Horace Vernet, Barricade Rue Soufflot em Junho de 1848
Depois de cinco pessoas perguntarem-me se sou monárquico, por ter ido ao jantar do arguido Rodrigo Moita de Deus, apetecia-me publicar um anúncio no Diário de NotÃcias a dizer que não. Para que não insultem os pobres monárquicos, confundindo-os comigo, gostava de declarar o seguinte:
Gostei do jantar. Sobretudo, porque acho que o vinho tinto, que serviram, fez mais pela causa da republicana, nos presentes, que dezenas de anos de educação democrática. Os dois republicanos presentes (eu e o Paulo Pinto Mascarenhas) fomos muito mimados, a mim até me pediram para dizer uma palavrinhas; como pouca gente me quer ouvir, fiz-lhes a vontade. A estratégia de só me darem de jantar depois do “discurso” não resultou. Comportei-me mal à mesa, na mesma. As razões da minha presença no animado repasto são simples: a minha amizade com o Rodrigo, apesar de ele ter feito a comunicação do Isaltino Morais, e achar que a acção das bandeiras não deve ser condenada judicialmente. A este respeito tenho uma posição muito clara: sou favorável a ocupações de fábricas, a cortes de estrada, a acções de desobediência civil, a destruição de culturas transgénicas. Como se vê, nada que agrade muito à maioria dos monárquicos que conheci.
Há uma historiazinha exemplificadora que citarei, provavelmente mal, mas que ilustra o meu ponto de vista: num jantar há muitos anos, Tocqueville e os seus convidados ouviram ao longe os sons dos disparos e da movimentação das multidões em fúria (julgo que durante os combates de Junho de 1848), Tocqueville assustou-se quando percebeu no olhar da criada o apoio aos revoltosos. Meus caros amigos, o problema da criada não era certamente a cor da bandeira, o que a criada queria era a pele dos patrões. O que a revolução defendia não era apenas a república, mas um regime que garantisse a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Obrigado pelo jantar.
E muito bem!
Por estas bandas costumamos dizer que foi bem comido !!!
Tenha pena não ter lá estado… Na Comuna de Paris, é claro!
Eu só me admira é haver (não será aqui o caso) tanto republicanos convictos ( e estou à vontade porque não sou monárquico) com estomâgos e egos descomunais e com o “rei na barriga”, a ainda por cima antidemocráticos, pois senão qual era o problema de deixar o povo votar e referendar ( e porventura arrumar) esta questão?
Quando, como muito bem disse o cidadão D. Duarte numa entrevista recente, a bancarrota se aproximar, lá virá o inevitável ditado, escrito nos olhos famintos e na ponta das armas, “casa onde não há pão todos…”.
Por outro lado, o Afonso Costa, esse dandy e robespierrezinho de m., esse é que era um monarca e ditador (muito mais ditador do que o Salazar, deixemo-nos de m.)esse tinha bem o rei na barriga ( e na ponta da chicote tb.), com que gostava de vergastar os operários e sindicalistas, ou não ficasse conhecido como o “racha-sindicalistas”…
Carlos Fernandes se o tal Duarte é um cidadão ( como todos os outros, digo eu), para quê o Dom , o dito senhor é Duarte de Bragança e só.
Afonso Costa mais ditador que Salazar, essa é que eu não esperava, talvez se a boca viesse de algum padre cura….o que não me parece o caso.
Aljube, Peniche, Caxias, Tarrafal dizem-lhe alguma coisa….
Alexis de Tocqueville morreu em 1859, a Comuna deu-se em 71. A não ser que tenha ressuscitado…
Caro Santos,
Como escrevi estava a citar de cabeça, creio que a passagem se refere à revolução francesa e não à comuna. Vou corrigir.
Caro Nuno,
não vá agora pela Revolução. Tocqueville nasceu em 1805, já Napoleão se tinha coroado… (estou a ver que tirei hoje o dia para o melgar ;-))
Caro Santos,
Tem mais uma vez toda a razão. O diabo é que emprestei o bendito livro com esse episódio. Mas vou tentar corrigir a coisa. 🙂
Portanto, afinal, havia lá ao longe uma alegre feira e pronto.
🙂
Claro, LuÃs, a revolução de 1848 era uma feira.
LOL LOL
que perspicácia! o nuno, monárquico?? se o nuno é monárquico o Papa é católico. uumm?
foste ao jantar do rodrigo la la la? o que é que se passa contigo, Nuno?? febre? tudo no espirito da convivialidade democrática.
espero que tenhas papado um excelente jantar. com alka seltzer como sobremesa. 🙂
uma feira de vaidades.
CarÃssimos,
Se a Revolução é a de 48, nada a opôr. Nem o Alexis se opõe (à referência, que não à Revolução, conservadorismo oblige), 😉
Sobretudo para o Tocqueville que, segundo a hagiografia oficial, andava por essa altura pelas ruas de Paris, incentivando os soldados da Guarda nacional. Não deve ter tido muito tempo para jantares elegantes.
LuÃs, esqueci-me que tu és o sábio total. Contudo esta passagem que eu citei de memória consta dos souvenirs de Tocqueville. Será que o tipo conseguiu jantar em 1848? Um mistério.