Editorial da Obscena, revista de artes performativas, dando conta das reacções de públicos e privados à tentativa de angariar apoios.
A simpatia portuguesa: gostamos muito de vocês, toda a gente gosta de vocês, vocês são o máximo, a cultura é muito importante, toda a gente quer muito ajudar-vos…
Pagar? Ná ná ná ná ná ná ná…
E por isso somos o que somos…
Consequências não (só) da crise, mas também do permanentemente deficitário mercado das artes em Portugal: teatro, cinema, dança, artes plásticas e performativas.
Também, da consabida subsidio-dependência, que “resolve” pontualmente situações, mas não autonomiza, não liberta nem permite qualquer reestrutura produtiva dos “agentes” culturais, dos promotores, dos criadores.
Ainda, sinal dos (verdadeiramente) voláteis e inconsistentes mercados culturais tugas.
Culpa, alguma, da própria Obscena, que selecciona e…omite notÃcias, afastando desse modo potenciais compradores e assinantes…
Caro Manoel Barbosa, agradecendo-lhe o comentário (bem como ao Jorge Palinhos a referência), tenho apenas uma dúvida quanto ao que diz. Quando diz que selecciona e omite não estará a incorrer numa contradição? A OBSCENA não é, nem nunca quis ser, um espaço onde se falava de tudo de qualquer maneira. Editar é seleccionar. Não somos, nem nunca quisemos ser, um agenda sem critério. Escrever sobre tudo, ao contrário do que sugere, não aproxima potenciais compradores e assinantes. Os compradores e assinantes aproximam-se quando reconhecem um perfil, quando percebem o que procura uma publicação, quando, eventualmente, se reconhecem nela. Nunca foi nossa ambição, nem o poderÃamos, e muito menos o saberÃamos fazer, falar de tudo. Omitir parece-me um termo muito pesado, e insinuoso.
Obrigado,
Tiago Bartolomeu Costa
Caro Tiago Bartolomeu Costa,
Desfaço desde já quaisquer equÃvocos: conheço bem, aprecio, o seu trabalho analÃtico, crÃtico, e nada tenho contra si; lamento o problema da Obscena e desejo bastante que consiga “sobreviver”; comprei quase todas as edições, excepto as editadas quando estive no estrangeiro; é um “produto” cultural imprescindÃvel !
Sobre notÃcias omitidas, seleccionadas: Provavelmente não me conhece, não sabe o que eu fiz e faço, nem a isso está obrigado.
E porque lhe assiste o direito de não “falar de tudo”, muito menos interessará, a si e à Obscena, a minha existência. Não será agora que me apresentarei.
Tem o direito de “não falar de tudo de qualquer maneira”. “Editar é seleccionar”, óbvio ! Por isso, talvez por isso, nunca a Obscena editou uma notÃcia sobre a minha actividade, que, repito, a tal não está obrigada, e dado o seu gentil esclarecimento permito-me retirar sobre as duas omissões em relação ao meu trabalho (sem “perfil” ?) qualquer “peso” e “insinuação”.
VIVA A OBSCENA !
Abraço.