Aparentemente a notícia do Público sobre a nova Nova Igreja Paroquial de S. Francisco Xavier fez levantar um coro popular de protesto contra o referido projecto (ver aqui).
Sou insuspeito de ser alguém próximo de Troufa Real, com quem tive inúmeros conflitos nos meus tempos de faculdade. Que me lembre, apenas por uma vez, estivemos do mesmo lado da barricada – quando a Assembleia de Representantes da FA-UTL deliberou a não aplicação do pagamento de propinas (…velhos tempos!). A sua arquitectura pouco me diz, levanta questões que não são as que me interessam e identifico-me muito pouco com a sua abordagem da profissão, o que não me impede de sempre lhe ter reconhecido inteligência e cultura.
O coro que se manifesta contra o referido projecto fá-lo, em minha opinião, nos termos errados, procurando defender uma perigosa estética de sentido único. Indigna-me muito mais os blocos de vidro do novo Campus da Justiça cuja opulência esvazia os cofres do Estado, do que este projecto.
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Pois a mim minaretes com 100 metros(são só para uma fase posterior do projecto) indigam-me sempre. são inuteis e não aproximam ninguém de deus. Já me chega o cristo rei.
Quanto ao resto penso que para a utilização que é dada às igrejas de lisboa, estamos mais uma vez a repetir o que se passou com o euro 2004 e os seus estádios.
Também acho que se é para gastar dinheiro em igrejas a Igreja Católica devia usa-lo para conservar as que tem a seu cargo e não para fazer mais. A do siza no marco de canavezes(?) precisava não há muito tempo de sérias obras de conservação. Muitas há assim em lisboa, mas para isso já se vem pedir dinheirinho ao estado.
Quanto ao estilo, e às caravelas douradas, mais adequadas a um país do petróleo. Penso que estão em consonância com a filosofia do PS de que é com o betão que se combate a crise. Não aprendemos nada com 10 anos de Cavaco.
percebo o ‘sentido único’. mas também percebo que aqui, finalmente, se possa ter uma discussão de ‘gosto’. séria. da qual sempre fugimos por acharmos as categorias da estética esgotadas e estafadas.
o ‘campus da justiça’ é de outra ordem ideológica – se quisermos, do pragmatismo capitalista à la rolo-compressor. herdeiro perdido e enjeitado do que os heróis que tanto aclamámos na faculdade fizeram depois de emigrarem para a américa. mas o nosso exemplo, é-o em pobrezinho, em coitadinho, a-crítico.
em troufa real, reconheça-se, existe o domínio dos materiais da arquitectura, e pretende acuidade crítica pela arquitectura, que é, no fundo, o próprio labor da arquitectura.
mas essa vontade não pode ser refém do ego do arquitecto que se sobreponha às consequências sociais – refiro-me à visibilidade social que é inerente ao erguer da arquitectura. nem num muro cego nem numa igreja. ao arquitecto está, deveria, estar vedado o onanismo projectual – coisa diferente, e falo na perspectiva de projectista, de, enquanto indivíduo, o arquitecto se construír no diálogo permanente com o próprio projecto. e um projecto ultrapassa largamente apenas a ridícula ‘vontade indómita’ que o arquitecto derrama sobre o estirador. já não estamos no tempo do romantismo e da sujeição do ‘outro’ à subjectividade total do ‘criador’.
e o pós-modernismo que troufa real nos aqui oferece requentado, é, apesar da aparência, frouxo, vazio, de leitura imediata – apesar da profusão de signos e das alusões ‘mitológicas’ – uma trapalhada sem pés nem cabeça, usa o trabalho do arquitecto como que guindado à categoria de demiurgo – o ‘gesto’, o ‘gesto’ – excluído do diálogo com, e penso que será palavra que te seduzirá, tiago, a ‘comunidade’.
não fosse ridículo, seria trágico. ou simplesmente palerma.
é também por isto que ‘não gosto’ deste projecto.
João, tens toda a razão na análise que fazes. Abordas a temática sob uma perspectiva disciplinar, e pouco corrente na discussão mediática.
O que critico é a ditadura do gosto e de uma pretensiosa cultura, que tanto se abaterá aqui sobre Troufa Real como se abate, por exemplo, sobre os projectos do nosso estimado Manuel Vicente.
Tu levantas outra questão, também ela importantíssima, mas como digo, mais disciplinar.
Que fique claro que concordo com o que escreves. Rejeitemos com violência a ideia do arquitecto-artista e demiurgo do devir. Rejeitemos a arquitectura enquanto um gesto produzido por um homem e que condiciona milhares. Façamos da nossa arte (no sentido mais proletário do termo) um produto colectivo das várias artes e saberes – desde a física da construção à analise dos ecossistemas.
O que questiono é se não haverá uma guerra bem mais importante por fazer?
Podem estar descansados relativamente a uma coisa: se se tratasse de uma mesquita de certeza que os burocratas que avaliaram o projecto entenderiam que a “volumetria não se adequa à envolvente”. E que jeito dá, à boleia de deus, uma torre com cem metros para abrir um precedente urbanístico por onde se vai engolfar toda a tralha à espera da oportunidade.
Concordo também com a avaliação em relação ao campus da justiça.
eu acho q aqui a discussao faz-se sobre a democracia e sobre o que é a democracia para os arquitectos. Parece-me muito perigosa a ideia de uma politica de gosto e parece-me ainda mais perigoso que o poder publico- seja ele politico ou técnico – se pronunciem sobre as linguagens da arquitectura.
Os poderes publico balizam a nossa discussao enquanto arquitectos, os nossos debates, as nossas contendas e nós devemos respeitar essas regras- as cérceas, os alinhamentos, os materiais, as cores quando sejam definidas- o que nao podemos, mas acho que nao podemos mesmo é calar o discurso de alguém, por muito parvo que seja. Em democracia, até a estupidez tem de ser ouvida…
depende do que chamarmos “discurso de alguém”. Uma torre de 100 m? Quem é que tem poder para fazer uma torre de 100 metros? Admitamos que numa democracia popular “o povo” (enfim…) tem esse poder, mas numa democracia burguesa? Quem tem esse poder? Político, económico, financeiro? Ora aí tens um bom exemplo das falácias do conceito de liberdade burguesa. A quem está limitado esse discurso que ao “exprimir-se” condiciona a expressão de tudo o que lhe estiver à volta? Neste caso, a única definição que encontro como possível para esta explosão desregrada de “criatividade” do “arquitecto de referência”, portadora de raízes assassinas da qualidade do espaço público, é uma metáfora “biológica”. Cancro.
ò meu caro rui david, seja o regime de democracia popular ou uma democracia parlamentar burguesa, o arquitecto deve poder exprimir a sua linguagem, o seu modo de fazer as coisas e o poder publico deve impor-lhe os limites. A questao que eu coloco é a mesma que, se calhar, arquitectos de todo o mundo, em Portugal tb, colocaram quando da tentativa de construir ao arrepio das “linguagens” arquitectonicas oficiais dos regimes fascistas.
Eu nao gosto nem do projecto nem do personagem, e o meu discurso parte sempre do principio que o projecto nao desrepeita regulamentos municipais como o PDM ou o Plano de Ordenamento ou de Pormenor, mas se ele respeita as regras, o projecto tem de ser aprovado.
Queremos discutir comisssoes de estetica, entao discutamos, mas a sério: quem faria parte dela? tecnicos da camara, eleitos das varias forças partidárias? e os arquitectos estariam lá? e que arquitectos? nomeados por quem? deveria ser uma comissao aberta? tipo assembleia plebescitaria da qualidade dos projectos? e que projectos seriam debatidos? apenas os chocantes? e porque nao todos, visto que todos podem ser potencialmente prejudiciais ou beneficos para a cidade? e a discussao incidiria apenas sobre a estetica? e o tipo de relaçao do privado com o publico? e a forma de gestao dos espaços criados pelo projecto que possam ser de usofruto publico? e a funçao do edificio- comercio, habitaçao, serviços- tambem seria discutida a legitimidade da sua situaçao?
Nao me parece, de todo, que isto tenha a ver com as falacias das liberdades burguesas. mas mesmo nada. parece-me mais o preconceito contra o dourado, contra as formas, a ideologia do quanto mais certinho, melhor. Discreto, harmonioso, sem muitas ondas. Um sizentismo…
Caro Tiago
Não me parece que o debate que, tardiamente, este projecto suscita tenha por base uma estética de “sentido único”, mesmo quando é invocada, como faz Teotónio Pereira, a “violação de princípios basilares da arquitectura contemporânea”. O que me parece é que é uma oportunidade -trágica, é certo- de colocar a questão no terreno, não da estética, mas da ética. Da degradação ética da prática arquitectónica. Projectos como este são expressões extremas da arquitectura “enquanto arte”, do exibicionismo dos arquitectos/vedeta, do “gangsterismo urbano”, para utilizar os termos com que a Architectural Review falava há uns anos de várias peças, entre as quais as Amoreiras. Que a igreja católica esteja associada a esta violência deve permitir recordar uma frase lapidar de Frei Bento Domingues referindo-se a Fátima: a “fealdade é pecado”. Esta fealdade não resulta de uma apreciação estética, mas de uma repugnância ética.
Não sou a favor, evidentemente, de comissões de estética – porque é que o projecto dos Mateus para o Rato foi chumbado, principalmente se tivermos em conta que os argumentos eram idiotas.
A questão para mim nem se situa no mero plano do gosto – sou capaz de reconmhecer qualides estéticas a coisas com que não sinto grande afinidade. Até as Amoreiras, para mim, que não gosto particularmente, não constituem “gangsterismo arquitectónico”. São datadas, pois são, mas como centro comercial, de escritórios etc, não será das piores coisas. E cumprem hoje o seu papel de referência na cidade. Das Amoreiras ao Colombo, por exemplo, vai um passo.
O condeno naquele projecto é ser uma coisa que nem chega a ser “kitch”, é uma coisa anestética que nem chega a ser Arquitectura.
É um gesto completamente gratuito, esvaziado de sentido. Quanto mais não seja como cidadão acho que me assiste todo o direito de rejeitar aquilo.
Porque, embora esteja em desacordo com a existência de quaisquer comissões de estética (e lembremo-nos dofamigerado artigo do RGEU que referia a “estética das edificações” – o que permitia deixar-nos reféns de qualquer funcionário camarário mais despótico e “ignorantudo”, concordo que os projectos devem ser debatidos publicamente, por uma questão de princípio. Mesmo sabendo como muitas vezes a opinião pública é pouco esclarecida nestas questões, refractária ao progresso, etc..
O “Campus da Justiça”, além de mais é má gestão. Poprque já li algures que com os custos do aluguer daquilo, que são edifícios de escritórios atipícos feitos por mera especulação, se poderia fazer instalações de raiz que fossem condignas.
Choca-me um bocado, para além destas questões, a quantidade de coisas que se têm vindo a fazer em Lisboa (por exemplo, o Terreiro do Paço), por ajuste directo, sem concursos e entregues a discussão como facto consumado.
Se calhar dispersei-me um bocado.
à laia de acrescento – por exemplo, posso não ser particularmente fã da obra de Luis Cunha, pessoa até quem reconheço qualidades, posso até opinar que ele é um fazerdor de imagens, mas aí assim já reconheço uma postura mais ética…
o comentário do Filipe Di(ni)z tudo. É apenas (apenas!) uma questão de ética.