Esta semana vou continuar a divulgar o site de cultura contemporânea Africana Buala, desta vez com um artigo de António Tomás, autor de uma excelente biografia de Amilcar Cabral.
Mário de Andrade começa por desenvolver aquela a que chamaria a primeira fase do nacionalismo africano, ou seja, o protonacionalismo. Apresenta mais as práticas e enumera os elementos de força do discurso nativista: auto-estima racial e resgaste dos valores africanos. Nesta primeira fase do nacionalismo participam, muito curiosamente, os pais de nacionalistas africanos da geração, como José Cristiano Pinto de Andrade, Juvenal Cabral e Ayres do Sacramento Menezes. Trocam correspondência com outras organizações da diáspora africana, na Europa e na América, fundam jornais e associações, mas não vão além disso. Mário de Andrade explica que o problema desta geração é não ter conseguido ultrapassar a contradição entre ser negro e português. Portanto, os membros desta geração, embora tenham sentido o apelo da raça, que é a expressão que usa, quando chegou a altura de optar entre serem negros ou portugueses, escolheriam o segundo termo. E tiveram de escolher quando Salazar chegou ao poder e fechou um perÃodo de quase vinte anos de liberdades republicanas, anos de muita efervescência polÃtica, pelo menos para a diáspora africana em Lisboa, em que se havia autorizado a fundação de várias organizações em que militavam os membros desta geração.