Há um certo “nojo” de esquerda que a impede de condenar o ditador Khadafi. Está tudo em silêncio: BE, PCP, governo, direita: Realpolitik ou um amigo em perigo?
O prórpio Latuff (artista de reconhecidas simpatias de esquerda) reproduz nesse cartoon a tal bandeira do Reino da LÃbia: a vermelha, preta e verde. É trágico quando a esquerda não tem nada para oferecer. Conclusão: curb your entusiasm.
De todos os sÃtios houve saque e o que diz ser violência. É natural que depois de anos de repressão as suas caras sejam alvo da fúria dos manifestantes. Da esquadra da polÃcia ao parlamento. Violência gratuita não se viu em lado nenhum mas já faltou mais dias para inventarem atentados da Al Qaeda um pouco por onde for preciso mão de ferro.
Calma, Renato Teixeira: Parece que há tropas estrangeiras- mercenários africanos- que foram emprestados à famÃlia Khadafi pelos seus aliados do continente africano…A notÃcia é vendida pelo insuspeito NY Times de hoje. Os especialistas de geopolÃtica mundial dizem ,por outro lado, que a LÃbia de Khadafi é muito dificil de subverter por dentro…Niet
Sim Niet, há sempre nuvens no caminho, mas veja que nas últimas semanas há revoluções a um ritmo avassalador e os factos indicam que a relação de forças não é brilhante para Khadafi. Modere também o seu cepticismo. Ainda que geralmente bom conselheiro no debate polÃtico vejo que a cada uma destas vagas achou sempre que a coisa seria derrotada. Terei lido mal nas entrelinhas?
Há um certo “nojo” de esquerda que a impede de condenar o ditador Khadafi. Está tudo em silêncio: BE, PCP, governo, direita: Realpolitik ou um amigo em perigo?
Moções mais altas se levantam…
ora Niet, essa é de cabo de esquadra: “insuspeito NY Times” – já me sinto como no desabafo de Herberto Helder (cito de cor): “os intelectuais movem-se lentamente que nem caranguejolas.Porra” …. de facto o que está em marcha é um plano de intervenção da policia mundial (a NATO) para ocupar e implantar um regime fantoche ao serviço do inperialismo na Libia, uma vez que de outro modo nunca conseguiriam vergar um regime com grande apoio popular por dentro, senão criando dissidências internas pela ingerência de forças criminosas. Não esquecer que a Libia actual é uma das poucas ilhas soberanas imune ao imperialismo… isto é, que não dá lucro aos mercados capitalistas. É um pais rico e o regime de al-Ghadaffi distribui razoavelmente bem esses dividendos pela população em geral
Há qualquer coisa de artista pop neste gajo, ali entre um Prince e uma Lady Gaga.
com um nadinha de Freddie Mercury ao barulho.
“SÃmbolos da decadência ocidental”… tenho ideia de já ter ouvido isto algures…
Mr. xatoo: Temos que ler coisas boas e com um mÃnimo de credibilidade, não? Ou quer fazer como o(a)s videntes…que se espetam por da cá aquela palha? Li mais um bom artigo no The New Yorker On Line, de Andrew Solomon, e há mais dois no Foreign Policy.Para lá do grande serviço do The Guardian. E o Le Monde e o Libé bem como os blogues da Marianne e da Rue 89 ajudam a fazer uma ideia. Os comentadores dizem que, caso o ditador lÃbio perca o poder por golpe militar adverso, a estrutura tribal da Libia fragmentará o Estado e as Companhias petrolÃferas ocidentais correm perigo. Ao contrário do que diz, a Itália de Berlusconi fez ( e teme agora por isso…) chorudos contratos com Kadhafi, no valor de biliões de Euros. Niet
Eu condeno os massacres de Kadhafi mas não o socialismo árabe (a.k.a. nasserismo, nacionalismo árabe) que o levou ao poder. Vivemos tempos de esquerdas do contra, ou seja, sabem ser do contra mas não sabem que alternativa defender. Se calhar alguns dirão que o capitalismo “ocidental” ou “democracia de mercado” neoliberal é um passo positivo para a LÃbia, eu não contribuirei para esse peditório. E se estiverem atentos à s bandeiras que os manifestantes lÃbios estão a usar são velho “Reino da LÃbia”, a monarquia feudal que havia antes do Kadhafi, o que ainda é pior.
O prórpio Latuff (artista de reconhecidas simpatias de esquerda) reproduz nesse cartoon a tal bandeira do Reino da LÃbia: a vermelha, preta e verde. É trágico quando a esquerda não tem nada para oferecer. Conclusão: curb your entusiasm.
Não está claro, bem pelo contrário, que seja o capitalismo ocidental a ganhar esta contenda. Da LÃbia ao Bahrein.
O LuÃs Fraga antecipou-se, tirou-me as palavras dos dedos. Há algo de muito estranho na LÃbia. Vejo na BBC e France24 os “pacÃficos democratas” a passear-se com bombas e RPGs, metralhadoras, e coisas do género. A pegar fogo a esquadras de polÃcia e outros edifÃcios do Governo, falam de terem morto polÃcias de permeio. Esperem lá!
Na TunÃsia, Egitto, Yemen, Barain, aà sim, os manifestantes eram pacÃficos e brandem as bandeiras nacionais. Estes säo diferentes, têm a bandeira do Reino Feudal (nem é aquela da República Ãrabe, parecida com a do Egitto. Os seus lÃderes supostamente moderadas atiram fawas!?! Espera lá, afinal os lÃderes moderados säo fundamentalistas islämicos???
E depois, os pilotos que desertaram falaram com a BBC e disseram que foram mandados fazer vöos rasantes para assustar, e näo falaram em bombardear civis. Aliás, quem anda a espalhar notÃcias de aviöes a bombardear civis é o mesmo que disse que “já li provas na 2.a feira” da partida de Kadafi para a Venezuela: o MNE britänico Hague, último resquÃcio do Tatcherismo. Em que ficamos?
De todos os sÃtios houve saque e o que diz ser violência. É natural que depois de anos de repressão as suas caras sejam alvo da fúria dos manifestantes. Da esquadra da polÃcia ao parlamento. Violência gratuita não se viu em lado nenhum mas já faltou mais dias para inventarem atentados da Al Qaeda um pouco por onde for preciso mão de ferro.
O “nacionalismo árabe” foi responsável por massacres de centenas ou milhares de militantes de esquerda em paÃses como o Egipto, o Iraque ou a SÃria (para não falarmos dos massacres que em 1976 o exército sÃrio fez entre os refugiados palestinianos do LÃbano). Aliás, a República Ãrabe Unida, o ponto alto do tal “nacionalismo árabe”, foi criada devido ao medo que a burguesia sÃria tinha do PC local (e achavam que com o Nasser tinham um governo forte que fizesse frente aos comunistas).
É verdade que esses regimes da burguesia nacional árabe talvez fossem preferÃveis aos regimes feudais e fantoches das petroliferas, mas é mau caminho idealizá-los.
O “nacionalismo árabe”, que foi correctamente chamado de socialismo árabe (porque de facto adoptou elementos do marxismo), foi o movimento polÃtico mais importante do mundo árabe até agora. E tudo o que foi feito contra o imperialismo e contra o capitalismo no mundo árabe, (nacionalizações, reforma agrária, direitos laborais) é ao nacionalismo árabe que se deve agradecer. A repressão contra os comunistas e outros grupos de esquerda é condenável, mas o nacionalismo árabe (assim como o socialismo africano e o socialismo islâmico) prova que qualquer tentativa de aplicar um socialismo ocidental, à europeia, ignorando as particularidades culturais árabes está condenada ao fracasso. Essa foi a razão do fracasso do socialismo na República Democrática do Afeganistão.
A maior asneira que se pode fazer no mundo árabe é ignorar as tradições de esquerda realmente existentes – e porque quem triunfou nos anos 50, 60 e 70 foi o socialismo árabe e não os movimentos comunistas pro-soviéticos, pro-China e afins.