Ao longo da campanha um sector da esquerda cedeu ao pior dos vÃcios – a chantagem – e pela pior das razões – o vazio – o mais perigoso de todos os vazios, aquele que é imposto por acordos sem princÃpios. Sem a inteligência de assumir o que fez mal, mesmo sabendo muito bem que contas se trocaram, disparou em todas as direcções e foi incapaz de produzir uma ideia. A campanha foi uma náusea, uma catatonia, que, como bem resumiu o Tiago Ribeiro na rede, se pode traduzir assim: “O Cavaco tem branco no canto da boca. É nojento. Vota noutra merda qualquer.” O concÃlio que pariu a candidatura Alegre limitou-se a atacar Cavaco e a todos os que não convenceu de que é uma alternativa de combate. Não bastava falar mal do Cavaco, era preciso falar mal do cavaquismo que também compromete a metade governista da sua candidatura, do soarismo, passando pelo guterrismo e, principalmente, o socratismo. Neste contexto tal estratégia aconteceu, pasme-se, por impossibilidade. Não foi uma escolha táctica uma vez que a campanha que fizeram era a única que podiam ter escolhido depois da camisa de forças que a sua coligação exigia. A acusação reaccionária de que quem não tem escolha é o responsável por outra determinada escolha, é acima de tudo uma assumpção de impotência. Sem poder falar nas guerras da Nato, incapaz de provar na sua independência relativamente ao governo Sócrates, sem defender polÃticas de ruptura e de se demarcar de 37 anos de equÃvocos, de recusar a intervenção do FMI ou de exigir o não pagamento da dÃvida, de afirmar com toda a clareza de que o PEC não é justo e que é preciso ser derrotado, de defender o fim do trabalho precário, de avançar em matéria de liberdades, direitos e garantias, enfim, esvaziada de programa e apenas com os olhos no poder, ou como diz o outro, no poleiro, restou o ataque espúrio ou a resignação. Quando a polÃtica se transforma num negócio há facturas que se pagam e não se deve deixar o débito a quem não encontrou razões para se sentar à mesa. Em vez de estarem tão preocupados em encontrar os culpados, deviam começar por perceber a sua parte da culpa.
Recordações da Casa Amarela…
Grande João César, mas não era p’ra todos, definitivamente.
Excelente posta Renato.
Assim ler fica um prazer.
🙂
Já fomos cumprir o nosso dever civico, e cá de casa fomos mais seis.
É que para nós Alegre não é Cavaco.
E o que é Alegre?
Renato,
È isso mesmo, foi o que fiz agorinha mesmo. Votei em consciência sem sapos, chantagens e porque entre Alegre e Cavaco só se mudarem as moscas!
Na hipótese muito remota de uma 2ª volta, também em consciência já decidi o que vou fazer…sapos NUNCA mais.
Só um reparo: na hipótese de uma humilhante (qualquer numero abaixo dos 30%) derrota do dito candidato de esquerda… (que é o mais certo) qual será o papel principalmente do BE a partir de amanhã??? Deixem-me adivinhar assobiar para o lado porque a culpa é do PS…
Era um Sr. Como o João César que eu queria ter casado. Infelizemente só encontrei um parecido com ele, mas esse não quis casar comigo. Preferiu ir viver com o meu vizinho. A mim só me acontecem desgraças destas.
Diz-me por favor, com o teu voto no francisco, que merda é que mudaste?