
(petição)
1. O Programa de Estabilidade e Crescimento 2010-2013 (PEC) não é uma lei nem virá a sê-lo. O que foi aprovado na AR, com os votos favoráveis do PS e a abstenção complacente do PSD, é uma resolução. Cada uma das medidas terá que ser discutida e votada quando o governo apresentar a respectiva proposta de lei. O PEC não é inevitável, a orientação polÃtica que consagra não é a única possÃvel.
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[Pacto de Insubmissão – Manifesto1999]
Reconheçamos, por isso, nos intelectuais (sem que seja exclusivo seu) a capacidade e a exigência de interrogar “evidências” que mais não são do que formas de hegemonia que silenciam, violentam ou excluem outras significações e outras práticas possÃveis. Formas como as que jogam perversamente com cenários de palavras e imagens para imporem “verdades” que sabemos não serem absolutas nem necessárias, mas antes construções históricas contingentes e, por isso mesmo, questionáveis e substituÃveis. E mesmo que as grandes cadeias noticiosas as esgrimam diariamente para legitimar a dominação e impor o “consenso” do pensamento único, haja a coragem de as impugnar em nome do espÃrito crÃtico e da vontade de aceder a uma voz própria!
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2. Numa Europa prisioneira, também ela, da crise dos modelos monetaristas e neo-liberais, e incapaz de uma estratégia de desenvolvimento, o PEC amarra Portugal a uma polÃtica económica subordinada à redução abrupta do défice orçamental, e que só levará à estagnação económica e ao agravamento das injustiças sociais, ao alargamento da distância que separa o nosso paÃs dos paÃses económica, cultural e socialmente mais desenvolvidos.
Estagnação económica: As medidas contidas no PEC insistem num modelo errado que pretende basear o crescimento, numa polÃtica de baixos salários e no aumento das exportações. As novas privatizações previstas traduzir-se-ão, tal como no passado, na alienação pelo Estado de importantes fontes de receitas, de instrumentos económicos e alavancas de uma polÃtica económica. A sua venda, num contexto de desvalorização bolsista, não reduzirá a dÃvida pública que, pelo contrário, continuará a crescer, enquanto baixará o nÃvel de satisfação dos direitos e necessidades dos trabalhadores e das populações.
Portugal é já um dos paÃses mais desiguais da União Europeia. As medidas propostas no PEC implicam o agravamento das desigualdades sociais. Significam congelamento dos salários e das pensões; uma polÃtica fiscal injusta que atinge os trabalhadores por conta de outrem e mantém intocados os elevados lucros da banca e as mais-valias provenientes da especulação bolsista; a redução do poder de compra das prestações sociais; o das dificuldades de acesso ao subsÃdio de desemprego.
As privatizações, e as polÃticas de desinvestimento público inserem-se numa lógica de desresponsabilização do Estado em relação à s suas funções económicas, sociais e culturais, e agravam os importantes défices existentes em todas as dimensões do desenvolvimento nacional, sejam no plano económico, sejam nos planos social, educativo e cultural.
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[Pacto de Insubmissão – Manifesto1999]
É impossÃvel admitir a promiscuidade e a subserviência relativamente ao poder económico;
É impossÃvel concordar que a gestão dos dinheiros públicos limite o direito público mais amplo à saúde, à segurança social e à educação (do pré-primário ao superior)
É impossÃvel aceitar a progressiva desresponsabilização do Estado nas empresas públicas;
É impossÃvel acreditar que a legislação laboral que se prepara sirva os direitos dos trabalhadores, o progresso do paÃs ou a justiça social;
É impossÃvel admitir a injustiça de uma polÃtica fiscal que é lesiva para os que trabalham por conta de outrem;
(…)
É impossÃvel aceitar que não haja mais firmeza na denúncia da corrupção e na exigência de transparência em nomeações para cargos públicos;
É impossÃvel admitir a utilização do aparelho de estado para a promoção do partido do poder, ou a distribuição de benesses para aliciar clientelas e silenciar vozes discordantes
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3. É urgente um programa económico que assente:
Em uma polÃtica que valorize salários e pensões com base numa mais justa e equilibrada distribuição da riqueza e a dinamização do mercado interno.
Na defesa da produção nacional, com o fomento de uma indústria baseada em produtos de alto valor acrescentado, que promova a qualificação e incorpore trabalhadores mais qualificados.
No reforço do investimento público, do sector empresarial do Estado e do cumprimento pelo Estado das suas funções sociais.
Em uma polÃtica fiscal que contribua para a justiça social, a satisfação das necessidades do Estado e o equilÃbrio das contas públicas.
Na criação de emprego, o combate ao desemprego, o apoio aos desempregados, como forma de protecção e dignificação do trabalho.
Na iniciativa polÃtica do Estado português, junto da União Europeia, visando a renegociação do calendário de diminuição da dÃvida pública e a diminuição das comparticipações nacionais nos programas co-financiados, tendo em vista a potenciação das verbas disponÃveis.
Na consolidação orçamental com base no crescimento económico.
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[Pacto de Insubmissão – Manifesto1999]
Porque sabemos que a polÃtica para ganhar razão necessita de radicalizar exigências e incendiar vontades com uma paixão ética indeclinável, apelamos a que juntem a vossa voz e a vossa acção à nossa para um reforço da esquerda imprescindÃvel. Apelamos a que estejam connosco concertando esforços na luta por uma democracia mais vasta e diversa, partilhando o risco e a alegria de construir um futuro mais feliz e solidário.
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