Ferreira Fernandes lembrou-se de ler num disfarce carnavalesco de Juan José Ibarretxe um desígnio racista. O homem colocou umas orelhas de Mr. Spock e lançou umas graças sobre a «outra galáxia», Espanha, que «quer controlar a galáxia basca». O nosso esforçado polícia do pensamento topou logo que esta «pode ter sido uma forma de dizer que no País Basco há uns puros e há outros de orelhas normais, simples filhos de imigrantes galegos e andaluzes». O motivo seria simples: «A base histórica do PNV é racista, o seu pai espiritual, Sabino Arana, emprestava aos bascos uma superioridade sobre os restantes ibéricos.»
Que se tratem de ideias do século XIX, quando quase todos confundiam nação com raça, e de uma reacção ao pesado domínio então exercido sobre o País Basco, tudo é coisa de somenos. Aliás, e só por exemplo, sabemos da dificuldade de encontrar no nosso maior poema épico passagens nada racistas como estas: «Co’o sangue mouro, bárbaro e nefando», «Não segue ele do Arábio a lei maldita» ou «Estorva conquistar o povo imundo»…
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Ah é? Então que dizer dos que recusam a participação no desejado referendo a quem não tenha sangue basco até aos tetravôs? No século XXI…
O facto de haver gente para tudo implica tanto que o Ibarretxe seja racista quanto as suas orelhas de Spock…
E, por outro lado, será racista a forma como se assumiu que um referendo no Sahara Ocidental teria de se apoiar no último censo pré Marcha Verde? Ou, só para invocar mais um paralelo distante, imaginar-se-ia um referendo sobre a independência de Timor-Leste em que os ocupantes pudessem votar?
Há que não confundir preconceito com justiça…
Ocupantes?? Quem é que ocupou o nunca existente “estado basco”??
Não estou a falar de “gente”, estou a falar da posição oficial dos nacionalistas bascos.
(um filho de mãe basca e pai castelhano é um ocupante!?)
Bem, de qualquer forma essa coisa da “raça” e do “sangue” está bem entranhada no discurso basco. Não tenho a certeza, mas penso que foi Gilles Tremlett (insuspeito) quem abordou essa questão no seu Ghosts of Spain (julgo que fala nos sentimentos ambivalentes que tais posições lhe provocam, pois se por um lado ele admira as tradições únicas do país basco, apenas mantidas devido a um enorme força nacionalista, por outro lado esse mesmo fechamento tem consequências bem menos agradáveis). Agora não tenho aqui o livro para o confirmar, mas a verdade é que o discurso racista, no país basco, não é uma relíquia do século XIX. É muito actual, e há várias indícios disso.
antolin,
Como terá reparado quem possua medianas capacidades de leitura, falava de Timor. Não que a ideia de estado seja central a uma ocupação, como o demonstra o caso do Sahara Ocidental face à Marcha Verde…
CMF,
Será o que quiser, mas nada disso prova o comportamento “racista” do líder basco no episódio em causa. Quanto a isso dos casamentos, até foi modelo adoptado pelo referendo em Timor-Leste, creio eu.
“Será o que quiser, mas nada disso prova o comportamento “racista” do líder basco no episódio em causa. ”
Claro que não, e eu não defenderia, para já, qualquer tese sobre isso. Mas podemos opinar (e na verdade, aquilo que refere no texto é, parece-me, um artigo de opinião), baseando-nos no facto de Ibarretxe ser líder de uma organização tradicionalmente “racista”. Para além disso, está ainda por esclarecer a divisão entre cidadãos à qual pode conduzir o “plano Ibarretxe”. E está por esclarecer porque Ibarretxe nunca esclareceu. Dá que pensar, pelo menos.
a interpretaçao é forçadíssima: a piada refere-se ao facto da principal reivindicaçao política de Ibarretxe nos últimos 2 anos ser o referendo à autonomia basca. associar racismo a nacionalismo é perigoso e, ainda que ao limite possa estar de acordo, é um raciocinio que obrigaria ao cronista a olhar pra dentro de casa, tao atreita a patriotismos, antes de ir aos comícios bascos.
Ponto prévio: leio o Luís Rainha desde os saudosos tempos do blogue de esquerda (no qual publiquei duas ou três postas de pescada) e, na minha arrogante opinião, o Luís é autor de alguns textos de antologia na blogosfera portuguesa, entre os quais destaco um (sobre a evolução do filme animado), que, na minha escala sobre o tema (de Lauro Dérmio a Zizek), andará muito perto de um…deixa cá ver…Vasco Granja, vá! Leiam e vejam a cultura crítica do esquerdismo em acção.
Dito isto, acho que este post está entre as coisas mais infelizes que escreveste, pá! Comparar a situação do Sara Ocidental (é assim que se escreve em português) com a do País Basco é, no mínimo, coisa de muito mau gosto: o Sara Ocidental está na lista de territórios não autónomos das Nações Unidas, tem uma decisão do TIJ favorável à invalidade das “pretensões históricas” marroquinas e foi INVADIDO depois do conivente abandono espanhol. Quando muito, há um paralelismo entre o caso saraui e o caso de Timor ou do novo bantustão palestino; já com o País Basco, a analogia é algo obscena (no sentido “vulgar” ou “cruel” e não no sentido pubiano do termo, claro!).
Mais: acho perfeitamente legítimo que se defenda a causa basca, mas é importante distinguir entre o nacionalismo eugénico do PNV e o da esquerda “abertzale”; o mesmo vale para a palestina, por exemplo, onde é importante fazer uma distinção entre os movimentos de libertação de génese internacionalista (como a OLP) e os movimentos de entrincheiramento religioso.
Dito isto, convido-te a ler os estatutos dessa organização para-fascista chamada PNV ou a indagares quais as condições que, historicamente, sempre foram colocadas para a militância nessa agremiação que, ainda hoje, se define pela noção de raça.
Abraço Canhoto.
1- Já cá faltava esta parvoíce.
2- Não comparei coisa nenhuma.
3- Mencionei os casos do Sahara e de Timor a propósito de referendos que exijam ancestralidade territorial aos votantes.
4- Até escrevi “mais um paralelo distante” para ressalvar o facto de não comparar nada.
5- não consigo entender o que tem a ver o que escrevi sobre Animação com “esquerdismo”.
6- Koniec.
1- O insulto é das poucas coisas que à dúzia não é mais barato…sendo gratuito e tal.
2- Tens razão acerca da distância do paralelo, mas não deixa de ser uma comparação (def. de paralelo: que é semelhante, parecido, afim; análogo)
3- Não insistas na falácia; no caso do Sara foi dado poder de veto a ambas as partes e a invasão (tal como a de Timor) deu-se logo a seguir ao abandono colonial. Nenhum dos casos tem a ver com raça, mas sim com presença ou ausência do território há 35 anos (por oposição a “ancestralidade territorial”)
4- O que escreveste sobre cinema de animação, repito, desta vez sem ironia porque já vi que isto anda mau de humores, está, na minha opinião, no top 3 de sempre da blogosfera portuguesa. É genial e tem tudo de esquerdismo e ainda mais de cultura crítica; um e outro referem-se ao saudável revisionismo da Escola de Frankfurt e à Teoria Crítica da Sociedade.
5- As mais sinceras desculpas se te ofendeste com a comparação com o Adorno, mas, para mim, o esquerdismo não é uma doença infantil do comunismo, mas um estágio de evolução do Marxismo.
6- É tudo o que tenho a dizer com o meu Zaczarowany Olówek!
HJL,
1- Desculpa lá o mau feitio. Mas confesso que já estava à espera de um comentário assim; e foi a este que lancei o qualificativo, não a ti.
2- O paralelo era com os procedimentos do referendo, não com a situação em si. E não estou a insistir em falácia alguma. Apenas a apontar um dado concreto: o referendo proposto pelas NU apoiava-se no último censo espanhol para determinar o quem poderia votar.
3- Quanto ao racismo dos nacionalistas bascos hardcore, parece-me indefensável – tal como a ideia de nacionalismo tout court nos dias que correm. Mas isso já é embirração pessoal. No entanto, o Arana tem passagens bem conhecidas a desancar no racismo e no colonialismo (dos outros, note-se)