“Em meu leito, durante a noite,
busquei o amor de minha alma:
procurei, mas não o encontrei.
Hei de levantar-me e percorrer a cidade,
as ruas e praças,
procurando o amor de minha alma:
Procurei, mas não o encontrei.
Encontraram-me os guardas que faziam a ronda pela cidade.
Vistes o amor de minha alma?
Apenas passara por eles,
encontrei o amor de minha alma:
agarrei-me a ele e não o soltarei
até trazê-lo à casa de minha mãe,
à alcova daquela que me concebeu.”
Cântico dos Cânticos, in Antigo Testamento
Há poesia popular portuguesa muito melhor do que isso.
muito bem recordado, Nuno
Pah, Nuno, sempre achei o Velho mais interessante que o Novo…
Agora deixa-me partilhar aqui contigo uma historieta, de ateu para ateu (espero que ainda sejas…).
Estamos os dois numa missa encomendada pela alma da minha mãe, numa aldeia perdida no cu de judas, o meu falecido pai e eu, um frio de rachar, vinha pelas solas dos sapatos e tudo.
A certa altura, o meu pai vira-se para mim e sai-se com esta: “Sabes filho, se não fôsse pela tua mãe eu nunca estaria aqui”. Eu não sabia, pensava que quando ele me obrigou a ir à catequese dos Salesianos empinar a resposta a 239 perguntas que era por convicção. Afinal era por homenagem…
Não me arrependo.
À conta dessa gente li o Mircea Eliade (‘História das Religiões’) e algumas outras coisas. Fiquei menos burro.
Duvido que haja “poesia popular portuguesa” muito melhor do que isso, até porque a dita é uma boa merda.
A poesia aqui, que presta, sempre foi feita por “não-populares”, sorry baby…
Vistes o amor de minha alma?
Apenas passara por eles,
encontrei o amor de minha alma:
agarrei-me a ele e não o soltarei
Magnífico !!!
E tenciono continuar a ser ateu.
Parabéns pelo post, Nuno.