciência?
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E mandar os putos para o recreio, não seria melhor? Pode ser que quando baterem com a cabeça no baloiço encontrem cristo.
Parecia-me bem ter feito na aula tudo o que aqui questiona! Fê-lo?
Realmente é disparatado obrigar um ateu a dar uma aula destas…por outro lado é uma ótima oportunidade para desconstruir aquilo em que não acredita e, provavelmente, fazer com que mais nenhuma vez o obriguem a tal.
Não é por eu dizer a miúdos de 11 anos tudo o que me vai na alma que esta situação vai deixar de acontecer. Nem me parece que fosse o sÃtio certo para isso, ou que eles percebessem sequer o que eu tinha a dizer.
Putos de 11 anos não são propriamente estúpidos ao ponto de não perceberem o que tinha ali a dizer. Obviamente que não diria da mesma forma que aqui expôs.
O sÃtio é o mais certo possÃvel, dentro do contexto: uma sala de aula.
Nas aulas que tive de história também me tentaram dizer umas coisas sobre a Revolução de Outubro, Marx, Estalin (esta parte extensa e maçuda), etc… foi giro!
O sistema edu. não parece ter qualquer especie de problema em jogar os professores nessas tarefas complicadas, os meus professores também não se mostraram demasiado objectores/honestos perante o aparente conflito de interesses.
A melhor resposta seria (como foi aliás proposto) seguir o programa de aula. Não têm? Vejam lá! Até isso me parece cómico.
Mas se não existe efectivamente nada que te prenda a uma determinada linha (vácuo legal), faz completamente o que te ditar a consciência. Eu confiaria completamente os meus filhos a quem levanta a questão com tanta honestidade (é um traço mesmo distintivo e que me orgulha na esquerda).
Antes de avançar com o programa oficial (o tal inexistente) dava uma aula inteira em “pensamento crÃtico”, que se poderia estender em exercÃcios práticos até que regressasse o Prof. da “praxe”.
🙂 Situação “tramada”, para utilizar um eufemismo…
E não pode alegar objecção de consciência para evitar essa aula?
Penso que não.
Podias discutir a existência de Deus. Ou a existência de gajos que obrigam um ateu a dar aulas de substituição de Educação Moral e Religiosa Católica. Ou fazer um jogo da forca com palavras tiradas dos evangelhos…
Essa do Jogo da Forca teria uma certa piada…
se houver próxima vez, faça o que o “subcarvalho” sugere… das duas, uma: ou os putos abrem a pestana, ou a direcção da escola que o põe a dar dessas aulas… abre a pestana!!!
como diz sérgio godinho: “Pode alguém ser quem não é?”
Caro colega, é relativamente simples: não há plano de aula? Melhor! Discute-se a vida de cristo, segundo a história e não segundo a teologia…
Quando o colega de EMRC voltar, garanto-te que nunca mais arrisca faltar a essa aula, e simultaneamente também não pode fazer grande coisa, porque usaste fundamentos cientÃficos (os historiadores jesuÃtas até admitem que o homem andava rodeado de prostitutas e assassinos…) e nem sequer fugiste ao tema da disciplina!
Agora o problema de fundo: só tive que substituir EMRC quando trabalhei no ensino privado… no público bastou-me dar a ideia de que era ‘objector de consciência’ à direcção e fui sempre dispensado de semelhante serviço. Claro que há directores e directores, mas enfim…
Abraço e… foi o caro colega que disse “Não é por eu dizer a miúdos de 11 anos tudo o que me vai na alma que esta situação vai deixar de acontecer.”? Na alma? Vá lá… se calhar até nem te é assim tão difÃcil dar essa aula…
Não havia plano de aula, mas não sei se – havendo – eu devia ser obrigado a cumpri-lo. Ainda era pior…
coisa estranha.
nunca conheci um ateu existencialista.
és o primeiro.
obrigado. 🙂
Antonio Paço
Eu sugeriria, delicadamente, que ele se pusesse a fazer meninos.
Considerando os últimos 100 anos o que é que matou mais: a Igreja ou o Comunismo?
A Igreja. De longe.
Mas há aulas de comunismo?
Já contactei o meu contabilista.
Dúvidas justas…
Mas ezequiel, como assim, nunca conheceu um existencialista ateu? Parou de ler em kierkegaard?
RSP,
quase tudo o que há a dizer é o que o post diz: não faz sentido a existência de uma disciplina como essa na escola pública.
Quase tudo, escrevi eu, porque me parece que não é só no caso da escola pública, mas em todo o sistema de ensino oficialmente reconhecido, que o magistério religioso (confessional) deve ser vedado.
Os crentes cristãos, muçulmanos, judeus ou xamanistas que se organizem para ministrar os seus cursos religiosos – e excluÃdos de qualquer conjunto curricular oficialmente aprovado – nos templos, suas dependências ou, pelo menos, de instalações que não sejam as salas de aula padrão.
Finalmente, como é óbvio, tal ensino religioso não deve ser subsidiado – como também o não devem ser os cultos.
O que é estranho, porém, é a passividade com que aceitamos a situação que você descreve como compatÃvel com a laicidade republicana do poder polÃtico. Ou não será assim?
msp
Caro Miguel,
So agora vi o seu comentario. Sugiro que leia o meu, ali mais abaixo, onde tento partir de um principio que devia ser mais obvio à esquerda. Não é “devia ser” proibido. Os direitos nunca nos valerão de nada enquanto não soubermos utiliza-los. Portugal E’ um Estado laico.
A unica coisa que Portugal “devia” é, quanto muito, não deixar de o ser…
Abraços
Caro João Viegas,
de acordo – mas o problema que levantei foi o do ensino confessional e da incompatibilidade cda sua introdução nos currÃculos oficiais de um regime cujo poder polÃtico se declara laico.
E creio que é isso e não o facto de se falar de religião nas escolas o que está, no fundo, em jogo.
Abraço
msp
há sempre a possibilidade de só se focar na parte de educação moral.
Eu aproveitava a aula para executar a sugestão do filosofo ateu Daniel Dennet de que todas as crianças deviam ter aulas factuais sobre religiões (sim, todas ou uma boa série deleas). Sistemas de crenças, origens, culturas em q se inserem, etc.
Só o facto de saberem que há outras crenças, diferentes das cristãs, e com o mesmo tipo de fundamentos (ou falta deles), pode ser muito poderoso. Eu, creio que no 5º ano, tive um colega de turma hindu, que certa vez foi convidado a dar uma aula sobre hinduismo. Acho que contribuiu para começar a abrir os olhos.
Talvez também fosse giro mostrar uns clips deste filme: http://thenatureofexistence.com/
Através da disciplina de História, os alunos acabam por estudar as principais religiões – Judaismo, Cristianismo, Islamismo e outras.
Ora, meu caro, cada um sabe da sua vida.
Eu, por mim, lia-lhes excertos das “Confissões” de Sto. Agostinho, da mais bela prosa que humanos já criaram (depois, fazia a coisa acompanhada de bons, de preferência bons, comentários – sobre o homem, o mundo, a poesia, a liberdade…).
Outra hipótese poderia ser o “Cântico dos Cânticos” (com bons comentários, sobre o amor, por exemplo, o amor como aquilo que nada teme, nem o Estado, nada).
Depois, tentaria ainda S. João da Cruz.
E porque não a mais extraordinária das escritoras portuguesas, a Gabriele Llansol?
Daria uma belÃssima aula de literatura talvez. É apenas uma ideia.
Ainda excertos de uma ópera (da única que escreveu, sobre S. Francisco de Assis) de Messiaen, etc., etc……………
Poderia ainda falar-lhes de cruzamentos entre o catolicismo de Messiaen, a ética inerente ao artista e ao seu lugar na sociedade, cruzamentos com o misticismo New Age de Stockhausen, e mais, mais, que sei eu?….
Podia falar dos aspectos comunistas de cristo.
E os crimes do ateÃsmo? Não o chocam?
Como por exemplo?
parei de ler na escola primária, caro Manuel Tiago.
há com toda a certeza milhares de existencialistas que eu desconheço.
ainda há dias um amigo meu que escreve umas paródias disse que era existencialista.
ele é ateu.
faz todo o sentido.
terei que ler muito mais.
🙂
Miguel Tiago. desculpas.
e se eu te dissesse que a essencialização de seja o que for é um acto teocrático.
acreditarias em mim?
CarÃssimo Ezequiel,
se o disseres assim “a secas”, sem mais, talvez exageres, ou cedas involuntariamente a uma formulação à la Badiou. Mas, no fundo, tens razão: conceber um Platão revolucionário não é possÃvel nem mesmo se considerarmos, como podemos fazer, que as suas posições explicitamente anti-democráticas são tributárias da revolução democrática ateniense e que, por isso, podemos e devemos distingui-las das posições pura e simplesmente tradicionalistas e conservadoras. Seja como for, o seu modelo de sociedade é profundamente hierárquico e anti-igualitário, ao mesmo tempo que obcecado pela ideia de construção de uma ordem que cuide a todo o momento de prevenir a possibilidade de se ver posta em causa, seja pela acção seja pelas representações dos seus súbditos. DaÃ, o paradoxo colossal de aquele cuja obra nada seria sem as condições que permitiram o nascimento na praça pública da prática da interrogação ilimitada, em ruptura com a certeza do mito, a que chamamos filosofia, excluir da sua cidade ideal como ameaças de desestabilização tanto a poesia como o exercÃcio no quotidiano comum do livre-exame filosófico, vinculado apenas à exigência do dar conta e razão (logon didonai).
Mas, enfim, meu caro, na perspectiva de quem tem por objectivo – “revolucionário”, sem dúvida – “fazer de raiz uma nova humanidade, de homens e de chefes”, porque “A dúvida é mera ‘opinião’, [e] deve ser anulada” (http://5dias.net/2011/05/31/portugues-palhaco/comment-page-1/#comment-187780), é evidente que o tipo de debate que propões é um exemplo vivo da impiedade e do ateÃsmo mais ilegÃtimos.
Abraço
msp
Se o que diz é verdade (e não tenho razões para duvidar), portanto, se por qualquer norma ou decisão administrativa um docente é obrigado a dar uma aula de substituição nessas condições, tal norma ou acto são manifestamente inconstitucionais. Tem direito a recusar-se a dar tal aula e nenhuma eventual sanção que lhe fosse aplicada subsistiria em tribunal (caso o juiz comum fosse ignorante, teria sempre possibilidade de recurso para o Tribunal Constitucional ou para o Tribunal Europeu dos DH onde não teria dificuldades em ver reconhecida a sua posição). Dá imenso trabalho, mas mesmo em Estado de Direito a defesa dos direitos dá trabalho. Uma solução jurÃdica menos trabalhosa seria a queixa ao Provedor de Justiça.
O mais engraçado é que, em relação a isto das aulas de substituição, ninguém se lembrou desta possibilidade.
Ola,
Não sou professor (mas sou um profissional liberal). No entanto acho que sei do que trata o tema (até por ter sido educado num pais de tradição maioritariamente catolica situado na peninsula que fica a sudoeste do continente europeu).
Ora bem :
Sou ateu. Sou de esquerda. Sou a favor da separação da Igreja e do Estado. Sou a favor da neutralidade dos programas de ensino (e também da liberdade de ensino). Sou a favor da liberdade de crença e de pensamento. Sou a favor do ensino da historia, incluindo a historia dos crimes e dos comportamentos individuais e colectivos aberrantes que os homens cometeram ao longo da historia em nome da religião, ou alias em nome da moral, ou alias em nome da politica.
Logo,
Julgo que não teria problema nenhum em ministrar uma aula sobre “Educação Moral e Religiosa Católica”.
Em contrapartida, pelas mesmissimas razões, sentir-me-ia profundamente desconfortavel com a ideia de que, tratando-se de uma matéria do ensino basico (é, não é ?), ela não poderia ser leccionada, pelo menos para efeitos de uma substituição, por qualquer professor com competências minimas em historia, filosofia, geografia e talvez também em literatura, conhecimentos minimos que é suposto todos terem (ou não é ?).
Boas…
É…
Não concordo muito com substituições de aulas, muito menos para aulas tão especÃficas como essa que refere, mas e se fosse ao contrário? Um professor cristão que vai substituir uma aula de história ou biologia e que tem que ensinar tantas barbaridades “cientÃficas” que enchem os livros dessas disciplinas? Apela objecção de consciência cristã?
Não é bem a mesma coisa. A História baseia-se em factos e não na Fé.
Caro Miguel,
Obrigado pelo comentário. A essência postulada ofusca ou reprime a multiplicidade. Sempre foi assim com todas as essências ou “Ideias” Platónicas. (será menos problemática porque é uma Essência-Ideia?? Não sei.)
Ricardo Santos Pinto,
Os actos de fé são factos. As crenças são factos. Não tente exilar o imaginário (não no sentido Lacaniano) para a insignificância (factual) Não faz sentido.
Não faz qualquer sentido. Os actos de fé são consequentes. As entidades contempladas pela fé podem não ser empiricamente corroboradas mas os actos de fé podem ser corroborados.
boa noite
Ora aà está o que se chama ir directo ao assunto!
Desculpa a minha ignorância… mas a intenção era que isso respondesse a qual das questões que o RSP colocou na posta?
Ainda hà quem se dê ao trabalho de “fazer a papinha toda” pá!
O ‘Estado Laico’ é apenas uma divisa propagandÃstica, sem qualquer adesão à realidade. Sobretudo há uma uma subordinação dos governos à ICAR, evidente, de resto, na escola e ensino públicos. Oxalá, para a próxima, não exijam que vás de sotaina…sei lá, é só o cardeal patriarca, o arcebispo de Braga, ou o secretário da Conferência Episcopal, um desses lembrar-se e lá vais feito padreca pregar aos putos.
Um abraço