Os três vastos volumes do Cunhal de Pacheco Pereira andavam há muito tempo a olhar para mim, na esquina da estante. No outro dia (na outra noite, foi depois do jantar) meteram-se comigo outra vez, e eu não soube o que lhes dizer. Não tinha nenhuma pendência, nem nenhuma urgência, e afinal era Verão, a estação das leituras por acaso (a seguir vai isto). Até agora só li o primeiro volume, por isso não tenho opiniões de fundo, só anedotas para a troca. Ele há muitas: contava-se que o jovem Cunhal usaria umas botas que lhe magoavam os pés porque era assim que os operários se calçavam, e PP logo acrescenta que o paralelo com os jovens que com ardor religioso usavam cilÃcios era “demasiado evidente” (atente-se no “demasiado”). Depois o pseudónimo: o jovem Cunhal não é ainda o Duarte da maturidade, mas Daniel, o tal que mete os leões em sentido, e aqui PP também não tem rebuço em acrescentar que a escolha deste profético nome não era “indiferente à cultura religiosa que Cunhal aprendera com a mãe” (na medida em que os católicos aprendem “cultura religiosa”, claro, e lêem o Antigo Testamento) e em explicar de seguida, em três-parágrafos-três, os paralelos existentes entre o povo eleito dos adoradores de Jeová, na antiguidade hebraica, e os nóveis eleitos (os comunistas), adoradores da História com agá grande. Enfim, as várias páginas de psicologismo profundo dedicadas à mãe Cunhal e à sua hipotética influência no jovem Ãlvaro evocam irresistivelmente uma célebre carta de Eça a Oliveira Martins, a propósito de “Os filhos de D. João I” ou de “A vida de Nuno Ãlvares”, já não me lembro, em que Eça se queixa de que a capacidade excessiva de o historiador feito romancista penetrar nas mentes dos seus retratados, em vez de emprestar força aos respectivos retratos, retirava-lhes pelo contrário credibilidade, para depois acrescentar as célebres e mortÃferas palavras (acho que depois de Oliveira Martins descrever uma tropelia qualquer dos monarcas de Aviz na intimidade): “-Como sabes? Estavas lá? Viste?” Pois; mas, em abono de Pacheco Pereira, deve dizer-se também que não é qualquer um que faz lembrar Eça quando escreve (e isto para não pensarem que eu só digo mal do senhor).
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está bem, pronto ouve lá. daqui é o manuel resende o tal e coiso que tu conheces. estou a dever-te uma tradução não sei se te lembras que te disse que ia ser publicada, mas não foi. se me mandares o teu mail eu mando-te a tradução. o meu mail é manuel ponto resend (sim, sem e no fim) arroba sapo ponto pt
manel
No fundo AF só diz mal.
Termina com ironia, dizendo que JPP escereve como Eça.
Caro Antónimo,
Perdoe-me o reparo: eu não digo que JPP escreve como Eça, digo (sem ironia) que JPP me faz lembrar uma carta de Eça quando escreve.
Cumps, AF
Caro AF, Mas eu insisto. – V. ironiza quando compara os dois, no que toca à s escritas.
E olhe que eu nem estranharia se visse o JPP ter atitudes como a do Eça, em relação à publicação ao seu romance A Batalha do Caia.
Pois é lá se ficam os autores – os JPP, neste caso, digo – em ‘leituras reais’ e se vão relÃquias literaturas …
e assim … se espera por próximas leituras ….
Sabe, o que lhe digo, AF? Avance pó Dashiell. Eu cá literatura só da grande. Pó falacioso pacheco nun dou, nem em papel de embrulhar castanhas.
Dashiell (+1)
caro António
o meu email.
ezequiel@nullhush.com
cumprimentos
z