Imagino a cena.
Na véspera, o Quartel-General Abrantes reune-se em conferência. Em cima da mesa, o Fórum da TSF do dia seguinte, para além do programa equivalente da Antena 1, dos agendamentos do blogue do regime e da agenda mediática dos mais diversos órgãos de comunicação.
Há gente para tudo. O Quartel-General Abrantes tem ao seu serviço uma legião de fiéis remunerados. Pagos, como é óbvio, pelo Erário público.
Dada a vergonha que constituiu ontem a entrevista do Primeiro-Ministro aos ouvintes, e que obrigou a uma espécie de pedido de desculpas por parte do seu Director, concentro-me no Fórum da TSF.
Não é difícil, ao Quartel-General Abrantes, adivinhar o tema do dia seguinte, sobretudo nos dias que correm. Caso haja dúvidas, é só perguntar. O «amigo Joaquim» está mesmo à mão, embora, como é óbvio, haja um caminho bem mais curto.
Conhecido o tema, falta apenas a distribuição de tarefas. A cassete, debitada até à exaustão, está preparada e pronta a funcionar nos mais diversos níveis de acção do Quartel-General Abrantes. Consoante o tema, a ramificação central, distrital ou regional do Quartel-General Abrantes é chamada a actuar. Nos casos mais graves, o próprio líder do Quartel-General Abrantes é instado a entrar em acção.
Imagino toda esta cena, como disse no princípio, mas conheço demasiado bem alguns casos para ficar apenas pela imaginação.
Um deles é sintomático sobre a forma como se é recrutado pelo Quartel-General Abrantes. Uma estrutura que, no fundo, já existe no PS há muitos anos, embora no passado funcionasse de forma relativamente informal e bem mais amadora face ao profissionalismo que hoje em dia revela.
Um «boy». Um «boy», militante da JS, destaca-se pela presença assídua nas reuniões da sua Concelhia e, mais tarde, da sua Distrital. Anos de abnegação são recompensados com um cargo na área do Ambiente de uma Câmara Municipal do PS da Área Metropolitana de uma das grandes cidades portugueses.
Nessa Câmara Municipal, a parte mais importante do seu trabalho prende-se com o Fórum da TSF. Telefonar diariamente para o Fórum, sempre com nomes diferentes, e, consoante o tema, defender as políticas do Governo e atacar as Oposições.
Este caso em concreto passou-se na fase final do Governo de António Guterres. Terminado esse Governo e aquele que se seguiu, do PSD, esse «boy» viria a passar pelo Governo Civil de um determinado distrito e hoje em dia é Administrador de uma empresa pública.
O Quartel-General Abrantes ainda hoje lhe agradece a devoção. E tal foi a sua experiência no cargo que, de quando em vez, chama esse «boy» para intervir no Fórum da TSF.
Não sei se foi o caso de ontem. Mas pelo que se viu, também não foi necessário…
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é o populismo, simplemente …
VIVA A TERRA QUEIMADA
Há sempre a hipótese do zapping: eu comecei a ouvir aquele «Forum TSF» inenarrável, mas depois de duas intervenções de uma «ouvinte» que quase lambia o chão da calçada por onde ia passar o «senhor primeiro ministro» que tanto bem fez pela educação nacional e de outro que ansiava por saber onde é que Sócrates ia buscar aquela força interior para carregar o País às costas, ao que o Sócrates responde, sem se rir, como se fosse um Gormiti, que fora preciso ser primeiro ministro para descobrir que tinha esses superpoderes, porque naquele elevado cargo «comem-nos vivos» (credo, sr. primeiro-ministro!), resolvi mudar de canal.
Também mudei de emissora ao fim de alguns minutos, mas parece que foi igual do princípio ao fim.
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O mais ridículo é que nesse dia a TSF nem sequer abriu inscrições para o fórum. Por mais de uma vez tentei ligar para lá – queria perguntar-lhe a que se devia a mudança no programa eleitoral sobre os recibos verdes quando o grupo parlamentar do PS tinha chumbado nem há um mês a proposta do PCP para passar os recibos verdes a contratos – e o telefone tocava, tocava e nunca ninguém atendeu…
Diga o Paulo Baldaia o que disser foi um frete pegado ao PS do principio ao fim. E nem sequer disfarçaram.
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