Tenho uns amigos católicos que vivem como Deus manda, procriam quando Deus quer, praticam boas obras e rezam pelo bem de todos. Tirando isso, são excelentes pessoas. Uma sombra de pecado perturba porém a elevação do lar: o progenitor fuma, e fuma muito, o que desagrada à progenitora e aos cinco filhos que Deus quis que ambos tivessem. Educados na prece, os putos passaram a rezar para que o pai deixasse de fumar, e não lhes chegavam as horas canónicas: além da missa, passaram a orar pela regeneração do pai também na catequese, na acção de graças, de mãos e mesa postas, durante as sessões catecúmenas com os amigos da famÃlia, nos passeios de carro, antes de dormir, et cetera paribus, sem parar nem dar descanso ao pobre fumador. Não sei se as vozes dos inocentes chegaram ao céu, mas chegaram quase para enlouquecer o meu amigo, pai dos cinco anjinhos, que continua, Ãmpio, sem ser tocado pela graça e a fumar como uma morgada. Um dia, certamente por intervenção divina, viu a salvação chegar, e do local mais inesperado: o confessor terá ouvido as preces da criançada – e se calhar as dele também – e decidiu pôr um ponto final naquilo tudo. “Meninos! Nós não podemos pedir a Deus coisas que atentem contra a liberdade das pessoas! Fumar ou não fumar é uma decisão do pai, só do pai!”. “Gratias!”, pensou o meu amigo, preparando-se para continuar no caminho do vÃcio com a bênção do padre e o beneplácito infantil. Mas foi silêncio de pouca dura: os anjinhos aconselharam-se com a mãe, e agora pedem, respeitando com rigor legalista os direitos fundamentais do fumador, que o pai “tenha vontade de deixar de fumar”. Resumindo: as preces continuam tão incessantes como sempre o foram, e o meu amigo a fumar tanto como sempre fumou – dando exemplo do livre arbÃtrio dos homens, mas talvez um pouco menos da tolerância cristã. Acho que há aqui uma lição para todos nós.
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LOL
Muito a propósito:
http://lishbuna.blogspot.com/2010/05/e-indiscutivel-hitler-nunca-poderia-ter.html
ó se há…