“Give me money for my rice, I’m good, Madam!“. A miúda tem 10 anos e garante-me que sim, durante o dia vai à escola. Há um bom bocado que entro e saio das lojas de Colaba com ela cá fora à minha espera (ou à espera que eu abra os cordões à bolsa), e a demora vai inflacionando o peditório. “A hundred rupees for my rice, two hundred rupees for my shoes, 500 hundred rupees for my clothes. Give me a thousand rupees!“. Claramente sobra-lhe em lábia o que lhe falta em aritmética. Mil rupias são 16 euros, o jackpot dos pobres na moeda local, mas eu acho graça ao atrevimento: se é a pedir, para quê ser sovina? De repente pára, estaca no passeio, irá desistir? À frente, na rua que leva ao Taj Mahal (o dos atentados de 2008, não o mausoléu homónimo), dois polÃcias de costas guardam a fronteira entre a Ãndia mendigante e a jóia de Bombaim. Todos os guias de viagem dizem que o Taj, o mais famoso dos hotéis de cinco estrelas no paÃs, foi construÃdo pelo magnata parsi Tata para se vingar do hotel Watson, onde um dia o excesso de pigmentação lhe teria vedado a entrada. A história é capaz de ser apócrifa, mas um século depois acabou-se a discriminação racial nos hotéis, que hoje só se interessam pela cor do dinheiro.
“Lady, give me my money now, please, I can’t go with you there“.Â
A verdade é que andamos a aturar-nos há quase meia hora, criaram-se expectativas de parte a parte, e não vejo saÃda airosa para a nossa situação, por isso dou-lhe os meus últimos Gandhis. “A hundred rupees? That’s no good“, diz a agiota, “give me my thousand rupees, now!”. Ora abóbora, eu estou sem tusto e tenho um avião para apanhar daqui a nada, desampara-me a loja, sim? Desta vez ela não me segue e eu sinto um alÃvio canalha por me ver livre dela, parada do lado de lá da linha invisÃvel.
“Come back! Come back now, give me my money!“.
tags
15O 19M bloco de esquerda Blogues CGTP Constituição da República Portuguesa cultura democracia desemprego educação eleições Esquerda EUA Europa FMI greek riot greve geral grécia Guerra-ao-terrorismo humor i intifada mundial irão israel jornalismo liberdade Lisboa luta dos trabalhadores media música NATO new kid in the blog... Palestina parque escolar pcp Portugal presidenciais 2010 presidenciais 2011 PS psd repressão policial Revolução Magrebina Sócrates VÃdeo youtubearquivo
- Julho 2013
- Janeiro 2013
- Dezembro 2012
- Novembro 2012
- Outubro 2012
- Setembro 2012
- Agosto 2012
- Julho 2012
- Junho 2012
- Maio 2012
- Abril 2012
- Março 2012
- Fevereiro 2012
- Janeiro 2012
- Dezembro 2011
- Novembro 2011
- Outubro 2011
- Setembro 2011
- Agosto 2011
- Julho 2011
- Junho 2011
- Maio 2011
- Abril 2011
- Março 2011
- Fevereiro 2011
- Janeiro 2011
- Dezembro 2010
- Novembro 2010
- Outubro 2010
- Setembro 2010
- Agosto 2010
- Julho 2010
- Junho 2010
- Maio 2010
- Abril 2010
- Março 2010
- Fevereiro 2010
- Janeiro 2010
- Dezembro 2009
- Novembro 2009
- Outubro 2009
- Setembro 2009
- Agosto 2009
- Julho 2009
- Junho 2009
- Maio 2009
- Abril 2009
- Março 2009
- Fevereiro 2009
- Janeiro 2009
- Dezembro 2008
- Novembro 2008
- Outubro 2008
- Setembro 2008
- Agosto 2008
- Julho 2008
- Junho 2008
- Maio 2008
- Abril 2008
- Março 2008
- Fevereiro 2008
- Janeiro 2008
- Dezembro 2007
- Novembro 2007
- Outubro 2007
- Setembro 2007
- Agosto 2007
- Julho 2007
- Junho 2007
- Maio 2007
- Abril 2007
- Março 2007
- Fevereiro 2007
- Janeiro 2007
- Dezembro 2006
- Novembro 2006
- Outubro 2006
- Setembro 2006
Este é o meu preferido (gosto de narradoras moralmente ambivalentes, como sabe), mas V. não sabe escrever mal.
Pingback: Tweets that mention cinco dias » Taj Mahal -- Topsy.com
CarÃssima Morgada,
Sinto-me, pela primeira vez, forçado a concordar com o A. Figueira.
E tão desgostoso me encontro, apenas e simplesmente por haver concordado com o A. Figueira! Sinceramente, creio que não merecia ser justamente forçado a concordar com o A. Figueira. E há-de, a carÃssima Morgada, convir no perigo que há em conceder no que quer que seja que possa eventualmente projectar-se elogioso para com o A. Figueira. Há um risco de desequilÃbrio cósmico na via láctea e vizinhança.
Digo-lhe isto porque é verdade o que aquele diz, e porque há-de, este reconhecimento de mérito, ficar por aqui, apenas entre nós, respeitosamente, claro está, oculto ao conhecimento do A.Figueira, porque o elogio é, exclusivamente, para si!! Por ser verdade e porque apenas isso é, por ora, pertinente!!
Um bem haja para si.
Caro Justiniano,
Por mim ele não saberá nada, ele já anda cansado de ter razão.
Obrigada, um bom dia para si.
m.
CarÃssima Morgada, de qualquer modo haveria de ter de, por ali, estorricar o gandhis todos, uma vez que à saÃda, no aeroporto ou no cais, não lhe trocam os gandhis por dinheiro. E estes gandhis, depois da alfandega, já nem ali lhe valem!!
Um bom dia para si, também!
Ainda a propósito dos gandhis.
Há nos gandhis um lado encantador, uma homenagem à s velhas notas de Banco, que é o texto de promessa inscrito na nota…ajuda os Indianos a pensar duas vezes sobre o valor de troca e vai daÃ, mesmo admirando e confiando no Gandhi, o verdadeiro, acho que acreditam mais que o dinheiro, o verdadeiro, também nasce nas árvores…e na terra…
Eu gosto das moedas de 1 rupia com o polegar virado para cima, é um excelente auxiliar visual. Parece que também as há de duas rupias com dois dedos a fazer o V de vitória, mas eu não as vi.
Tenham juÃzo.