O Diabo, um gato gordo e um seu criado passeiam na União Soviética, nas página da Margarida e o Mestre de Mikhail Bulgakov, a certa altura vêem um grande ajuntamento à porta da Associação dos Escritores, um deles, curioso, observa: “esta gente toda, são novos Tolstóis, Dostoievskis, Turguenievs ?”. Um outro, mais avisado, reponde-lhe: “não. É gente para almoçar, a Associação de Escritores é famosa pelo seu restaurante”. Este diálogo, que cito de memória, não vá o Diabo tecê-las e estar todo truncado, revela bem o estado actual da blogosfera lusa: discute-se muito? Não. Fazem-se excelentes jantares e festas.
Repare-se, nada tenho contras as redes sociais (faço parte de várias) e acho simpático o convÃvio, copos, flirts e engates. Mas já agora, convinha alguém se lembrar que nos blogues escreve-se, e que acessoriamente, depois do papel de parede e da vida social, podem-se confrontar ideias. Algumas criaturas até admitem que possam-se debater ideias, queixam-se é que se verifica, em determinados blogues (o 5 dias é certamente um deles), uma “pimbalhização” do debate: a agressividade verbal teria substituÃdo o conteúdo. Entendamo-nos, os posts dos blogues não se regem pelo código universitário, nem têm de concorrer ao chá das cinco. Nós não temos de concordar, nem ser muito amiguinhos, com aqueles que acham normal a situação de injustiça, desigualdade e de corrupção que se vive em Portugal. Acho muito mais interessantes blogues com que eu não concordo, mas que sustentam radicalmente, e sem paninhos quentes, as suas ideias, do que essa blogosfera mole e tépida que quer agradar tudo e a todos. Por muito que custe a determinados cultores da vida social, a radicalidade da forma é também uma expressão de um conteúdo. Com textos compridos e curtos, com imagens e com frases, nós não pretendemos agradar. Queremos mesmo chatear: façam o favor de ir à merda.
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Excelente, Nuno.
Nuno,
em primeiro lugar o meu texto sobre a pimbalhização da blogosfera não era uma “facada nas costas” ao 5 Dias, lamento se foi assim entendido, era uma constatação de tendência geral da blogosfera. Aliás, agradeço a estadia no 5 Dias e devo dizer-te que continuo leitor mais ou menos assÃduo dos teus textos e dos textos do António Figueira.
Em segundo lugar, quando me queixo da pimbalhização da blogosfera, lamento sobretudo a falta de ideias, de reflexão, estou-me bem nas tintas para a agressividade e para as caralhadas, chateia-me é ter que passar por cima de 20 posts repetitivos para ler um texto em condições. Na minha estadia no 5 Dias lembro-me de ver uma das tuas entradas sobre o Zizek, um texto muito longo, que me parecia interessante e pensei lê-lo mais tarde. Quando voltei, havia para ai uns 10 post com fotografias do Sócrates a repetir o mesmo, num comparava-se o Sócrates a Hitler, noutro comparava-se a Cavaco, etc. O teu texto tinha desaparecido – felizmente havia a coluna de autor para me safar – e tinha zero comentários. O texto que comparava Sócrates a Hitler tinha dezenas de comentários. Eu tenho muitas dúvidas do poder e da radicalidade de um post de duas linhas que compara Sócrates a Hitler, mas se calhar o problema é meu, admito. O que me chateia é que há uns anos a esta parte andamos sempre nisto, numa televisão tablóide, numa onda de jornais cada vez mais tablóide e a blogosfera está a aderir em parte a esse esquema. Na minha opinião, admito que posso estar enganado, a tabloidização (ou pimbalhização) é uma das expressões máximas do conformismo à quilo que rege a sociedade de consumo e tem muito pouco de radicalidade ou de irreverência. Aliás, é curioso reparar na confluência do conteúdo post entre blogues de tendências polÃticas completamente diferentes, alguns desses posts quase a papel quÃmico, esses mini-posts repetitivos.
Em último lugar, como te disse por email, decidi sair, porque estava demasiado disperso em diferentes blogues. Obviamente que nem tudo me agradava no que ia lendo no 5 Dias, mas os textos que não me agradavam poderiam ter resposta, mesmo escrevendo para fora (evito ao máximo respostas internas em blogues colectivos). O problema é que percebi que não tinha disponibilidade nem para escrever essas respostas que julgava necessárias, nem para escrever outro tipo de textos mais virados para fora. Como te disse, senti que perdia o fio à meada, e decidi restringir-me ao meu blogue e à s minhas colaborações mais antigas. Foi uma medida de disciplina pessoal e não me apetecia de modo nenhum estar a criar casos, ou escândalos e vendavais de entradas e saÃdas de blogues, não tenho pachorra para isso. Por isso, mesmo para evitar merdas saà propositadamente da forma mais desinteressante e inócua possÃvel.
Da minha parte, está esclarecido o assunto. De qualquer forma, o meu texto só acessoriamente se referia ao teu, também pretendia abarcar uma tendência mais geral.
Nuno,
queria acrescentar ainda o seguinte.
Na minha opinião a “Vida Mundial” e “Já” foram na minha opinião duas das melhores publicações realizadas em Portugal. Era um dos vossos fiéis leitores. Lembro-me quando a “Vida Mundial” estava para acabar, um de vossos editoriais, não sei mesmo se seria um texto teu, queixava-se do excesso de corzinhas e de suplementos das outras publicações, no fundo da tabloidização. É por ai que eu me situo, me revejo e não abdico.
Rui Curado Silva,
Indo à questão do meio. A blogosfera não é papel. Aqui se cruzam vários registos que o meio permite. Infelizmente, ela é menos permeável a textos compridos de difÃcil leitura em ecrã. Sempre foi normal o uso de bocas e pequenos posts coincidentes em toda a blogosfera. É mais uma prova que as ideias não nascem de geração espontânea. O que eu contesto é esta ideia dos blogues cordatos. Com isso, não pretendo defender “as caralhadas”, que não passam de barulho na comunicação. Apenas pretendo dizer que a gente não tem que concordar e nem sequer de estimar toda a gente. Isto é um local de produção de ideias e não existem pensamentos sem divergências. Só isto.
O que o Nuno faz, sem o dizer claramente, é defender o direito da blogosfera à pimbalhização. Tudo bem e viva o velho. Por que é que o mesmo não vale para o “papel” é coisa que me escapa completamente.
Mas afinal estão a discutir o quê ou sobre o quê? Parece que, ou melhor transparece, porque grande parte do que dizem tem a ver com vivências comuns (aos 2), que estão de acordo. Quando tal, e exactamente por isso, seriam dos tais argumentos para serem trocados via email ou nada que um telefonema não resolvesse.
Pela diferença que tem a blogosfera, é normal (diria natural e salutar) que nem tudo que se escreve adiante uma vÃrgula ao debate sobre qualquer assunto, como natural será também o cruzamento de opiniões estruturadas e “sérias” com caralhadas avulsas até a propósito da mesmÃssima coisa. Pela diversidade de opiniões, forma de abordar as questões e também (à s vezes principalmente), porque tem dias….
A não ser assim era a pacheco-pereirização da blogosfera e então, como diria um autor aà de um blogue vizinho, ora foda-se.
Pedro,
Cheira-me que não percebeu ou eu não me fiz entender.
1. Chamei “pimbalhização” (repare nas aspas) à necessidade de uma certa conflitualidade na blogosfera, em detrimento da construção de um grupo social jantante.
2. Discuti as caracterÃsticas do meio, afirmando que é normal que a materialidade especial da blogosfera, e o facto de ser uma comunicação mediada por computador lhe dê potencialidades e limitações. Por exemplo, nos blogues funcionam mal textos muito extensos com inúmeras notas de pé de página. Mas funcionam muito bem ligações de hiper-texto, vÃdeos, textos curtos, músicas e tudo misturado. Será isso pimba (sem aspas)? Acho que não.
Pragmatismo.Bahhhh
Rui Curado Silva
O Jugular está Choné… parece disco riscado.
Y Já agora: o que salva a Ibéria são mesmo as Colunas de Opinião Do El PaÃs. …….. Tudo o resto são redações em volta da chapa4.
É claro que Rui Curado Silva decidiu dar uma facadinha (inútil) no 5dias, ainda por cima sem citar esse objectivo (facadinha sem verticalidade, portanto), e passando um panegÃrico ao Jugular. Não conheço Rui C. Silva, e não vou abrir aqui nenhuma espécie de diálogo com o blogger, que decidiu atacar o 5dias dissimuladamente. Como os textos soft de Palmira Silva sobre Israel, que tomam partido dissimuladamente, denúncia minha logo apoiada por inúmeros comentadores de Palmira nos seus posts sobre o conflito.
Não vou pois responder a Rui C. Silva, diga ele o que disser de seguida ou não diga nada (o mais certo). Aqui, pelo menos da minha parte, reina o conflito e a intolerância. Como diz De Puta Madre, e muito bem, o espÃrito choné-Jugular ainda aqui não chegou.
Factos: escrevi, eu e, por exemplo LuÃs Rainha, inúmeros posts teóricos sobre arte, estética, crÃtica e filosofia de arte. Sobre assuntos que tenho obrigação de lidar e interessar-me como a arte conceptual, a crÃtica (um longo diálogo com essa referência que é Michael Fried), as inovações compositivas do século XX (redes), a questão do objecto (Koons e minimalismo), o pós-Expressionismo Abstracto (Twombly), o Design, etc. Estou certo (certÃssimo) que o homem de ciência (acho eu) que é Rui C. Silva nem uma linha leu de nada disso. E vem citar um post meu onde se compara J Sócrates a Hitler. “Se compara”, diz Rui C. Silva. Mas nada disso está aqui, esse post NÃO EXISTE!. Comento uma tese de Alain Badiou sobre a ética contemporânea, onde o filósofo ataca essa convicção de que o ser tem de ser protegido através de uma retórica de direitos, como se o ser fosse um inútil sem força e a necessitar de protecção. Esse post foi inspirado pelo site do PS, onde no cimo da página se lê “Potege as famÃlias, protege as empresas, protege o paÃs”. A mensagem do PS é vergonhosa, e eu, junto com o Tiago Saraiva decidimos responder-lhe cada um a seu modo – pluralmente, eu de uma maneira, o Tiago doutra. Acontece que Badiou considera esta ética “protectora” essencialmente fascista e não democrática. Acontece que eu subscrevo Badiou e ilustrei o post com uma foto de Hitler a abraçar duas criancinhas. Acontece também que, ao contrário do que diz Rui C. Silva, esse post não teve quase nenhuns comentários. Mentira pura e esquecimento de Rui C. Silva, quando diz que esse post teve “dezenas de comentários”. Inverdade pura e simples.
Decidi escrever este comentário, nas não vou entrar em diálogo com R. C. Silva, e ele também não o quererá, certamente. Mas é claro que o seu post tinha como alvo o 5dias. Felizmente. Felizmente, porque parece-me que este não é um blogue exemplar do “amolecimento democrático”.
Subscrevo, obviamente, o “façam o favor de ir á merda” de Nuno Ramos de Almeida.
O Rogério da Costa Pereira, pelo menos, diz mal de nós mas assume-o. Diz os nomes.
Subscrevo. O 5 dias e mais dois ou três blogues de “direita” são a única coisa que consigo ler nos últimos. Confronto intelectual sério é cada vez mais um bem escasso. Os meus agradecimentos à equipa do 5 dias, na esperança de que continuem a dar umas boas bengalas quando lhes aprouver.
O problema da maior parte destes tipos das ciências, a que se pode juntar alguns da economia ou da polÃtica (e aqui, apesar do que possa pensar-se, há gente mais culta), é que têm das artes e das estéticas uma concepção ornamental-apaziguadora e uma espécie de passatempo de fim-de-semana. Se se escreve um texto extenso, desenvolvido e denso sobre estas questões, estes tipos das ciências não lêem, porque para eles só há uma arte, claro: o cinema – onde se vai passar umas horas agradáveis para esquecer chatices.
Se se especula muito sobre arte e estética, isso é “pós-modernice”.
Nenhum texto meu sobre isso foi lido por algum destes indivÃduos, onde incluo, claro, a célebre Palmira. Mas, custe o que custar, a arte não há-de ornamentar o tempo livre de certos cientistas. E, o mais importante, a arte dá base, base sólida, para a conflitualidade, polÃtica ou outra: estamos habituados aos manifestos, à s revoluções e à crÃtica violenta. Em suma, estamos habituados a argumentar e a chocar. E aqui todos esperamos que o 5dias nunca venha a ser um bibelot.
Carlos Vidal,
apanhaste-me numa “inverdade pura e simples”.
Eu gajo de ciências, de Coimbra, do FCP, que não leio posts de arte, que a única arte que aprecio é o cinema onde vou passar umas horas agradáveis para esquecer chatices e que hoje ando equipado de cuecas brancas, exagerei no número de comentários do referido post e peço de joelhos desculpa a todos os leitores do 5 Dias. Peguem no chicote e fustiguem-me.
Como diz o Carlos Vidal resolvi dar uma facadinha inútil (não é preciso parêntesis) no 5dias, ainda por cima sem citar esse objectivo, uma facadinha sem verticalidade, portanto. Segunda inverdade. Isto está mau. Peguem no chicote e fustiguem-me ainda mais.
Agora que aliviaram um bocadinho a cólera, tenho a dizer o seguinte:
nunca passei cartão a alguns colegas idiotas que tinha na Faculdade que achavam que a malta de letras ou artes era toda inútil e ia para letras ou artes só para fugir à matemática. Também nunca passei cartão aos meus colegas de experimentalistas que acham que a malta de fÃsica teórica não sabe meter as mãos na massa, que são uns inúteis, etc. Como evitei sempre esses campeonatos não era agora que ia dar trela a quem debita o mesmo lixo no sentido inverso. Sempre me dei excelentemente com pessoas de letras e de artes, aliás as pessoas que me são mais próximas são dessas áreas, e não era agora que um histérico que me ia fazer mudar de opinião.
Já não sei quem dizia: gostava de ter escrito isto. Mas…
Um reparo, porém: então e os “prémios”? As virtuais palmadinhas nas costas? A coçadela mútua? A graxa viscosa?
Isto está uma espécie de mercado do bolhão para intelectuais. Ai o meu carapau não está fresco, freguesa? Olha, filha, tu pra mim vais de carrinho que já o alan bodiou dizia sobre a questão do objecto que o ser tem de ser protegido através de uma retórica de direitos, como se fosse inutil sem força e a necessitar de protecção! O que tu queres sei eu, minha puuuuta!
«Carlos Vidal,
Apanhaste-me …………..»
«Apanhaste-me» ?
Como é que é ?
Margarida e o Mestre é um dos livros que levaria para a tal ilha. Quanto a mandar as pessoas á merda. Pois. Às vezes é o melhor.
Pingback: cinco dias » Quem se mete com o «5 Dias» leva!
Parece k está aqui montada uma Garreia.
…………….
RSP.: Epá. n se diz bem do RogériA, nem a Brincar (8).
…………
CV. Só vi o comprimento dos teus post. S sempre maiores q o dos outros, antes eram os meus os maiores ;).
………………
Rui Curado Silva
Se não Lês os Post’s do CV sobre arte, quem fica a perder és tu. Sabes, não estão empapados com croché de sebenta. Coisa rara de se encontrar.
Já sei: O CV diaboliza ao exagero o Socras… Mas, enfim! quem perde é ele ( dá mau viver a si) em enervar-se com isso. O Socras n vale a irritação de ninguém ao Exagero. Nada com se ser um pouco Jerónimo de Sousa y colocá-lo no sÃtio:” Não se ria, que n é caso para rir” +-
Vá! N gostaste da Experiência. Tens direito a expressar isso y como bem entenderes. Y igual para os outros. Somos todos um pouco susceptÃveis a fragilidades y a forças… Y as garreias tb fazem parte y fazem bem ” Há tempo de juntar pedra/ y tempo de atirá-las” Eclesiastes ( Sim, A BÃblia. Esse maravilhoso livro. Y esta das pedras vem no mesmo contexto do “Não há nada de novo debaixo do Sol” … Vão lá todos ler o Eclesiastes! … Não era para me meter nesta caixa de comments … mas gosto de escrever … Y tb ver o RogériA aparecer como modelo-exemplar de qq coisa preocupou-me. esta é a sério! Vale.