Por estes dias sobram poucas páginas e minutos à intervenção humanitária da troika do FMI, aos êxitos do judo e do futebol nacional e, claro, à longa noite benfiquista. No alinhamento segue a Páscoa, os hotéis cheios, os acidentes de trânsito, uma reportagem no Noma, enfim, “o Mundo”. O tempo que sobra para a importante tarefa pedagógica de não deixar a guerra fora da casa das pessoas, fica-se pelo caótico ruÃdo do que nos chega da LÃbia, pelo parágrafo confuso sobre o que se passa na SÃria, e ponto final. Deixámos de ouvir falar do Egipto no primeiro dia da revolução, da TunÃsia nada nos é dito sobre as milhares de pessoas que continuaram a fazer cair governos de gestão e a Palestina foi varrida da agenda como anda a ser varrida do mapa.
Tim Hetherington e Chris Hondros foram mais dois jornalistas que empenharam a sua vida na missão de nos trazer dos palcos da história um bocadinho mais de verdade. Morreram esta semana em serviço. Se do Mestala, da porta do Ministério das Finanças ou das praias do Algarve nos chegam imagens de grande espectacularidade mas de compromisso reduzido, de Misrata, de Cabul ou de Gaza as lentes não devem limpar os pingos de sangue que as salpica a reportagem. Sem precisar de legenda, volume ou contexto, o choro destas crianças inundadas com a cor do colonialismo israelita diz mais sobre a Palestina do que horas infinitas a ouvir o Henrique Cymerman ou a Márcia Rodrigues.
Não deixar de as ver é única maneira de se homenagear quer os que morrem para nos aproximar da verdade quer a verdade dos que nunca chegam a ser notÃcia:
“Tim Hetherington e Chris Hondros foram mais dois jornalistas que empenharam a sua vida na missão de nos trazer dos palcos da história um bocadinho mais de verdade. Morreram esta semana em serviço. “
Em serviço dos “rebeldes†e dos seus patrocinadores, USA e NATO, certo?
Leo, nem todos os rebeldes estão ao serviço dos EUA e da NATO, e nem todos os jornalistas são um bando de lacaios, sabia?
Presumo que os que não estão ao serviço dos EUA e da NATO estejam ao serviço da França e da Grã-Bretanha.
E quanto aos jornalistas é óbvio que há excepções, mas não creio ser este o caso de quem ganhou fama e glória “inbebbed” com as tropas ocupantes no Iraque e Afeganistão e agora igualmente “inbebbed” nos “rebeldes” em Misurata.
Muitos bons jornalistas já estiveram embedded. A questão não é só como se está, mas o que se faz onde se está. Não saia do quadrado não, Leo. Está cada vez mais obtuso. Espreite os links da anarca ou leia o que os jornalistas fazem antes de formar opinião pela empresa que aqui e ali eles trabalham.
Mas eles estavam mesmo “inbebbed” nos “rebeldes” de Misurata e ganharam fama e glória “inbebbed” nas tropas ocupantes dos USA no Iraque e Afeganistão, certo? Há que se ser objectivo.
Um Bem haja para si e para todos os que se preocupam para lá do seu um-big-o !
🙂
Já não me chega ter de aturar uma guerra de ocupação, e, imperialista e ainda tenho que “gramar” outra guerra de indivÃduos que estão (pelo menos aparentemente) do mesmo lado? Quanto aos jornalistas, mesmo os freelancers, (suponho eu) são úteis, se não sempre, de vez em quando. Ou não são eles que nos trazem a informação?
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http://www.nydailynews.com/news/world/2011/04/20/2011-04-20_restrepo_filmmaker_tim_hetherington_nybased_getty_war_photographer_chris_hondros.html
Tim Hetherington e Chris Hondros morreram na LÃbia, vÃtimas de ataques das forças governamentais.
“pelo parágrafo confuso sobre o que se passa na SÃria”
É verdade, os jornalistas internacionais foram expulsos pela democracia sÃria, numa atitude diversa da democracia israelita.
Aquela é boa, esta é má.
Toda uma visão distorcida…
Entre a “democracia” lÃbia e a “moral” dos rebeldes vá lá o José escolher. O Bruno já deixou numas postas mais atrás bons argumentos.
Ah, sim! Excelentes, os argumentos do Bruno! Veja os comentários e não apenas os meus.
As crÃticas não retiram força à ideia de que não há uma superioridade moral entre os dois campos. Pode estabelecer-se equidistâncias diferentes face ao conflito, não face à pouca moral de quem anda a fazer serviços de encomenda.
Se não há superioridade moral em quem defende o paÃs dos ocupantes já não sei o que é superioridade moral.
Quem defende a soberania e a independência do seu paÃs tem superioridade moral. Seja na LÃbia, no Afeganistão, no Iraque, na Somália ou em Angola.
Só face ao ocupante, o que diga-se, na LÃbia, não é lá grande coisa.
Parece desconhecer que a LÃbia é o primeiro paÃs africano no Ãndice de Desenvolvimento Humano do PNUD, que tem apenas 6 milhões de habitantes e está a ser agredido pelos USA, França e Grã-Bretanha.
Se acha pouca coisa um paÃs de 6 milhões estar a ser agredido pela super-potência militar mundial (e ainda pela Grã-Bretanha e França) vou ali e já venho.
Sonhe o Leo, sonhe com a democracia e o nÃvel de vida Khadafiano e de preferência esqueça o que foram pelo menos as suas últimas duas décadas de diplomacia.
“serviços de encomenda”
Claro!
Os rebeldes lÃbios andam a fazer serviços de encomenda.
Os manifestantes sÃrios e iranianos andam a fazer serviços de encomenda.
Os manifestantes tunisinos, egÃpcios e iemenitas NÃO andam a fazer serviços de encomenda.
Os regimes tunisino e egÃpcio eram maus. O iemenita é mau. Os regimes lÃbios, sÃrio e iraniano são bons.
Claro!
E homenagear os que morrem na SÃria?!?!??
E posts sobre s SÃria?!
Não há??!
Oh que chatice…..
Refere-se aos membros das forças de segurança alvejados por vândalos armados?
De qualquer modo o próprio PR da SÃria já os homenageou a todos considerando-os “mártires”.
“Sonhe o Leo, sonhe com a democracia e o nÃvel de vida Khadafiano e de preferência esqueça o que foram pelo menos as suas últimas duas décadas de diplomacia.”
Vejo que não vai lá muito à bola com o tipo de democracia participativa, descentralizada e apoiada nas tribos que existe na LÃbia, deve preferir outras. De qualquer modo essa é uma questão interna dos lÃbios, mas que o sistema deu bons resultados e a melhor condição de vida de toda a Ãfrica e até de todo o Médio Oriente aos lÃbios, lá isso deu.
E não vale a pena exagerar no que respeita ao fazer das pazes da LÃbia com o Ocidente. Só ocorreu depois da invasão do Iraque que foi há 8 anos. Agora até dá para dizer que bem parvos foram, tivesse a LÃbia conservado a bomba nuclear e não estaria a ser agredida de modo tão grosseiro.
“Refere-se aos membros das forças de segurança alvejados por vândalos armados?”
Que nojo!
Que hipocrisia!
Era interessante ver se o que se passa na SÃria se passasse em outros lados.
Continue assim.
É aà que está bem.
Desconhece que na SÃria – tal como na LÃbia – vândalos armados começaram por assassinar membros das forças policiais? Na LÃbia foram mais longe, até os enforcaram em candeeiros públicos mas na SÃria visaram directamente polÃcias, assassinando-os.